Por Cobertura Publicado em 05 mar 2018, 09h26
As principais lideranças do setor segurador consolidado (seguros gerais, vida e previdência, saúde suplementar e capitalização) adiantaram, já na abertura do 23º Encontro dos Líderes do Mercado Segurador, nesta quinta-feira à noite (1º de março), em Foz do Iguaçu, no Paraná, alguns dos tópicos que devem constar da agenda de desenvolvimento dos respectivos segmentos e as contribuições que estão aptos a oferecer na direção da recuperação econômica, no aumento da proteção dos consumidores e na consolidação de seu papel de investidor institucional.
O setor, que ultrapassou a barreira de mais de R$ 1,2 trilhão em ativos em 2017, cifra equivalente a mais de 25% da dívida pública brasileira, sugere a modernização do marco regulatório como um dos principais caminhos para ampliar sua presença na vida dos brasileiros, das empresas e do país.
A solenidade de abertura reuniu o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, os presidentes das Federações associadas- Solange Beatriz Palheiro Mendes (FenaSaúde), Edson Franco (FenaPrevi), João Francisco Borges da Costa (FenSeg) e Marco Barros (FenaCap)- o superintendente da Susep, Joaquim Mendanha, o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Rodrigues de Aguiar, além dos dirigentes dos maiores grupos seguradores.
Marcio Coriolano destacou o avanço da agenda microeconômica para ampliar o escopo de atuação do setor e permitir ganhos de curto e médio prazos. Enumerou a reestruturação do microsseguro, a redução do custo regulatório, a maximização do uso dos meios remotos, a obrigatoriedade de exames de custo/efetividade para as incorporações tecnológicas na saúde suplementar e sobre a redução da judicialização como passos relevantes. Afirmou que o setor está pronto para atuar no Seguro de Acidente do Trabalho, ajudando o governo a reduzir uma das fontes de pressão de gastos.
Já o presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), João Francisco, listou as prioridades do setor: além do combate à venda de seguros irregulares, a continuação da difusão do seguro auto popular, e a Lei de Licitações de Obras Públicas para ampliação do seguro de garantia.
No segmento de Previdência Privada e Vida, a ideia é preservar o crescimento na casa de dois dígitos, ou seja, de 15% nos últimos 10 anos. O presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Edson Franco, logo após destacar que a relação com a Susep passa por um de seus melhores momentos, pediu avanço na regulação dos produtos de acumulação, particularmente no em relação às regras de investimento; a conclusão da tipificação tributária do produto Vida Universal; modificações na regulamentação do seguro funeral e proteção contra todo e qualquer tipo de seguro ilegal, que já começa a também preocupar o segmento de vida.
Na Saúde Suplementar, a presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz, lembrou os desafios enfrentados em 2017, quando perdeu cerca de 280 mil beneficiários de planos de saúde. Em 2018, os ventos parecem mudar de direção, reaquecendo os negócios. Mas advertiu que os custos assistenciais continuam a pressionar as mensalidades dos planos de saúde.
O presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), Marco Barros, declarou-se confiante de que ressurgiram muitas oportunidades de crescimento, potencializado pela consolidação do novo marco regulatório do segmento e forte investimento em comunicação.
No primeiro painel desta sexta-feira, “O Seguro Rural e o desenvolvimento do agronegócio”, ficou claro que a parceria entre seguradoras e produtores rurais será vital para que o Brasil continue entre os mais importantes mercados agrícolas. O peso do agronegócio na economia brasileira e o que o seguro pode contribuir para seu fortalecimento foram discutidos por Antonio Marcio Buainain, mestre e doutor da Unicamp; o economista José Roberto Mendonça, sócio da MB Associados; Wady Cury, diretor do grupo BB Mapfre; com mediação do economista Luiz Roberto Cunha. Todos concordaram que o seguro pode ter um papel importante no fortalecimento do agronegócio. Segundo o Banco Mundial, as perdas brasileiras no agronegócio alcançam R$ 11 bilhões, ou cerca de 1% do PIB.
O outro painel do dia, “Big Data, Blockchain e Inteligência Artificial (IA), uma visão do futuro”, tratou de três tecnologias que revolucionam o modo de fazer negócios e de seus impactos e benefícios para a indústria de seguros. O Blockchain é uma maneira segura de registrar contratos, eliminando intermediários; o big data, sobretudo na saúde suplementar, poderá ter grande utilidade pela gama de informações; e a IA acena com a possibilidade de afastar os trabalhadores das tarefas repetitivas, deslocando-os para ações mais produtivas.