Notícias | 4 de janeiro de 2023 | Fonte: Insurtalks
A pandemia resultou em uma crescente demanda por serviços digitais. A população mais jovem passou a dedicar maior tempo ao mundo virtual e a população mais velha conscientizou-se sobre a necessidade de atualização digital. A modernização do sistema financeiro, com uma queda vertiginosa da circulação de papel moeda, provocou um incremento do comércio digital ou na utilização de smartphones na compra e venda de produtos e serviços. Ou seja, a população está cada vez mais conectada, entendendo a importância do mundo virtual e demonstrando interesse em consumir produtos e serviços de mais variados tipos sem o contato físico. As classes C e D, que há alguns anos não acessavam a internet, hoje são consumidores reais e potenciais e, consequentemente, há um apelo enorme nas mídias sociais para atingimento destas camadas da nossa sociedade.
Paralelamente, a população brasileira de baixa renda não tem a cultura de contratar seguro, pois acaba priorizando o consumo de bens e serviços em detrimento da cobertura de risco de perdas e/ou desconhecem os benefícios de estar segurado naquilo que lhes é caro. Após a pandemia, os seguros massificados, principalmente relacionados a assistências, garantia e pequenos roubos, cresceu devido à sua simplicidade, praticidade e canais de distribuição, mas eles são oferecidos em grande escala com a intermediação, principalmente, de empresas de varejo e bancos. A venda dos microsseguros (ex. seguro de bens duráveis de pequena monta, diárias hospitalares, auxílio funeral, seguro de danos residenciais, oferta de cesta básica etc.) para a população de baixa renda cresceu 50% até o final do primeiro semestre de 2022, mas a camada da população C e D contratante desses tipos de seguro não ultrapassou a 10% do total.
Para a população de baixa renda, há, portanto, um potencial interessante de disseminação da cultura de contratação de seguros populares e o canal digital é um importante aliado nessa disseminação. Quando me refiro a seguros populares, refiro-me cobertura de perdas do que é caro para essa população, ou seja, o microsseguro, e a sua disseminação deve ser feita, principalmente, com o marketing adequado e apoio de mídias sociais, bem como com a utilização de ecossistemas interligados às empresas que atualmente comercializam os seguros massificados. Quanto mais simples, mais eficaz.
Da mesma forma, embora com uma maior aversão a riscos, ainda há uma parcela interessante das classes média/ alta que não está habituada a contratar seguro, principalmente por desconhecer os seus benefícios ou não priorizá-los. No pós-pandemia, houve um interesse crescente das classes de média e alta renda na contratação de seguros de vida e previdência por estarem mais sensíveis ao crescimento da mortalidade e preocupadas com o planejamento de renda familiar, mas, claramente, ainda há um potencial grande de venda de seguros a ser explorado para essa população.
Da parte do regulador, a Susep já aprovou o Sandbox e regulamentou o microsseguro, que ajudarão muito na expansão do setor. Do lado das seguradoras, elas têm se empenhado em oferecer novos produtos que se encaixem no perfil pretendido do segurado e muitas têm investido no processo de transformação digital. A ação que está em andamento é de melhor interligar os produtos oferecidos pelas seguradoras aos segurados com a utilização eficiente dos canais digitais e ecossistemas. Portanto, as seguradoras que forem pioneiras nesse processo terão um incremento importante na venda de seguros, pois o potencial do Brasil para o setor é excelente. O tempo dirá…