CNN – Lucas Janone – no Rio de Janeiro12/04/2022 às 07:44
Quase nove em cada dez brasileiros afirmam ter cautela em relação à própria situação financeira atual e ao futuro econômico do país. Foi o que apontaram as pesquisas da empresa GfK e da NielsenlQ, divulgadas nesta segunda-feira (10).
Os estudos apontam que a cautela econômica no Brasil é 45% maior do que a média global. Segundo os dados, existe um recuo gradual na participação dos brasileiros mais pobres na economia do país.
A análise aponta que o consumo no país é sustentado majoritariamente pela população de alta renda, grupo menos afetado pelo coronavírus.
As pesquisas mostram que apenas 6% da população no Brasil guardou dinheiro durante a pandemia de Covid-19 e, consequentemente, sente-se segura financeiramente.
Outros 8% dizem que se enquadram em um cenário inalterado durante a crise sanitária, onde se mantiveram com o mesmo poder de compra. A outra parcela da população está cautelosa com a situação financeira pessoal.
“De forma geral, mais de 80% da população no Brasil é muito suscetível aos problemas domésticos e internacionais. Nós temos a pandemia, a guerra na Ucrânia agora, tudo isso vai minando o poder de compra dessas pessoas”, disse Jonathas Rosa, executivo da NielsenIQ.
O levantamento da GfK destaca que 56% das pessoas das classes altas adquiriram bens duráveis (TVs, refrigeradores, lavadoras) no período de outubro a dezembro de 2021.
Além da guerra na Ucrânia, economistas ouvidos pela CNN relatam ainda a instabilidade da economia brasileira no momento. Eles citam, por exemplo, a alta da inflação. Na última sexta-feira (8), o IPCA atingiu o maior patamar para o mês de março desde 1994.
O professor e economista do Ibmec, Christiano Arrigoni, explicou à CNN que os problemas econômicos são responsáveis pelo pior resultado do país, em comparação com os outros países.
“O mercado de trabalho no Brasil está pior que a média mundial, com uma menor e mais precária recuperação do emprego e maior desemprego. A inflação também subiu mais no Brasil do que na média mundial”, disse o professor.
“Os fatos fazem os trabalhadores ficarem mais preocupados com o futuro, pois há uma maior chance de perder o emprego e de ter a renda real reduzida pela inflação”, concluiu.