Revista Cobertura – 29 de março de 2021 10:57

EXCLUSIVO – O gigante MV Ever Given voltou a flutuar nesta segunda-feira. Entretanto, os proprietários do navio e as seguradoras devem receber diversos pedidos de indenizações nos próximos dias. O navio mede 400 metros de comprimento, 59 metros de largura e capacidade para 20 mil TEU (1 TEU é a medida unitária utilizada no transporte marítimo para contentores marítimos de 20 pés). Ele encalhou na última terça-feira (23/03) por conta de fortes rajadas de vento e impediu a passagem de outras embarcações pelo Canal de Suez, uma das rotas mais utilizadas pelo comércio global por via marítima.

A Evergreen Line, empresa de navegação do conglomerado Evergreen International Corp (com origem em Taiwan) opera o navio em regime de leasing e a embarcação tem feito a rota que liga Extremo-Oriente à Europa. Segundo comunicação desta empresa, o acidente ocorreu seis milhas náuticas após entrada do Canal, pelo lado sul, vindo do Mar Vermelho em direção ao Mar Mediterrâneo. O navio encalhou após perder a linha de navegação por efeito de rajadas de vento de 30 nós (cerca de 56 quilómetros/hora), admite o transitário.

Os grandes porta-contentores com a capacidade do Ever Given estão provavelmente segurados por danos no casco e maquinaria por um valor entre 100 e 140 milhões de dólares, adiantaram fontes da indústria seguradora à agência Reuters. As apólices deste navio estão garantidas no mercado japonês.

Os encargos que irão recair sobre o proprietário da embarcação e as seguradoras incluem a perda de receitas associadas à carga do navio e os prejuízos de outros navios cuja passagem foi impedida pelo incidente, segundo fontes dos seguros e de corretagem.

Por ano, aproximadamente 19 mil navios passam pelo canal, transportando milhões de toneladas de mercadorias. A Lloyd’s List estima que o valor diário dos contêineres que transitam pelo canal é de US$ 9,5 bilhões (mais de R$ 53 bilhões). “A cada dia que o canal permanece fechado, os navios não entregam alimentos, combustíveis e produtos manufaturados para a Europa e nenhuma mercadoria é exportada da Europa para o Extremo Oriente, refletindo diretamente nas cadeias de suprimentos mundial”, acrescenta Aparecido Mendes da Rocha, corretor especializado em seguro de transporte internacional.

O custo da operação de salvamento também deverá ser coberto pela seguradora do casco e da maquinaria. “É potencialmente o maior desastre mundial de sempre com navios porta-contentores sem que haja perda total do navio”, disse um jurista especialista em navegação que preferiu manter anonimato.

Kelly Lubiato
Revista Apólice