Kelly Lubiato Revista Apólice – 28 de abril de 2020 11:32 0

EXCLUSIVO – O setor de turismo foi um dos primeiros a parar por conta da pandemia de coronavírus e será um dos últimos a retomar suas atividades. O mercado de seguro viagem sofreu muito com a paralisia do turismo e agora tem o desafio de buscar novas fontes de receita, seja com o desenvolvimento de novos produtos ou com novos investimentos de médio prazo.

Há muitas empresas de seguro viagem que zeraram o atendimento, com redução de equipe e salários dos colaboradores. Há outras que podem receber capital de seus acionistas.

O primeiro movimento do setor, logo que as fronteiras de diversos países foram fechadas, foi abrir a possibilidade da contratação de seguro viagem para quem já estava fora do Brasil. Outra atitude, acompanhando a tendência do mercado nacional, foi a cobertura para eventos ocasionados pela pandemia.
Raphael Swierczynski

O grande desafio agora é saber para onde vai o mercado e que ações as empresas irão tomar para dar continuidade às suas atividades. Raphael Swierczynski, CEO da Ciclic, explica que muita gente que tinha viagem marcada para os meses de março, abril, maio e junho, por exemplo, já tinham o seguro viagem contratado. “Boa parte dos valores dos contratos já fechados foram revertidos em créditos, com a mesma quantidade de dias e destino contratados originalmente. O contrato está garantido mesmo com a alta do dólar, que aumentou mais de 20% neste período. Mais de 80% dos clientes optaram por ficar com o crédito por mais de dois anos. Estamos com uma grande flexibilidade e dando possibilidade de negociação aos clientes”, informa Swierczynski.

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Alexandre Camargo

Alexandre Camargo, Country Manager da Assist Card Brasil, diz que é preciso entender o momento e o quanto o setor vai mudar. Antes as pessoas compravam o seguro viagem pensando apenas no valor da mala extraviada. “O seguro viagem ganha agora relevância, com o consumidor dando mais importância aos serviços que podem ser prestados e no seu bem estar”, ressalta.

A contratação de seguro viagem irá aumentar no período pós pandemia. Atualmente, as estimativas mostram que apenas 30% dos viajantes possuem algum tipo de seguro viagem, seja contratado diretamente ou via cartão de crédito. “A expectativa é quando o período de quarentena acabar, as viagens sejam retomadas. Por isso, haverá uma demanda reprimida, com as pessoas contratando mais seguro”, prevê Swierczynski.

O futuro do setor

O primeiro movimento das empresas do setor foi garantir a cobertura em caso de pandemia. Camargo afirma que, acima de tudo, as empresas precisam buscar as inovações. “O momento nos forçou a sermos criativos e a tomar certas decisões”. A Assist Card aproveitou a sua estrutura de atendimento de urgência e emergência montada em diversos países para atender clientes que estejam em dificuldade mesmo que elas não estejam viajando. O produto, que está em fase de testes na Argentina, e que deve chegar ao Brasil em maio, oferece um primeiro atendimento em domicílio ou por telemedicina para os novos contratantes. “Hoje, ninguém quer ir ao hospital, mas as pessoas continuam tendo problemas de saúde”, constata Camargo. É uma estrutura para desafogar o sistema de saúde.

A distribuição do novo produto seguirá na mesma linha dos produtos já oferecidos pela empresa. Na Ciclic, o objetivo é continuar divulgando os produtos de seguro viagem, mesmo que as vendas estejam menores neste momento. “Não vamos deixar de investir em levar informação e fazer marketing do produto, continuando presente nas mídias para não desaparecer com produto e marca. Na volta, viremos com uma campanha forte para buscar os clientes. Queremos atrair uma grande parcela das pessoas que precisam viajar”, antecipa Swierczynski.