Sonho Seguro – Por Denise Bueno -25/08/2021 22:12

SindSeg PR MS

O Sindicato das Seguradoras do Paraná e Mato Grosso (SindSeg-PR/MS) comemora 97 anos em grande estilo. Inaugurou ontem, 25, seu programa de tevê, via canal do Youtube, e promete trazer muito conteúdo de qualidade para levar conhecimento sobre o setor de seguros para a sociedade. O programa de estreia dá uma amostra da gestão que o presidente Altevir Prado quer dividir com o time: “Cenários Econômicos: oportunidades e desafios para o mercado segurador”.

O jornalista de economia da Rádio CBN Carlos Alberto Sardenberg fez uma análise do atual cenário macroeconômico do Brasil e trouxe ritmo ao debate de temas cruciais do setor de seguros, como Open Insurance, Sandbox e Novas regulamentações, respondidas por Marcio Coriolano, presidente da CNseg, por Ivan Gontijo, presidente da Bradesco Seguros, e por Murilo Riedel, CEO da HDI. 

Todos parabenizaram Prado, que está no comando do Sindicato desde fevereiro de 2020, impondo um ritmo de inovação e inclusão que sucede figuras carismáticas como Mario Petrelli e João Gilberto Possiede, que, segundo ele, com toda a competência de ambos, criaram uma organização sindical como ferramenta para disseminar a cultura de seguros no Brasil. 

Altevir ressaltou que o evento faz parte da missão do Sindicato. “O nosso papel tem sido desafiador nos últimos tempos com as imensas reformas que o setor de seguros enfrenta, o que traz desafios e oportunidades. Temos o papel de agregar valor aos nossos representados e promover a cultura de seguros para que o mercado seja uma entidade moderadora, sem cair em modismos. Nossa missão é ser um orientador, um farol, um balizador. E promover a cultura de seguros e o desenvolvimento humano”.

Prado: “Nossa missão é ser um orientador, um farol, um balizador. E promover a cultura e o desenvolvimento humano”

Carlos Sardenberg ressaltou o cenário de pessimismo dos agentes do mercado financeiro com relação ao crescimento do Brasil. A previsão do mercado financeiro para a inflação de 2021 atingiu 7,11%, 20ª alta na projeção para o IPCA. Há um mês, a previsão estava em 6,56%. Boa parte do mercado estava otimista com o desempenho da economia brasileira, acreditando que com o andamento da vacinação e o bom desempenho de alguns setores da economia ajudariam o PIB avançar.

“Agora temos inflação alta, dólar avançando e o Banco Central sendo obrigado a subir a taxa de juros para tentar conter os indicadores. Além da taxa de desemprego elevada pelo baixo nível de investimentos públicos e privados, pois o andamento da economia e política traz desconfiança aos investidores. Com as reformas administrativa e tributária, a expectativa era que o PIB crescesse até 6%. Sem elas, 2%”, comentou. O lado positivo, segundo ele, é que o mundo já está em recuperação, puxados pelos EUA e pela China, o que deverá aumentar a demanda, o que deverá beneficiar o agronegócio brasileiro e, consequentemente, aliviar a pressão sobre a economia nacional.

Entrando no tema seguro, Sardenberg foi enfático: “Temos um grande dilema em seguros: “Todos querem plataformas abertas e cambiáveis, transitar de uma para outra. Mas ao mesmo tempo, queremos proteção de dados. Como combinar a proteção de dados? Tem de haver abertura ao mercado em geral e ao mesmo tempo proteção de dados e privacidade. Não é fácil o que esta por acontecer”, comentou o jornalista.

Dito isso, Sardenberg pediu aos participantes para falarem sobre Open Insurance, Sandbox, LGPD e ameaças ao setor. Todos eles concordam que o Open Insurance já era uma realidade do mercado segurador, mas que agora contará com mais tecnologia por meio das plataformas, é uma realidade e vai trazer benefícios aos consumidores. Também é unanime entre eles que ainda há muitas incógnitas quanto ao modelo de negócios. 

Coriolano: Há uma preocupação grande em relação ao sigilo das informações que, em caso de falhas, pode ter impactos muito negativos no setor, principalmente depois da entrada em vigor da LGPD

Coriolano destacou que o mercado já está pronto há tempos para esta realidade. Segundo ele, o mercado de seguros brasileiro já possui muita tecnologia já embarcada e as “opens” são marcadas, basicamente, por transações eletrônicas entre as partes, sendo 90% tecnologia e 10% negócio. “Todos falam agora de marketplace, mas isso já existe há tempos em seguros. O que se coloca hoje é o componente tecnológico. Isso não veio para modificar grandes coisas do mercado, pois por trás disto tudo está o consumidor, que é quem toma a decisão do que fazer. Com quem quer comprar e quais dados quer compartilhar”, afirma Coriolano. 

Segundo ele, há uma preocupação grande em relação ao sigilo das informações que, em caso de falhas, pode ter impactos muito negativos no setor, principalmente depois da entrada em vigor da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). “O governo terá de cuidar bem para garantir efetivamente a proteção dos dados dos segurados. Este é um patrimônio das seguradoras que investiram por anos para captar clientes, analisar os dados e assim ter um diferencial competitivo de oferta. Os dados também são um patrimônio dos clientes e por isso precisam ser preservados”, acrescentou. 

O presidente da Bradesco Seguros destacou que há ainda uma série de questões a serem debatidas, principalmente no que diz respeito à governança.  “Temos ainda pontos a serem debatidos nas normas. Como assegurar a proteção e o bom uso dos dados e informações dos nossos clientes para efeitos comerciais. Esse é um ponto de atenção fundamental para que se possa operar na plenitude no novo modelo”, ressaltou. 

Gontijo ressaltou que o setor é Open há temos. “Os investidores podem fazer a portabilidade dos planos de previdência há tempos. E este modelo funciona muito bem”, citou. Segundo ele, o setor está no meio do caminho. “Vivemos o que eu chamo de modelo “fisidigital”. Embora o processo de transição para meios digitais esteja em curso acelerado, não podemos nos esquecer da grande parcela de clientes que permanecem no mundo analógico e precisam ser igualmente entendidos e atendidos com a mesma dedicação e eficiência”. 

Gontijo acredita que as Sandbox vem ao encontro de todo esse movimento pelo qual o mundo e os mercados vêm passando. “A expectativa é que este processo traga novas formas para se oferecer novos produtos e nova prestação de serviços, ampliando a possibilidade de solução e proporcionando uma experiência diferenciada para o cliente do seguro”, analisa.

O CEO da HDI foi no mesmo caminho. “Os dados já são compartilhados pelos consumidores estas informações precisam ter proteção”, disse ele. Com uma visão pragmática, Riedel afirmou que o setor investiu muito dinheiro na análise de dados e todas as seguradoras estão equipadas com sistemas analíticos. Esta transparência gerou matéria prima para o desenvolvimento de matrizes de de precificação de produtos eficientes. 

“Tal sofisticação trouxe concorrência e margens apertadas. Por isso, minha visão é que já temos um mercado transparente. Já funciona de uma forma aberta, sem instrumentalização tão eficiente, mas os dados transitam. As plataformas estão disponíveis. Por isso não acreditamos que possam ser desenhados produtos diferentes do que são ofertados isso”, afirmou. O executivo acredita no surgimento de produtos complementares aos que são ofertados atualmente. “Complementares são mais difíceis de serem vendidos. Requer maior esforço de venda. Vemos muitas iniciativas, mas se elas não tiverem investimento expressivo em vendas, não vão representar muito na agenda de ecossistema do setor”, finalizou.