DCI – 20/04/2018O DCI relata que, na tentativa de acelerar as vendas com risco mínimo e ante o atraso na votação do cadastro positivo pela Câmara dos Deputados, bancos e seguradoras recorrem mais fortemente aos sistemas de análise de informações. Redução no preço chega a ser de 30%.“Os juros são altos no Brasil e a penetração dos serviços são baixas em grande parte porque se toma decisões baseadas na média. Média de inadimplência, média de riscos, de sinistros. É preciso usar todas as informações disponíveis”, explica o presidente da TransUnion no Brasil, Juarez Zortea.Ele acrescenta que, principalmente em um mercado “concentrado, com poucas empresas de grande market share”, considerar apenas os dados negativos, baseados em históricos de dívidas e risco, limita muito as empresas.“São no mínimo 40% dos consumidores economicamente ativos negativados e, se a empresa colocar restrições demais, para quem ela venderá? Não se trata de recuperação de crédito, mas de clientes”, complementa.De acordo com os últimos dados do Banco Central (BC), por exemplo, a inadimplência total de fevereiro ficou em 3,4%, queda de 0,4 ponto percentual (p.p.) em relação ao mesmo mês de 2017 (3,8%), mas ainda no mesmo patamar observado no final de 2015, quando a crise começava a alcançar seu pico.Segundo o sócio-diretor da GoOn, Eduardo Tambellini, o que falta no mercado brasileiro são “dados positivos”. O projeto do Cadastro Positivo, por sua vez, dado como prioridade na agenda do governo depois que a reforma da Previdência foi adiada, continua sendo protelado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.“Ainda tem muita gente resistente em aceitar essas propostas, mas é algo que, nos próximos anos, se mostrará essencial. É tudo uma questão de adaptação e de enxergar os benefícios dessa manobra num País adepto ao crédito e juros altos como os nossos”, avalia Tambellini da GoOn.O movimento, inclusive, se estende não apenas pelas instituições financeiras, mas também entre as seguradoras.“Nos seguros, os exemplos práticos são ainda melhores. Conseguimos ver qual o posto policial ou a comunidade mais perto, o que influencia no índice de sinistralidade e, consequentemente, nos preços”, avalia o diretor de vendas para seguros e telecomunicações da TransUnion, Marcelo de Sena.De acordo com o professor da Saint Paul Escola de Negócios José Carlos Luxo, o crescimento dessas startups como opções mais baratas para produtos financeiros já tem mexido com todo o sistema. “Prever o futuro é bastante complexo, mas a economia digital se expande de forma rápida e aparece como uma ameaça para as grandes instituições. É uma evolução importante que traz uma concorrência no curto prazo e pode democratizar o mercado”, diz Luxo.