Folha de São Paulo – 7.fev.2023 às 8h07Atualizado: 7.fev.2023 às 9h13 – Crédito da foto: Ilyas Akengin/AFP
SÃO PAULO
O terremoto de magnitude 7,8 que ocasionou mais de 5.000 mortes no sudeste da Turquia e norte da Síria pode afetar 23 milhões de pessoas na região, advertiu a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta terça-feira (7).
Segundo a diretora da entidade, Adelheid Marschang, do total de pessoas expostas, cinco milhões já estão em estado de vulnerabilidade. É o caso de refugiados da Guerra da Síria, por exemplo, e da população local que vive em áreas urbanas e rurais danificadas por mais de uma década de conflitos.
Marschang ainda chamou a atenção para o fato de que Damasco possivelmente precisará de mais ajuda da comunidade internacional do que seu vizinho, a curto e médio prazo, em razão de sua menor capacidade de resposta —o país já vinha de uma crise humanitária após 12 anos de guerra civil.
De todo modo, a situação é urgente, reforçou o secretário-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Agora é uma corrida contra o tempo. A cada minuto, a cada hora que passa, diminuem as chances de encontrar sobreviventes.” Ele acrescentou que a OMS está especialmente preocupada com áreas de ambos os países de que nenhuma informação emergiu desde o terremoto.
Terremoto deixa milhares de mortos na Turquia e na Síria
Desde o início dos trabalhos de resgate, que prosseguiram durante a madrugada sob frio, chuva e neve, o número de mortos ultrapassou a marca de 5.000 —a Turquia contabiliza 3.549 óbitos, e a Síria, 1.602, de acordo com os balanços das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes.
Em Geneva, o porta-voz da Unicef, James Elder, afirmou que há suspeitas de que o abalo tenha tirado a vida de milhares de crianças, uma vez que é sabido que dezenas de escolas, hospitais e outras instalações médicas e educacionais foram danificadas ou destruídas pelos impactos.
Somados, os dois lados registram ainda quase 25.000 feridos. As condições meteorológicas na região de Anatólia dificultam a atuação dos bombeiros e prejudicam as perspectivas dos sobreviventes, com risco adicional de hipotermia para aqueles que foram soterrados por escombros. Ao redor, a população se aquecia em tendas ou fogueiras improvisadas. O governo turco anunciou planos para abrigar temporariamente os que perderam suas casas em hotéis da região, um pólo turístico.
O abalo registrado na madrugada de segunda-feira (6), ainda noite de domingo (5) no Brasil, foi sentido também no Líbano, Chipre e Norte do Iraque. Autoridades turcas afirmam que ele afetou cerca de 13,5 milhões de pessoas no território, numa área que vai de Adana, no oeste, a Diyarbaki, no leste, e Malatya, no norte, a Hatay, no sul —em cuja capital, Antakya, famílias inteiras dormiam em carros enfileirados nas ruas.
Mortes foram registradas tão longe ao sul quanto em Hama, a cerca de 100 quilômetros do epicentro. Algumas áreas estão sem combustível e eletricidade, e conexões de internet fracas e rodovias danificadas entre algumas das cidades turcas mais atingidas, que abrigam milhões de pessoas, têm dificultado esforços para estimar o tamanho do impacto e planejar ações de ajuda.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que, no total, dez províncias foram atingidas pelo terremoto. Ele declarou nesta terça estado de emergência na área pelos próximos três meses, e acrescentou que 70 países já se ofereceram para ajudar nas buscas e resgates.
Socorristas começam a chegar de fora na própria data, tanto nas zonas afetadas pelo terremoto quanto por seus tremores secundários. Uma das equipes, da França, pretende atuar no epicentro do fenômeno, Kahramanmaras, uma região de difícil acesso e que sofre com a neve —os dois times americanos com 79 socorristas cada um anunciados por Joe Biden na véspera devem seguir para a mesma região.
Enquanto isso, a China anunciou um pacote de auxílio de US$ 5,9 milhões (R$ 30,4 milhões) que inclui equipes especializadas em resgates em áreas urbanas, equipamentos médicos e material de emergência.