Fenacor – 03/05/2022

Com juros altos, reajustes de preços e falta de produtos no mercado por causa da escassez de semicondutores, a indústria automobilística vendeu em abril 147,2 mil veículos novos, número muito próximo ao de março mas 15,9% inferior ao de igual mês de 2021.

Tirando o mês de abril de 2020 – o mais baixo da história do setor quando, no início da pandemia, apenas 55,7 mil veículos foram vendidos –, o resultado do mês passado foi o pior para abril desde 2006. No acumulado deste ano foram comercializados 552,9 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 21,3% a menos ante o mesmo período de 2021.

Além dos problemas já citados, parte da indústria automobilística acredita que a espera por um novo corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), previsto para início deste mês, tenha levado o consumidor a postergar a compra, de olho em alguma redução de preço.

Concessionária

Ao anunciar, na sexta-feira, a ampliação de 25% para 35% no corte da alíquota em vigor desde fevereiro, os automóveis não foram contemplados. Para o segmento, foi mantida a alíquota de 18,5% que já teve pouco efeito no mês passado.

No mês passado, algumas fabricantes reduziram seus preços, mas em índices baixos, de cerca de 2%. Outras sequer baixaram preços de tabela, alegando que, em razão dos altos custos das matérias-primas e componentes, conseguiram apenas segurar novos reajustes. Os preços dos carros novos desde o início do ano ultrapassam o índice de inflação.

Os dados preliminares de abril mostram que, no segmento de automóveis e comerciais leves foram vendidas 136,9 mil unidades, 0,92% a mais que em março e 16,8% a menos se comparado ao mesmo mês do ano passado. De janeiro a abril a soma é de 513,3 mil unidades, queda de 22,8% na comparação com igual intervalo de 2021.

No ano, a Fiat segue como líder de vendas, com 113,5 mil unidades, ou 22,1% de participação nas vendas totais de automóveis e comerciais leves. Em segundo lugar está a General Motors, com 71,4 mil (13,9%), seguida por Toyota, com 56,8 mil (11,1%), Hyundai, com 54,4 mil (10,6%) e Volkswagen com 47,9 mil (9,3%).

Dispensa de trabalhadores

A Volkswagen é uma das marcas no momento com maior dificuldade de abastecimento de semicondutores. A partir desta segunda-feira, 2, cerca de 580 trabalhadores de um turno da fábrica de São José dos Pinhais (PR) tiveram os contratos suspensos (lay-off) por cinco meses. A unidade produz apenas o SUV T-Cross e, até lá, vai funcionar com apenas um turno.

A fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP) teve a produção totalmente suspensa na semana de 18 a 22 deste mês e há expectativa de que um novo grupo de trabalhadores entre em férias coletivas a partir da próxima segunda-feira, informação ainda não confirmada pela empresa nem pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A planta produz os modelos Nivus, Virtus, Polo e Saveiro.

Por outro lado, a fábrica de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz no ABC paulista informou que vai renovar, por mais um ano, os contratos temporários de 300 funcionários que venceriam no fim deste mês. Segundo a fabricante, a medida foi adotada considerando a atual demanda de mercado, bem como a necessidade de recuperar volumes de produção perdida até final de 2022.