Moacir Abbá de Souza

Por Moacir Abbá de Souza, diretor financeiro do Sindseg PR/MS e diretor da Regional Paraná da HDI Seguros

Muito tem se falado ultimamente no seguro de automóveis no modelo “pay per use” ou simplesmente liga e desliga.

Com o avanço da tecnologia essa possibilidade se tornou rapidamente factível, à medida que através de aplicativos instalados em um telefone celular se pode facilmente operar esse modelo.

Esses avanços tecnológicos são sempre muito bem vindos, facilitam sobremaneira a nossa vida e avançaram em áreas que a um tempo não muito distante nem imaginávamos ser possível, como por exemplo a telemedicina.

Com o advento da pandemia do novo coronavírus e a introdução do home office em grande escala, passamos cada vez mais a utilizar a tecnologia a nosso favor e com isso novos hábitos foram se consolidando.

Com as pessoas teoricamente circulando menos com seus automóveis, o modelo liga e desliga passou a ser mais difundido, a partir da visão de que se estou rodando menos eu posso escolher o período em que preciso ter uma cobertura de seguro e outros onde tal cobertura se torna desnecessária, já que o veículo estará parado em uma garagem ou em um pátio de estacionamento. Se for circular eu ligo e se não for mantenho o seguro desligado e teoricamente pago menos por isso.

Em termos de tecnologia é algo bastante simples de se implementar, mas temos que ter muito cuidado ao analisar os prós e contras desse modelo, que pode não ser tão vantajoso ao consumidor, como aparenta à primeira vista.

No seguro tradicional, incontáveis variáveis são consideradas nos modelos matemáticos de precificação, como perfil, utilização, quilometragem, dentre muitas outras e o custo diluído no período anual de vigência.

No modelo pay per use a cobrança se dá por períodos de utilização, onde existe a maior concentração do risco e dessa forma pode não ser tão vantajoso assim ao consumidor.

Outro ponto importante a ser considerado é que sua eficácia depende da ação humana para ativar a cobertura e isso também pode trazer surpresas desagradáveis ao usuário que eventualmente tenha se esquecido da ativação.

Também temos diversos exemplos de ocorrência de inundação em garagens de condomínios causando enormes danos aos veículos guardados em seu interior e poderíamos ainda citar vários outros tipos de possíveis eventos onde provavelmente as coberturas estariam inabilitadas por estarem no momento “fora de uso”.

Não se trata aqui de ter opinião a favor ou contrária à inovação e ao avanço tecnológico dos produtos de seguros, mas apenas lançar um olhar de cautela sobre essa modalidade, seja no seguro de auto ou qualquer outro que utilize esse conceito.

O consumidor precisa estar muito atento e bem orientado nessa avaliação e aí entra a importância do corretor de seguros.