Notícias | 19 de abril de 2022 | Fonte: Yahoo Notícias
- Seguros tiveram aumentos de até 75% no preço pago pelo consumidor;
- Aumento do custo do seguro para os 10 carros mais vendidos no país chega a até 60%;
- Corretores de seguros revelam altas de até 80% entre um ano e outro.
Motoristas e motociclistas que fizeram novas apólices renovaram seus seguros de veículos neste começo de 2022 levaram um susto ao receber o valor a pagar pela cobertura. Entre março de 2021 e março deste ano, os seguros tiveram aumentos de até 75% no preço pago pelo consumidor.
Dados levantados pela seguradora Minuto mostram que o aumento do custo do seguro para os 10 carros mais vendidos no país chega a até 60%, como no caso do Jeep Renegade. No entanto, corretores de seguros que preferem não se identificar revelam altas de até 80% entre um ano e outro, sem alteração do perfil do motorista.
Para especialistas do setor, a alta está ligada indiretamente à pandemia de Covid-19. Tanto a quarentena rígida aplicada nos últimos meses na China em meio à maior onda provocada pelo coronavírus por lá desde 2019, quanto o afrouxamento das medidas de isolamento social no Brasil tiveram impactos nos preços. Este último chega em meio à redução das mortes e o avanço da vacinação no país. Medidas que levaram, inclusive, ao Ministério da Saúde, a decretar o fim da medida sanitária pelo Covid-19.
Entre março de 2020 e março de 2021 houve uma forte queda no índice de roubos e furtos de veículos – gerado muito em decorrência do isolamento das pessoas, diminuindo a quantidade de carros nas ruas. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, os crimes contra veículos já vinham caindo nos últimos cinco anos, pelo menos, mas despencaram com a quarentena decretada em função da Covid-19.
Em março de 2021 e os 12 meses anteriores, foram roubados 12.731 veículos, e furtados 26.950 veículos. A menor taxa registrada na última década, pelo menos, e 70% menor que no ano anterior, no caso dos furtos. Um ano depois, a taxa de furto já passa de 35.000 nos últimos 12 meses, o que levou as companhias de seguro a rever seus cálculos.
“Com mais gente circulando nas ruas, há um aumento grande no índice de furtos de veículos, o que aumenta os custos para as seguradoras, que vão pagar mais indenizações por isso e repassar este custo ao consumidor”, afirma o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro de SP (Sincor-SP), Boris Ber.
Enquanto os furtos voltaram a subir após o “fim da pandemia” vivido na prática na maior parte do país, os roubos continuam próximos do menor patamar da década. Entre fevereiro de 2021 e deste ano, 13.519 veículos foram roubados. Entre 2019 e 2020 haviam sido mais de 21.000. Para Ber, estes números apontam que o aumento dos furtos não é o maior causador dos aumentos.
Nos últimos meses a China não vem sendo capaz de atender a demanda por autopeças e sobretudo chips utilizados pelos veículos, sobretudo pela escassez de semicondutores no mercado mundial – fruto também da pandemia e a inversão de fábricas para atender as necessidades médico-hospitalares. Com isso, o preço dos veículos novos vem aumentando no mundo todo. No país, isso acabou refletindo na inflação dos usados.
“Você tem aí veículos usados que valem 30%, até 35% a mais que no ano anterior; você soma isso ao aumento dos sinistros não apenas de roubos e furtos, mas sobretudo de acidentes, e há um aumento grande no custo”, diz.
Segundo Alexandre Fiori, aproximadamente 15% da frota de veículos, ou mais de 13 milhões de motos, carros e pesados, são segurados. Destes, 40% utiliza mensalmente algum serviço de assistência. “O maior custo repassado vem destes acidentes graves, com perda total e até mesmo vítimas”, afirma. Em todo o país os acidentes com vítimas fatais aumentaram entre 20% e 30% de 2020 para 2021.
O aumento dos valores cobrados refletiu em um aumento de 21% na arrecadação das seguradoras no primeiro bimestre de 2022: juntas, elas receberam R$ 6,7 bilhões, contra R$ 5,3 bi no mesmo período do ano passado. Já o total de indenizações pagas aumentou 34,5%, somando R$ 4,6 bi. Os seguros de veículos respondem hoje por quase 43% de toda a arrecadação das firmas no segmento de Danos e Responsabilidades, de acordo com dados da Fenseg.
Para o presidente do Sincor, o futuro próximo não é animador. que alerta para mais aumentos nos próximos meses: “O óleo diesel não para de subir, então vai aumentando o preço do frete, do guincho, do transporte de passageiros após um acidente… é uma bola de neve que não vai parar tão cedo”, alerta. Ao longo de 2021, os combustíveis aumentaram em média 49%.