Bem Paraná – Rodolfo Luis Kowalski | 26/10/2022 às 21:04

As obras para recuperação da orla de Matinhos já fazem o mercado imobiliário sentir o sopro de novos ventos no litoral do Paraná. Segundo o relato de imobiliárias matinhenses, a procura por imóveis está em alta e novas construtoras também estão chegando ao município, ao mesmo tempo em que muitas pessoas acabaram demovidas da ideia de se desfazer de sua casa ou residência no litoral paranaense para comprar algo no estado vizinho de Santa Catarina. Um movimento que tem resultado na valorização dos imóveis litorâneos – uma valorização que pode ser ainda maior.

Segundo Michel Wolff, diretor comercial da Crescer Imóveis, desde que as obras começaram os imóveis em Matinhos tiveram uma valorização entre 10 e 15%. O relato é parecido com o de Marivânia Rocha, proprietária da Marivânia Rocha Imóveis, que percebe uma alta de 10% nos preços.

“O mercado imobiliário mexeu bastante. É uma obra de grande vulto, que valoriza os imóveis das áreas escolhidas para receberem investimento. Mexeu com Caiobá, com o Centro de Matinhos e com os balneários também. A valorização já é visível”, afirma Wolff, ao que Rocha emenda indicando que essa alta nos preços ainda deve alcançar um patamar mais expressivo

“O momento de comprar é agora. Agora é hora de comprar. Vai valorizar bastante”, indica ela, comentando ainda que alguns perfis de imóveis (especialmente de perfil mais alto, mais próximos da praia) estão até difíceis de se encontrar no mercado. “Estamos com pouca oferta, porque muitos proprietários estão aguardando uma valorização maior, que estimamos que vai ficar entre 20 e 30%. Mas pode ser até que valorize mais”, complementa.

Outro fator que explica essa baixa oferta de imóveis é o fato de muitas pessoas que pensavam em comprar imóvel em praias de outros estados (principalmente de Santa Catarina) terem mudado de ideia. Na prática, isso tem se traduzido também numa espécie de vida nova para a cidade, com muitos imóveis que estavam um tanto abandonados sendo reformados por seus proprietários, que agora se preparam para voltar a aproveitar o tempo de descanso nas praias do próprio Paraná.

“Muitas pessoas queriam ir para Santa Catarina e mudaram de ideia, o que fez a oferta dos imóveis diminuir”, explica Wolff, enquanto Rocha destaca a empolgação existente na cidade. “Eu sou curitibana, mas moro aqui [em Matinhos] há 30 anos e desde sempre escutamos sobre essa reformulação da orla, que nunca acontecia e agora está acontecendo. Pessoal está empolgado. Por conta da ressaca tinha gente com imóvel aqui que nem descia mais pro litoral, mas agora esse pessoal voltou, estão fazendo reformas nos imóveis, deixando tudo bonitinho. Perspectiva é que melhore tudo”, comemora a empresária.

Iminência de mudança no plano diretor atrai construtoras
Além da valorização de imóveis e do aquecimento das vendas (que deve ganhar ainda mais força após as eleições presidenciais), outro movimento que o mercado imobiliário também tem sentido diz respeito à chegada de novas construtoras ao litoral paranaense. “Tem bastante obra em andamento, muitos imóveis sendo entregues agora, muitas construtoras novas se instalando na cidade. Vivemos um momento iminente de alteração do nosso Plano Diretor, vai mexer no zoneamento da cidade, e isso está trazendo muitas construtoras novas para cidade”, explica o diretor da Crescer Imóveis.

Já a proprietária da Marivânia Rocha Imóveis comenta que Caiobá (um dos balneários da cidade de Matinhos) sempre foi um canteiro de obras, mas que agora esse movimento é visto por toda a cidade. “Temos construtora de Londrina construindo de frente pro mar e na planta mesmo já tem uns 60% dos empreendimentos vendidos. Mas ainda precisamos mudar o Plano Diretor, hoje só podemos construir três pavimentos. Estão se mobilizando para isso, nosso litoral merece, precisamos evoluir. E essa questão do Plano Diretor é fundamental para isso”, destaca.

Quer passar a virada de ano na praia? Então se agilize!
Para quem quer curtir a virada de ano no litoral, a recomendação é que não demore para conseguir um lugar onde ficar. Recentemente, por exemplo, o Governo do Paraná anunciou a conclusão da engorda da praia de Matinhos, entregue antes do prazo. Outras obras seguem em andamento (a previsão é que o projeto completo ficará pronto em 2024), mas toda essa movimentação tem chamado a atenção de turistas e cria a expectativa de um final de ano mais movimentado do que de costume.

A procura por imóveis para locação, por exemplo, está em alta, ao mesmo tempo em que a oferta de imóveis caiu devido ao fato de muitos proprietários terem decidido usar suas casas ou apartamentos entre o final de um ano e o começo do outro.

“Isso restringe bastante, diminui a oferta para o período de maior movimento. E já estamos tendo muita coisa no tocante à efetivação de contratos. 50%, um pouco mais [dos imóveis disponíveis] já foram locados”, afirma Michel Wolff. “Normalmente no mês de setembro já começa a procura por imóveis para o final de ano e para este ano sentimos que vai descer muita gente. Não estou trabalhando com locação de imóveis, mas o pessoal está o tempo todo ligando”, comenta ainda Marivânia Rocha.

Travessia
Futura ponte de Guaratuba também anima população

Além da engorda da orla de Matinhos, outro projeto promete ainda mais desenvolvimento para o Litoral. A Ponte de Guaratuba, que liga Matinhos e Guaratuba, também anima a população. Nesta semana o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) publicou a declaração de vencedor da licitação para elaborar os projetos e executar a nova Ponte de Guaratuba e seus acessos.

A obra terá comprimento de 1.244 metros, com largura útil mínima de 22,60 metros. Estão previstas quatro faixas de tráfego de 3,6 metros cada, duas faixas de segurança de 60 centímetros cada, barreiras rígidas de concreto New Jersey de 40 centímetros, calçadas com ciclovia em ambos os lados, com 3 metros de largura, e 10 centímetros de guarda-corpo nas extremidades da ponte.

O prazo total estimado para execução é de 32 meses, sendo dois meses para obtenção de licença ambiental, seis meses para elaboração de projetos e 24 meses para os serviços da obra.