Custos das quase 700 operadoras com Covid-19 somaram R$ 27 bilhões entre março de 2020 e abril deste ano.

Valor Econômico – 14 de Maio de 2021

A segunda onda da Covid-19, que veio mais forte do que a primeira, também está afetando com mais intensidade as operadoras de planos de saúde. Isso porque agora há uma combinação do aumento de pacientes acometidos pela doença, que em boa parte dos casos é mais jovem e com isso fica mais tempo internado, com os procedimentos médicos de rotina.

No ano passado, muitas pessoas deixaram de fazer exames, consultas e cirurgias com medo de uma contaminação, mas agora estão voltando a realizá-los tendo em vista o longo tempo sem atendimento médico. Esse cenário já trouxe reflexos nos balanços do primeiro trimestre das operadoras.

A NotreDame Intermédica apurou prejuízo, Hapvida, Porto Seguro e SulAmérica sofreram queda no lucro líquido, que variou de 2% a 23% Já a Bradesco Saúde foi beneficiada em sua última linha do balanço devido a um aumento de receita financeira, mas também como as demais companhias viu sua conta médica subir impactada pela covid.

A Intermédica apurou, no período, um prejuízo de R$ 27,9 milhões, revertendo um lucro líquido de quase R$ 152 milhões do mesmo período de 2020, devido ao aumento das despesas médicas de pacientes com o novo coronavírus. A conta médica desses casos bateu em R$ 264 milhões, nos três primeiros meses do ano. A taxa de sinistralidade (indicador que mede o quanto o plano de saúde foi utilizado) aumentou 10,1 pontos percentuais.

A SulAmérica teve um gasto de R$ 384 milhões com despesas de covid, no primeiro trimestre. Para efeitos de comparação, no acumulado de todo o ano passado, essa conta foi de R$ 840 milhões. Apesar do aumento expressivo, a SulAmérica conseguiu encerrar o primeiro trimestre com queda na taxa de sinistralidade.

Isso porque seguradora teve uma redução no volume de procedimentos eletivos em março deste ano, quando houve um pico de internações e o sistema hospitalar entrou em colapso no país, lembrou Maurício Cepeda, analista do Credit Suisse. Mas a expectativa é que os segurados voltem a agendar esses procedimentos adiados, impactando os próximos trimestres. “Acreditamos que o atual patamar de sinistralidade ainda está artificialmente baixo e tem espaço para normalização com a retomada dos procedimentos”, destaca relatório da XP.

A Hapvida chegou a registrar 237 internações num único dia nesta segunda onda. Esse volume é 83% superior ao pico da primeira onda, quando o máximo de pacientes internados atingiu 130. A sinistralidade da operadora do Ceará subiu numa escala menor quando comparada a da Intermédica porque praticamente todo seu atendimento é feito em rede própria, o que possibilita o grupo gerenciar os atendimentos.

Segundo dados da Abramge, associação das operadoras de planos de saúde, o custo médio de uma internação de pacientes com covid, atualmente, é R$ 56,9 mil, o que representa um aumento de 38,5% em relação a um antes. Essa alta é devido ao aumento do tempo de internação com pacientes mais jovens, consequentemente mais resistes, elevação de materiais e medicamentos usados nas internações de pacientes com covid.

Levantamento da Fenasaúde, entidade que reúne as seguradoras de saúde, mostra que os custos das quase 700 operadoras de planos de saúde do país com atendimento a pacientes com Covid-19 somaram R$ 27 bilhões entre março de 2020 e abril deste ano. Deste valor, R$ 14,7 bilhões referem-se a gastos com Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O levantamento contemplou apenas as despesas com leitos de internação, leitos de UTI e exames sorológicos e PCR para diagnóstico da doença.