Em um dia, trechos interditados em MS saíram de 8 para 26

O movimento dos caminhoneiros, que parecia ser simples, tomou conta de ao menos 140 estradas em 18 estados. Em Mato Grosso do Sul, até as 17h, foram interditados 26 trechos de rodovias federais e estaduais.

No entanto, no início da noite de ontem (31), a justiça determinou a liberação das rodovias, sob multa diária de R$ 10.000,00 por pessoa física participante e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica. A paralisação já coloca em risco o desabastecimento de alimentos, gasolina, etanol, diesel e gás O ato é como forma de protesto contra o resultado das eleições, divulgado no último domingo (30), dia em que também começaram os bloqueios. Teve até mesmo tiroteio, pneus incendiados, buzinaço e xingamentos.

“Entendemos que cada um tem o direito de fazer suas reivindicações. Se se arrastar por dias, apesar de perecíveis não estarem parando, pode acontecer desabastecimento em algum momento. Vamos esperar para ver o que os empresários querem”, destaca o presidente do Sindicam (Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Mato Grosso do Sul), Osni Belinatti.

No Brasil, aderiram ao movimento caminhoneiros do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em Minas Gerais, São Paulo, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, na Bahia, no Maranhão, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, no Pará, no Acre, no Amazonas, Tocantins, em Roraima e no Distrito Federal.

Interdições

Conforme o último levantamento feito pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), até o fechamento desta edição, estavam fechados 26 trechos: a BR-163, km 490 e km 466 (Campo Grande), km 730 (Coxim); km 837 (Sonora), km 206 (Caarapó), km 256 (Dourados); km 550 (Bandeirantes); km 614 (São Gabriel do Oeste); km 679,9 (Rio Verde de Mato Grosso), km 767 (Coxim), km 117 (Naviraí), km 0 (Mundo Novo).

Na BR-060, km 191,7 (Camapuã), km 368 (Campo Grande), km 63 (Paraíso das Águas), km 544 (Nioaque), km 675 (Bela Vista), km 430 (Sidrolândia).

BR-262, km 383,7 (Terenos), km 765 (Corumbá–Lampião Aceso), km 486 (Anastácio), km 557 (Miranda). BR-267, km 364 (Maracaju), km 477 (Jardim, trevo para Bonito). BR-158, km 04 (Cassilândia), e BR-463 km 115 (Ponta Porã).

Em uma das interdições na BR-060, em Sidrolândia, o condutor de um HB20 foi preso pela PRF após tentar furar o bloqueio e ir para cima dos manifestantes que estavam por lá. No mesmo momento, ele mesmo atirou três vezes para o alto.

Em depoimento ao site Rota News, ele declara que o grupo o atacou. “Estava me deslocando para Campo Grande porque tenho uma reunião importante e pedi para passar, e eles me impediram. Eu disse que ia passar, avancei e começaram a atacar coisas no meu carro. Tentaram investir contra minha integridade física… Sou advogado, conheço os meus direitos”, disse.

Em nota, a PRF informa que “quando surgiram as primeiras interdições, a PRF direcionou equipes para os locais e iniciou o processo de negociação para a liberação das rodovias, priorizando o diálogo para garantir, além do trânsito livre e seguro, o direito de manifestação dos cidadãos”.

Ainda conforme a PRF, a AGU (Advocacia-Geral da União) foi acionada em todos os estados onde foram identificados pontos de bloqueio para a expedição de um mandado judicial.

Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) de Mato Grosso do Sul, também estão interditadas a MS-386 (Ponta Porã-Amambai); MS-156 (Amambai-Caarapó); MS289 (perto de Coronel Sapucaia); MS-306 (Chapadão do Sul); MS306 (Cassilândia); MS-080 (Corguinho-Rochedo – km 70).

A secretaria informa que monitora o movimento, por meio da inteligência, das forças de segurança e da Polícia Militar Rodoviária.

O caminhoneiro Célio Aparecido dos Santos, 55 anos, conta que saiu do Estado do Paraná (PR) com o carregamento de adubo, e é a favor do movimento.

“Por mim, fico fazendo a manifestação até dia 1º de janeiro de 2023. O que vem acontecendo é vergonhoso para o Brasil. Tudo estava indo tão bem e resolveram colocar o Lula”, saliente o profissional.

Outro profissional da categoria, José Francisco de Oliveira, 60 anos, estava com o caminhão carregado de embalagens vindo de Aparecida do Taboado e relata não estar preocupado com o prejuízo. “Temos de assumir o prejuízo para ver a situação melhorar. Não adianta pensar no financeiro e deixar o Brasil cair no ‘mar de lama’. E, caso precisar ficar na manifestação um mês, a classe fica. Essa eleição é uma pouca vergonha”, finaliza.

A equipe de reportagem entrou em contato com a Famasul e Aprosoja para saber sobre a situação do valor da produção, mas não obteve respostas.