DANIELE MADUREIRA sáb., 30 de outubro de 2021 3:35 AM·6 minuto de leitura

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Desde o início da vacinação contra a Covid no Brasil, na segunda metade de janeiro deste ano, pulularam no Instagram e no Facebook fotos de gente com mangas de camisa arregaçadas, empunhando com orgulho a carteirinha do SUS (Sistema Único de Saúde), felizes por terem se imunizado contra o novo coronavírus.

Mas a alegria com a saúde pública termina aí. Hoje, ter um plano privado de saúde é o terceiro bem mais importante para o brasileiro, depois de moradia e educação, segundo pesquisa do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), divulgada em junho. Algo acessível para menos de um quarto da população (23%), ou 48,3 milhões de pessoas, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula o setor.

A restrição decorre da natureza do negócio: a maior parte dos planos de saúde hoje no Brasil são coletivos empresariais (68%), ou seja, é oferecido como benefício para quem está empregado. Outros 13% são planos coletivos por adesão, contratados por meio de sindicatos e associações. Apenas 19% são individuais ou familiares –a maioria dos planos não se interessa por esta categoria porque nela o reajuste é ditado pela ANS.

Este ano, os beneficiários de planos de saúde empresariais vão sentir uma alta de 11% no custo do serviço, como um dos reflexos da pandemia. No ano que vem, a dor no bolso vai ser ainda maior: o reajuste deve ficar em 13%, já incluindo a inflação, de acordo com a consultoria Mercer Marsh Benefícios.

“Em 2020, consultas, exames preventivos e cirurgias eletivas foram postergados por receio de contaminação, mas em 2021, a realidade é inversa, está todo mundo voltando”, diz Fernanda Rodrigues, analista setorial da Lafis Consultoria. “Isso exerce uma forte pressão sobre os custos do setor, que também precisou enfrentar um maior número de internações por Covid este ano em relação a 2020”.

Segundo a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que reúne as maiores operadoras de planos de saúde do país, em julho de 2020, para cada 100 mil beneficiários, havia 60 pacientes internados.