18/01/2023 08h30 – ELIAS LUZ – – Gerson Oliveira

Exportação de proteína animal foi destaque em Mato Grosso do Sul no ano passado

O setor industrial do Estado fechou 2022 comemorando e começou este ano sorrindo, além de ter perspectivas ainda mais ousadas ao longo desta década. Pelo menos é o que garante o coordenador da Unidade de Estudos e Pesquisas da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Ezequiel Rezende.

Ele explica que 2022 foi o melhor da série histórica das exportações industriais.

“Para se ter uma ideia, dos 10 meses com maior receita de venda ao exterior ao longo dos últimos 15 anos, 8 são do ano de 2022”, observa Rezende.

Esse desempenho, considerado “excepcional” por Ezequiel Rezende, deve-se a fatores como demanda internacional por produtos da agroindústria de transformação do Estado, que se manteve forte tanto em países que são mercados tradicionais e consolidados quanto para os produtos e países que mais recentemente passaram a comprar de Mato Grosso do Sul. 

Outro fator importante é o conflito entre Rússia e Ucrânia, que acabou influenciando a oferta mundial de alimentos, e isso refletiu na busca por novos fornecedores e produtos, proporcionando aumento do volume exportado e dos preços, paralelamente contribuindo para a elevação da receita obtida.

Na avaliação de Ezequiel Rezende, houve ainda a retomada das vendas de produtos siderúrgicos básicos aos Estados Unidos, especialmente ferro fundido, além da venda de etanol ao mercado europeu. 

“Isso foi algo inédito em toda a série histórica do levantamento feito pela Fiems”, acrescenta Ezequiel Rezende. Nesse contexto, os itens que mais contribuíram para o aumento de receita no comparativo com o ano de 2021 foram os produtos derivados do processamento da soja (óleo, farelos, bagaços e pellets), a carne bovina desossada e congelada, o ferro fundido e o etanol, que somados proporcionaram uma receita adicional superior a US$ 820 milhões.

No detalhe, Ezequiel Rezende explica que o ano de 2022 se encerrou com uma configuração diversificada em relação aos segmentos industriais exportadores. Segundo ele, em primeiro lugar aparece a indústria frigorífica, com receita de US$ 1,57 bilhão e participação de 31%.

Na sequência vem o segmento de celulose e papel, com US$ 1,53 bilhão e participação de 30%. Em seguida aparece o processamento da soja, com US$ 972,3 milhões e 19% de participação, e o setor sucroenergético, com US$ 460,5 milhões e participação de 9%.

A siderurgia, com US$ 206,3 milhões e participação de 4%, a mineração, com US$ 132,1 milhões e participação de 3%, os alimentos e bebidas com US$ 96 milhões e participação de 2%, e o processamento de couro, com US$ 55,3 milhões e participação de 1%, também contribuíram para o resultado.

Em termos gerais, o ano passado foi de recorde para o setor industrial sul-mato-grossense.

Pela primeira vez na história econômica do Estado, a receita obtida com a venda ao exterior de produtos fabricados em MS superou a marca de US$ 5,1 bilhões, representando um crescimento de 18% em comparação com 2021, quando o valor ficou em US$ 4,34 bilhões. 

Os segmentos industriais que mais exportaram foram: frigoríficos, celulose e papel, processamento da soja e sucroenergético. Quanto aos produtos, houve um incremento de US$ 850 milhões, oriundo de receitas de produtos como óleos, farinhas e bagaços de soja, carne bovina desossada, ferro fundido, celulose e álcool.

DESTINOS

Em relação aos destinos das exportações, os principais países importadores da indústria de Mato Grosso do Sul são China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Itália, Chile, Japão, Argentina, Emirados Árabes, Venezuela, Indonésia e Egito. 

Segundo Ezequiel Rezende, isolando-se o mês de dezembro, as exportações da indústria somaram US$ 398,2 milhões, o que significa um crescimento de 3% em relação ao mesmo mês de 2021, quando o valor ficou em US$ 384,9 milhões.

“Esse foi o melhor resultado já registrado para o mês em toda a série histórica da exportação de produtos industriais de Mato Grosso do Sul”, afirma Ezequiel Rezende.

Quanto à participação relativa no mês, a indústria respondeu por 73% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul.

Já no acumulado do ano, a participação ficou em 62%. Em termos de arrecadação de impostos para o Estado, o setor industrial contribuiu com R$ 1,131 bilhão. O setor elevou a arrecadação em 10,61%, e a participação no total do Estado ficou em 7,4%. 

  • Verruck prevê 2023 melhor e com crescimento maior 

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, garante que este ano será ainda melhor e que esta década será de grande desenvolvimento agroindustrial no Estado.

“De um total de US$ 8,2 bilhões, quase US$ 5,2 bilhões vieram da indústria. Isso mostra a competitividade de Mato Grosso do Sul”, avalia Verruck.

Ele ainda deixou claro que as exportações de celulose ficarão estáveis neste ano, mas a partir de 2024 a fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo vai entrar em funcionamento. No ano que vem também começarão as obras da fábrica de celulose da Arauco, em Inocência.

Essas duas fábricas representam R$ 39,3 bilhões em investimentos no Estado. Serão mais 5 milhões de toneladas de celulose por ano – tudo para exportação.

“Além disso, o setor de mineração vai crescer 30%, com destaque para o minério de ferro”, frisa Verruck

A soja, que já sinaliza uma safra recorde este ano, com 12,3 milhões de toneladas, deverá contribuir mais com a agroindústria, notadamente com o processo de esmagamento da oleaginosa e também com a fabricação de óleo – aquele utilizado para cozinhar alimentos.

Outra fonte agroindustrial importante será a pecuária, sobretudo com a abertura de mercado da carne bovina após o Estado ficar livre de vacinação contra a febre aftosa.

“O mercado de carne bovina ficará maior e ainda nem dá para calcular. As carnes suínas, de aves e de peixe também conquistarão novos mercados. Este ano haverá a inaguração de uma fábrica de etanol de milho em Maracaju e, em 2024, teremos uma fábrica de etanol de cana-de-açúcar em Paranaíba”, prevê Verruck. 

Na parte da suinocultura, o titular da Semadesc projeta fábricas em São Gabriel do Oeste e Dourados. Municípios como Terenos, Jaraguari e Sidrolândia farão parte da cadeia produtiva do porco e, em termos de indústrias, haverá investimentos na ordem de R$ 2 bilhões.

O Estado vai, ainda, concentrar investimentos em energia solar e biogás e investirá na expansão de gasodutos para todas as regiões.

“Mato Grosso do Sul ocupará um espaço maior no cenário agroindustrial do Brasil. Temos recebido muitas consultas de empresários. Será um período de consolidação do setor industrial e agroindustrial, que vai gerar mais emprego e renda”, analisa Jaime Verruck.