Notícias | 5 de outubro de 2021 | Fonte: CQCS | Juliana Winge

O mercado de resseguros foi aberto há 15 anos, por meio da lei complementar 126 do ano de 2007. Desde sua abertura, o mercado brasileiro ganhou um grande impulso na área. Prova disto é o prêmio de resseguro, cedido pelas seguradoras brasileiras, que ultrapassou os R$12,5 bilhões em 2020 segundo o diretor executivo da CNSEG, Alexandre Leal. Um dos paineis da Conseguro foi “A ótica do setor de seguros como consumidor de resseguro”. 

O diretor executivo de produtos e pessoa jurídica da Tokio Marine Seguros, Felipe Smith, concorda com a visão de Alexandre Leal. De acordo com Smith, o mercado de seguros evoluiu e isso reflete no trabalho.

“O mercado de resseguro e seguro evoluiu muito. Isso é bom tanto para as seguradoras, quanto para o cliente final. Não temos nenhuma dúvida que hoje está muito mais fácil para as seguradoras trabalharem”, destacou Smith, que também mostrou sua preocupação com o tema. “A gente ainda vê poucas resseguradoras com apetite para cotar contrato de resseguro com uma participação importante. Essa participação seria de 20% a 30%. Com uma capacidade menor, fica difícil a seguradora ir ao mercado”, analisou.

 De acordo com o CEO da Austral Resseguradora, Bruno Freire, o mercado internacional de seguros e resseguros tem impactado de sobremaneira o mercado brasileiro. Segundo sua análise, isto é consequência do mercado internacional.

“Nos últimos tempos vemos o mercado começando a virar. O mercado internacional vem ficando mais duro nos últimos três anos. No brasileiro, já começamos a ver esses reflexos. Acredito que mais resseguradores estarão cotando os contratos das seguradoras à medida que o mercado começa a ter condições mais em linha com o mercado internacional”, comentou Freire.

Nos últimos anos, o papel do regulador foi muito importante para a flexibilidade, deixando o mercado mais competitivo e dando uma melhor condição para o cliente final. Para o coordenador geral de grandes riscos e resseguros da Susep, Diogo Ornelas, a abertura dessa possibilidade de negócio foi positiva.

“Temos um processo natural e contínuo de aprimoramento do arcabouço regulatório que a Susep vem conduzindo ao longo dos últimos anos. De preferência, alinhado com as práticas globais do setor sem abrir mão das particularidades”, destacou Ornelas.

Foram realizados alguns movimentos regulatórios recentes para buscar uma maior flexibilização do resseguro e permitir que ele seja usado de maneira cada vez mais interna e efetiva pelas seguradoras. O fim da contratação obrigatória de resseguros, de acordo com a análise de Ornelas, gerava bastante reclamação das seguradoras. Houve também a ampliação do limite de sessão para resseguradores eventuais, o que aumenta o leque de contração e oferta das seguradoras.

“O setor de seguros e resseguros possui um papel importante de protagonismo no que se refere a política pública do governo. Temos algumas agendas internacionais e discussões junto à OCDE em que esses temas são abordados de forma recorrente, isso faz parte até das negociações internacionais que o Brasil trata”, destacou Ornelas.