COMERCIO COMPRAS

Bem Paraná – Rodolfo Luis Kowalski | 04/04/2023 às 23:00

As próximas semanas serão fartas de feriados para os paranaenses, com a Sexta-feira Santa nesta semana, o Dia de Tiradentes em 21 de abril (uma sexta-feira) e o Dia do Trabalho em 1º de maio (uma segunda-feira) garantindo alguns dias a mais de folga para parcela expressiva da população. Mas o que para alguns são dias de descanso, para outros pode ser uma oportunidade de negócio ou, pior, um momento de lidar com algum prejuízo. É o famoso “perde e ganha” dos feriados, que acaba colocando diferentes segmentos da economia do Paraná em posições antagônicas.

No começo do ano, por exemplo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou uma projeção apontando que o maior número de feriados ou pontos facultativos prolongados neste ano, em relação a 2022, deve aquecer o turismo em todo o país e aumentar o faturamento do setor para R$ 74,3 bilhões, o que significa uma alta de 18% desde 2018. De acordo com as projeções, cada folga prolongada poderia injetar até 2,1% no volume anual de receitas do setor.

Já no caso do comércio, a situação é distinta. Segundo Paulo Mourão, vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), algumas datas (entre elas a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães e o Dia dos Namorados) ajudam a incrementar as vendas no varejo. “A Páscoa é um feriado muito importante para o comércio. O brasileiro em geral é muito festivo, aproveita essa data para presentear entes queridos, familiares e existe um aumento de consumo”, aponta ele.

Por outro lado, os demais feriados (como o Dia de Tiradentes e o Dia do Trabalho) possuem impacto variado sobre os diferentes segmentos do setor. “Com muito sol, o pessoal viaja para a praia, outros locais, mas também temos recebido muitos turistas em Curitiba. Então há áreas do comércio que acabam também se beneficiando desses feriados, como os comércios de bairro, porque nessas folgas o pessoal se reúne e faz comemorações com os amigos”, explica Mourão.

A indústria, por sua vez, parece ser o setor que mais sofre com essas paralisações comemorativas. É que as folgas que caem em dias de semana e a possibilidade de emendas com fins de semana significam dias de trabalho perdidos, dias em que não haverá produção ou em que a produção será reduzida. E um único dia de trabalho pode corresponder a praticamente 5% da produção mensal de uma indústria, o que significa que para esse setor o dia de folga se traduz, inevitavelmente, em queda da produção e perda de faturamento.

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Em 2023, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) não chegou a fazer uma estimativa sobre o quanto o setor industrial perde com os feriados. A última vez em que isso aconteceu foi em 2020, quando dez feriados nacionais em dias da semana (sem contar feriados estaduais e municipais) ocasionaram perdas estimadas entre R$ 3,52 bilhões e R$ 4,57 bilhões no ano.

Não dá para simplesmente replicar os dados do estudo para estimar o prejuízo em 2023, mas considerando-se que também teremos 10 feriados prolongados ao longo de todo o ano, é possível deduzir que o rombo, mais uma vez, será bilionário para a indústria paranaense.

Depois do Carnaval, venda de chocolates em Curitiba já cresceu 30%, diz ACP
Especificamente para a Páscoa, o clima é de otimisno no comércio curitibano. Segundo Paulo Mourão, vice-presidente da ACP, a expectativa é de incremento nas vendas, até por conta do estilo de vida do brasileiro, que costuma celebrar essas datas importantes dando presentes uns aos outros. E o chocolate, é claro, é um dos itens essenciais para as celebrações pascais e, também, um dos itens cuja procura mais cresceu nessa época do ano.

“Curitiba tem um incremento no comércio após o Carnaval e o grande evento depois do Carnaval é a Páscoa. Existe um aumento do consumo nesse período”, relata Mourão, apontando ainda que o consumo de chocolate já aumentou cerca de 30% desde os dias de folia, numa movimentação que faz girar os diferentes setores da economia. “[Logo depois do Carnaval] Começa a preparação dos produtos que serão ofertados na Páscoa e isso faz vender mais embalagem, artesanato, todos os produtos que fazem parte dessa cadeia de ofertas.”

Ainda segundo ele, hoje o grande concorrente do comércio tradicional é o e-commerce e, por conta disso, pequenos comerciantes devem ficar especialmente atentos às datas comemorativas, para desenvolver produtos alinhados a essas datas. “Na Páscoa, é comum ser presenteado com roupas, sapatos, utensílios para a casa. Tem de criar campanhas para alavancar essas datas”, afirma o dirigente da ACP.