JRS – Rodolfo Luis Kowalski | 12/10/2022 às 23:00
Dos muitos epítetos que Curitiba tem, provavelmente o mais conhecido é o de capital ecológica. E se tal reconhecimento veio para exaltar a extensão da área verde curitibana (com seus parques e unidades de conservação) e a competência do município na reciclagem do lixo, agora mais um fator pode ser acrescido aos marcos ecológicos da cidade. É que Curitiba se tornou referência nacional na certificação de sustentabilidade da construção civil.
De acordo com informações da seccional brasileira do Green Building Council (GBC), principal entidade responsável por chancelar as construções verdes no mundo, atualmente há no Brasil 1.948 projetos de edifícios, casas e condomínios que possuem selo ecológico ou que estão em processo de certificação. Desse total de empreendimentos, 155 estão no Paraná, sendo que quase metade (77) está localizado na capital paranaense.
No Brasil, são duas as principais ferramentas de certificações de imóveis utilizadas pela GBC. Um deles é a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), que funciona para todos os edifícios. Os outros são a certificação CASA/CONDOMÍNIOS, aplicável a novas construções de unidades unifamiliares ou a condomínios multifamiliares.
Curitiba, por sua vez, se destaca como a capital do Sul do Brasil com maior número de edificações que respeitam o meio ambiente em todas as etapas do processo de construção. Ao todo, são 35 empreendimentos com a certificação LEED e outros 23 que estão em processo de obtenção do selo.
Além disso, o município ainda é a cidade brasileira com mais empreendimentos residenciais verdes, sendo que em todo o país há 115 projetos de casas e condomínios que possuem selo ecológico ou que estão em processo de certificação. Desse total, 28 estão no Paraná e 18 localizam-se na capital paranaense. Na Grande Curitiba, há ainda uma iniciativa em Pinhais e outras quatro em São José dos Pinhais.
Para conseguir a certificação de sustentabilidade, os edifícios, casas e condomínios devem atender a uma série de requisitos, como eficiência energética, uso racional da água e redução de resíduos gerados nas obras. Um desafio que exige, desde a concepção do projeto, estudos para garantir que os requisitos necessários de desempenho e ecologia sejam atendidos. Em contrapartida, os benefícios também são diversos, com a redução dos custos operacionais ao longo do ciclo de vida da edificação, a redução no consumo de água e energia, de resíduos enviados para aterros e de emissões de gases do efeito estufa, além de, claro, um diferencial competitivo para o imóvel.
Cuidado ambiental agrega valor aos projetos
Na capital paranaense, um dos destaques da relação da GBC Brasil é o New Urban. O edifício da incorporadora AGL, em construção no bairro Novo Mundo e com previsão de entrega para junho de 2024, é o primeiro empreendimento padrão standard a adotar as soluções de sustentabilidade recomendadas pelo GBC, antes exclusivas de projetos de alto padrão.
De acordo com Giancarlo Antoniutti, engenheiro civil e sócio da AGL, a empresa começou a investir já em 2017 num segmento da construção civil voltado para a sustentabilidade. No período, o mercado imobiliário enfrentava uma crise, com aumento substancial das taxas de juros, e a incorporadora percebeu que teria de inovar para chamar a atenção do cliente aos seus produtos.
“Decidimos melhorar o produto, e não só vender mais barato. Fizemos a opção de agregar valor e desde então nos destacamos bastante, temos demanda contínua pelos nossos produtos”, celebra o engenheiro, comentando ainda que outros empreendimentos da AGL, como o New Town e o Tokaii, também atendem a uma série de quesitos de sustentabilidade, embora não tenham sido certificados. “Isso nos mostrou que o cuidado ambiental tem importância para o consumidor imobiliário, já que tivemos sucesso nas vendas. No New Urban, esses diferenciais estarão auditados e certificados, o que é um passo a mais para nós”, complementa.
Por que a Capial está se destacando nesse mercado?
Afinal, o que explica o fato de Curitiba estar se destacando tanto nesse segmento sustentável da construção civil, ao ponto de concentrar mais empreendimentos do que São Paulo, uma cidade mais rica e com uma população mais expressiva? Segundo o engenheiro Giancarlo Antoniutti, esse cenário é um reflexo já do trabalho de décadas da cidade na área de meio ambiente, o que propiciou que empresas diversas com atuação voltarem para a sustentabilidade se fixassem no município.
“Esse destaque se dá por uma convergência das empresas que se situaram aqui inicialmente, que atuavam na área do meio ambiente e foram entrando na questão da sustentabilidade, certificações e desenvolvendo esses mercados. Tivemos a sorte de ter empresas de nicho na área de sustentabilidade e isso converge muito com a pegada que a cidade tem. Curitiba hoje é referência no mundo com seus prédios certificados”, comemora o engenheiro.
Ainda segundo Antoniutti, a sensação do cliente ao adquirir e viver num imóvel desses também é diferente. “O cliente se sente bem pelo fato de estar tendo a percepção que tem uma evolução da construção, que houve essa atenção quanto ao impacto ambiental. Há uma satisfação do cliente por estar participando disso e, no fuuro, tem a percepção de que, quando estiver usando o imóvel, vai usufruiu disso tudo com uma boa habitabilidade, um maior conforto ambiental. Melhora a questão do dia a dia do cliente mesmo”, aponta.