Fenacor – 02/09/2021

O mercado de seguros, embora esteja assintomático no momento atual, pode começar a sentir os efeitos da crise na economia. Esse risco torna-se mais iminente diante da pouca disposição do órgão regulador para o diálogo, optando por impor mudanças sucessivas e, muitas vezes, açodadas no marco regulatório, sem um debate mais aprofundado com o setor privado. A afirmação foi feita pelo presidente da Fenacor, Armando Vergilio, durante o “Conexão Futuro Seguro Brasil”, que encerrou, nesta terça-feira (31 de agosto), após nove etapas regionais, o ciclo de eventos virtuais “Conexão Futuro Seguro”, organizado pela Federação, a ENS e os Sincors.

Armando Vergilio, acrescentou ainda que algumas das mudanças aprovadas pela Susep sequer foram experimentadas por qualquer outro país, como o open insurance e sua “aberração totalmente ilegal, a sociedade iniciadora de seguros”

Vergilio participou, como mediador, de edição especial do “Connection Talk”, debate sobre as perspectivas do setor, e que reuniu ainda as principais lideranças do mercado: os presidentes da CNseg, Márcio Coriolano; da ENS, Lucas Vergilio; e das seguradoras Bradesco, Ivan Gontijo; Porto Seguro, Roberto Santos; MAG, Helder Molina; Tokio Marine, José Adalberto Ferrara, Zurich, Edson Franco; Sulamérica, Ricardo Bottas; Liberty, Patrícia Chacon; e HDI, Murilo Riedel.

A crítica feita pelo presidente da Fenacor encontrou eco nos demais participantes no debate. Lucas Vergilio, por exemplo, disse que o órgão regulador virou as costas para o mercado e não dialoga com Corretores e seguradores. “De maneira açodada, várias medidas foram aprovadas desde o ano passado. Não podemos deixar de nos posicionarmos. As instituições precisam mostrar força no seu posicionamento. Somos um mercado que gera muitos empregos, protege o cidadão e contribui de forma significativa com a economia do país. Precisamos melhorar o ambiente regulatório e o ambiente de negócios. Não podemos continuar convivendo com essas incertezas”, alertou o presidente da ENS.

Por sua vez, o presidente da Porto Seguro, Roberto Santos, foi ainda mais enfático nas críticas, principalmente ao open insurance e à criação da figura da sociedade iniciadora de serviços de seguros. “Essa figura vai fazer concorrência ao corretor, que é o representante legal do segurado previsto em lei. Não concordamos com esse negócio. A Porto Seguro vai agir para impedir a implementação desse Frankstein. Vamos lutar até a última instância”, assegurou Santos.

Já Murilo Riedel enfatizou a importância do Corretor de Seguros que, segundo ele, é o grande ativo das seguradoras. “Temos obrigação de cumprir o open insurance, mas também de proteger nosso maior ativo, que é o Corretor. Os nossos acionistas investem no Brasil porque há um canal de distribuição que vale bilhões. Então, temos o dever de defender esse ativo neste momento de dúvidas e incertezas. Todo o mercado estará ao lado do Corretor, que é o maior sistema de distribuição de seguros do planeta”, comentou o presidente da HDI.

O presidente da CNseg também destacou o papel exercido pelo Corretor dentro do contexto de um mercado que, na definição dele, é o “braço solidário para a proteção de todos os brasileiros”. Segundo Márcio Coriolano, tudo que o mercado tem demonstrado durante a pandemia contraria aqueles que apontavam o setor como um segmento atrasado. “É o Corretor que leva o seguro à população de todo o país, demonstrando capacidade de superação e dinamismo. A tecnologia não chega a alguns rincões do Brasil, mas o corretor está sempre presente”, declarou.

Helder Molina indicou a relevância do Corretor na distribuição de seguros relevantes para a população. O presidente da MAG lembrou que o mercado pagou 72 mil indenizações, somando mais de R$ 3 bilhões por mortes decorrentes do coronavírus. “Essas representam 10% das mortes registradas no país e é a real penetração do seguro de vida nos lares. Isso é muito pouco comparado a outros países. Nos EUA, na Europa e na Ásia esse percentual chega a 70% . O Corretor tem a missão vital de mudar isso. É a grande oportunidade que temos pela frente para corrigir essa gap”, frisou Molina.

Ivan Gontijo tem visão semelhante. Para o presidente da Bradesco Seguros, cabe ao corretor de seguros apresentar as reais necessidades do consumidor para que as seguradoras possam aprimorar serviços, produtos e coberturas, oferecendo o que há de melhor para a sociedade. “Vocês fazem o elo de ligação com a sociedade e só vocês podem fornecer informações para melhorarmos nossos produtos”, comentou.

Ferrara, da Tokio Marine, igualmente manifestou a certeza de que o mercado tem muito espaço para ocupar nos próximos anos. Segundo ele, tudo indica que o setor tem potencial para dobrar de tamanho nos próximos cinco anos. O executivo também prometeu apoio ao Corretor em qualquer cenário. “Seja qual for a mudança que vier, vamos colocar corretor no processo. Vamos crescer dois dígitos este ano e continuara crescendo dois dígitos em 2022. Vamos entrar no próximo ano acelerando para crescer ainda mais”, assegurou.

Edson Franco, presidente da Zurich, frisou que pensar em riscos e no que pode dar errado é parte importante do “nosso negócio”. Ressaltou, contudo, que, neste momento. É preciso adotar um estado de espírito mais positivo. “Devemos perguntar o que pode dar certo Convido os corretores para, juntos, criarmos um futuro melhor”, afirmou.

Ricardo Bottas também sinalizou otimismo, enxergando um “cenário de muitas oportunidades”. Na opinião dele, a pandemia acelerou processos e a digitalização tanto das seguradoras quanto dos corretores, que estão mais digitais. “Temos que enxergar esse ambiente como oportunidades e desafios. Os riscos vão acontecer se não enxergarmos as oportunidades. Contamos com os corretores e acreditamos que a crise está mais perto do fim”, conclamou o presidente da SulAmérica.

Por fim, Patrícia Chacon comemorou o fato de o mercado se mostrar cada vez mais resiliente e com “capacidade incrível” de se reinventar. Nesse contexto, ela acredita na parceria com o corretor e na capacidade desse parceiro para olhar o consumidor e ver o que ele, de fato, precisa. “O cenário na economia é desafiador. Houve impacto relevante nos bolsos dos brasileiros. Isso torna ainda mais fundamental o papel do corretor, para que se possa garantir que o cliente tenha o que precisa em coberturas, sem mais nem menos”, apontou a presidente da Liberty.