O Dia (RJ) – 24/10/2018O Dia (RJ) relata que um caminhoneiro de 54 anos interrompeu a viagem para tomar um cafezinho em um posto de combustível no interior do Paraná, na manhã de 28 de julho. Quando estava no caixa para pagar a conta, acabou atropelado por uma carreta desgovernada que invadiu o estabelecimento. A morte inesperada pegou a família de surpresa. Mas um seguro pessoal de apenas R$ 7,90 por mês que cobria acidentes em viagem garantiu um pagamento de R$ 20 mil. O caso ilustra um tipo de apólice em busca de expansão no país.Os microsseguros, também conhecidos como seguros inclusivos, são estratégicos para o desenvolvimento da economia. Hoje, 28 seguradoras oferecem produtos para a população de baixa renda, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável pela regulação do setor. Entre elas, apenas três atuam exclusivamente com esse tipo de produto. Essas seguradoras deram início a um movimento que surgiu no ano passado, com a criação da Associação Nacional das Microsseguradoras. A entidade passou a levantar uma bandeira para desonerar as empresas e tornar os microsseguros ainda mais acessíveis, com foco no seguro de pessoas e em assistência funeral.A ideia foi assimilada pelo setor. O pedido de concessão de isenção de IOF e de outros benefícios tributários faz parte de um documento com 22 propostas enviadas aos presidenciáveis no começo do mês pela Confederação das Seguradoras (CNseg). “Defendemos a formação dessas seguradoras especializadas só no seguro inclusivo, com exigências regulatórias menores”, disse Marcio Coriolano, presidente da entidade.TENDÊNCIA DE EXPANSÃODe acordo com a Susep, as empresas que atuam com microsseguros arrecadaram mais de R$ 311 milhões de janeiro a novembro de 2017. Um aumento de 57,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do crescimento, elas ainda representam menos de 1% entre os seguros de pessoas, que arrecadou R$ 38 bilhões no ano passado, ainda segundo a Susep.A perspectiva é que essa tendência de crescimento também seja impulsionada pela simplificação nos documentos solicitados aos clientes. “A pessoa que quer fazer o seguro para garantir só uma assistência funeral só quer saber quanto custa a cobertura. Hoje, as propostas têm até cinco páginas em uma linguagem que não é acessível. É preciso simplificar”, propõe Edson Calheiros, presidente da Associação Nacional das Microsseguradoras e proprietário da ALM Microsseguradora, com sede no Centro do Rio.MAIS EMPRESAS EM 2019A associação que representa as empresas exclusivas desse segmento conta com pelo menos 500 mil clientes com renda de até três salários mínimos no país. Esses números devem crescer, já que outras três seguradoras com esse perfil devem ingressar no mercado a partir de 2019. Hoje, 80% dos seguros inclusivos são coletivos. Em média, cada contrato desse tipo garante a cobertura de cerca de 500 pessoas. A ALM, por exemplo, tem contratos coletivos com a Prefeitura do Rio, com uma empresa ligada à Vale do Rio Doce e com a Associação de Servidores Civis e Militares do Brasil. Só uma apólice com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) garante a cobertura a 8 mil funcionários do órgão. “Buscamos contato com empresas, sindicatos e até associações que queiram oferecer o benefício aos seus funcionários”, explica Calheiros.A ALM é uma das três empresas que atuam exclusivamente com microsseguros no país. A seguradora, que começou a operar em 2016, tem oito funcionários e atua em parceria com 118 corretores cadastrados no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. A Equatorial Seguradora S/A Microsseguros, que tem sede em Goiânia, também aposta nos contratos coletivos. Entre os clientes da empresa, estão caminheiros que transportam carga, com coberturas de acidentes, invalidez e morte na estrada. Como o caso citado no começo da reportagem.SEGURO POR APLICATIVO DE CELULARA ideia é inverter a lógica do mercado e expandir a quantidade dos contratos individuais. No ano passado, a Susep aprovou a adesão aos microsseguros por meios remotos. Mas a iniciativa só vai ser colocada em prática pela ALM em novembro, com o lançamento de um aplicativo para celular que permite a adesão ao seguro inclusivo pela internet. Até o fim do ano, a seguradora também vai fazer uma campanha educacional na ponte Rio-Niterói em parceria com um plano funeral para tornar o microsseguro conhecido da população.