O aumento da conscientização de riscos deve apoiar a demanda, especialmente para produtos de seguro de vida

Fonte: Swiss RE – Por Denise Bueno -01/06/2021 21:58

A COVID-19 atingiu a América Latina com mais força do que qualquer outra região no ano passado, com uma queda do produto interno bruto (PIB) de 7%, maior do que durante a crise financeira global de 2008-09. A fraca resiliência econômica após anos de baixo crescimento e problemas estruturais anteriores à pandemia pesará na recuperação de toda a região e minará a capacidade dos países de absorver choques econômicos no futuro. Espera-se que o PIB regional volte ao nível pré-pandemia ao final de 2022, o que se traduziria em três anos de perda de crescimento.

O relatório “América Latina 2021″um longo caminho para a recuperação“, publicado pelo Swiss Re Institute, prevê que o PIB na América Latina irá crescer 5% em 2021.

O setor de seguros na América Latina – e a nível global – tem sido mais resiliente às consequências da pandemia do que inicialmente esperado. O relatório prevê uma recuperação de 4.4% (em termos reais) do prêmio regional em 2021, após contração de 3.4% em 2020. Uma recuperação de 3.6% de crescimento em prêmios de Vida & Saúde (L&H) na região em 2021 é esperada após uma queda de 4.1% em 2020. O aumento da conscientização de riscos deve apoiar a demanda, especialmente para produtos de seguro de vida. O Swiss Re Institute também espera uma forte recuperação em seguros Patrimoniais e de Danos (P&C), incluindo prêmios de linhas especiais, de 6.8% em 2021 (vs – 4.1% em 2020). Isso será impulsionado pelo aumento dos preços de seguros comerciais.

Em relação ao Brasil, o relatório prevê que o crescimento do PIB (em termos reais) se recupere em 3% neste ano e em 2.5% em 2022, após contração de 4.1% em 2020. No entanto, o crescimento acima do esperado no primeiro trimestre de 2021 (1.2% comparado ao último trimestre de 2020, anunciado pelo IBGE hoje) implica um viés de alta para a projeção de PIB. Fortes estímulos fiscais e monetários no ano passado ajudaram o país a enfrentar melhor a crise do que seus pares. Entretanto, a crise de saúde da COVID-19 pode continuar a pesar sobre o consumo e prejudicar a recuperação.

A inflação deverá acelerar para 5.1% em 2021, acima da meta do Banco Central de 3.75%, apesar de uma lenta recuperação da economia. Em um ambiente de alta inflação persistente, fraqueza da moeda e deterioração das finanças públicas, o Banco Central já se tornou mais agressivo este ano. Espera-se que o Banco Central aumente a taxa Selic de 2% para 5% até o final do ano.

Projeta-se crescimento total de prêmios (P&C e L&H) de quase 3.5% em termos reais em 2021 e 3.8% em 2022. As linhas pessoais serão moldadas pela recuperação da atividade econômica e do emprego, e o aumento dos preços de seguros apoiará as linhas comerciais.