Estimativa da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) apontou que em torno de 30% dos gastos em saúde privada no Brasil são desperdícios.  Em um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), realizado em colaboração com a EY, revelou que fraudes e desperdícios levaram a perdas financeiras de até 34 bilhões de reais só no ano de 2022. Os dados refletem, entre muitos outros fatores, exames que são desnecessários, sendo realizados por excesso de zelo ou falta de coordenação entre os prestadores de serviços.

“Uma das lendas criadas em torno do cuidado com a saúde é que para um médico ser considerado bom e atencioso, ele deve pedir muitos exames. O que não é verdade e pode causar só desperdícios. Um bom exemplo está no check up. Não faz sentido manter certos pedidos apenas por serem comuns ou de fácil acesso. Eles precisam oferecer mais benefícios do que prejuízos aos pacientes”, comenta Thiago Liguori, Chief Medical Officer da Pipo Saúde. “É preciso encontrar um equilíbrio com uma lista de check up mais flexível, que faça um rastreamento apenas do que de fato é recomendado”, complementa.

Em um check-up convencional são solicitados exames de sangue e imagem. Mas, segundo um levantamento da health tech Pipo Saúde, feito com uma base de 50 mil usuários, quando um check-up é feito de forma customizada para as características de cada pessoa, a economia pode ficar na casa de 64% para uma empresa. Isso porque os exames são personalizados, solicitados de formas diferentes para a necessidade de cada pessoa, o médico não segue uma lista padrão. Considerando um check-up anual por pessoa, em uma empresa de mil funcionários, a economia pode ficar em cerca de R$ 323 mil por ano. 

“Conseguimos enxergar mais facilmente essa personalização de atendimento e pedidos de exames em médicos da família, que têm um olhar e treinamento de atenção primária, já conhecem o histórico do paciente. Uma forma de praticar saúde, que foca em custo-efetividade”, comenta Liguori.

Levando para a ótica corporativa, vemos esta forma de cuidado com a saúde sendo mais praticada em empresas que possuem ambulatório próprio, teleatendimento e outras ofertas de orientações médicas próprias. Na Pesquisa de Benefícios de Saúde de 2024, realizada pela Pipo Saúde em parceria com a MIT, foi identificado que a preferência por ofertas de orientações médicas próprias está crescendo nas empresas, principalmente naquelas com mais de 500 funcionários. Das 536 empresas consultadas, 56% delas ofereciam algum tipo de orientação médica – sendo 48% delas empresas com mais de 2 mil funcionários e 20.8% delas entre 501 e 2000 funcionários. “Já notamos hoje um maior interesse das empresas, principalmente das maiores, em oferecer um atendimento próprio, mais próximo, customizado, eficiente, adequado e ainda por cima mais econômico”, complementa o médico.