Fenacor – 13/09/2022
As maiores preocupações com as cadeias de abastecimento, de energia e segurança alimentar na esteira dos impactos causados pela pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia vão gerar uma demanda adicional de bilhões e bilhões de dólares em seguros nos próximos anos. A expectativa é de que essa cifra ultrapasse os US$ 300 bilhões no mundo, de acordo com o estudo ‘Sigma’, da suíça Swiss Re.
‘O seguro está se tornando ainda mais vital para a economia, contribuindo para a estabilidade financeira das empresas ao cobrir os riscos das cadeias de abastecimentos’, avalia o economista-chefe do Grupo Swiss Re, Jérôme Haegeli, ao comentar o estudo.
Do valor total em nova demanda de seguros, o setor de energia deve responder pela maior parte. A Swiss Re estima que os seguros relacionados ao segmento possam gerar US$ 237 bilhões adicionais às seguradoras até 2035. Tal impulso viria, principalmente, de investimentos em energia limpa.
‘Os riscos inerentes à construção e operação de infraestrutura de energia renovável são complexos e precisam ser segurados’, alerta a Swiss Re.
Já os prêmios de seguros agrícolas globais podem dobrar para US$ 80 bilhões até 2030, de US$ 46 bilhões em 2020, com destaque para economias como os Estados Unidos e a China. Neste caso, os mercados desenvolvidos devem continuar representando o dobro de nações em desenvolvimento sob a ótica do seguro.
Em mercados emergentes, o salto em seguros agrícolas poderia ser de cerca de US$ 15 bilhões, em 2020, para algo próximo de US$ 30 bilhões, em 2030, conforme a Swiss Re. Ainda assim, a suíça classifica a participação do mercado como ‘baixa’, o que desafia governos e seguradoras. Tanto no Brasil quanto em mercados emergentes, por exemplo, essa fatia era de cerca de apenas 2% em 2020. Na outra ponta, a maior participação é vista nos EUA, em torno de 7%.
‘A insegurança alimentar global também é uma preocupação crescente… O seguro agrícola pode ajudar fornecendo aos agricultores os meios para continuar quando houver perdas nas colheitas’, diz a Swiss Re, no estudo.
O grupo suíço faz um alerta ainda quanto ao impacto de eventos extremos nos preços dos alimentos. ‘As secas nos principais países produtores agrícolas, como Brasil, EUA e Canadá, levaram a perdas de safras, assim como fortes chuvas na China e clima quente na Índia’, afirma.
Por sua vez, a reestruturação das cadeias de abastecimento podem gerar US$ 33 bilhões em novas apólices de seguro de propriedade e de acidentes até 2027. A demanda virá, principalmente, de economias desenvolvidas, conforme o grupo suíço.
‘Com o cenário de risco em constante mudança, o seguro de propriedade e acidentes permanecerão como um pilar de resiliência, ajudando as empresas a manter a estabilidade financeira à medida que as circunstâncias operacionais mudam’, avalia o diretor global de resseguros da Swiss Re, Gianfranco Lot.
Na contramão, os seguros globais de transporte comercial marítimo e de crédito comercial poderiam encolher em US$ 5,6 bilhões. Segundo o estudo da Swiss Re, a queda deve ocorrer em meio à substituição de importações e às expectativas de desaceleração do comércio global nos próximos anos.