Notícias | 15 de maio de 2023 | Fonte: InfoMoney

Para cada diretora mulher, há 2,2 diretores homens, aponta pesquisa da ENS

A participação das mulheres em cargos de gerência nas seguradoras aumentou. No entanto, a defasagem salarial permanece como há 50 anos. É o que mostra a 4ª edição da pesquisa da Escola de Negócios e Seguros (ENS). De acordo com o levantamento, embora 55% de todos os funcionários de uma seguradora sejam mulheres, apenas 44% dos gerentes são do sexo feminino.

A situação piora entre os cargos executivos. Para cada diretora mulher, há 2,2 diretores homens. A boa notícia é que mesmo essa diferença persistindo, ela já foi bem maior. Em 2012, a proporção era de quatro homens para uma mulher.

“Os dados nos dão otimismo, já que as indicações são de uma melhora significativa. Sabemos que o pilar de gênero não é o único que precisa ser trabalhado em busca da maior diversidade no setor de seguros. O que constatamos nesse estudo é que um maior número de empresas tem trabalhado ativamente para incentivar mais mulheres nos cargos executivos, e elas estão chegando lá. Sabemos que não é, nem nunca foi, uma questão de competência”, afirma Maria Helena Monteiro, diretora de ensino técnico da ENS.

De acordo com o estudo, há 10 anos, a participação feminina tem se mantido constante no total de funcionários das seguradoras. Hoje está em 55%, em 2012, era 57%. O estudo ouviu 16 empresas em um universo de quase 12 mil funcionários.

Salário menor

A pesquisa revela ainda que a relação salarial entre mulheres e homens, nesse universo, se mantém a mesma desde a década de 1970, em torno de 75%.

Em 2015, o salário médio no setor era de R$ 5,4 mil para homens e R$ 3,9 mil para mulheres. Em 2018, os valores subiram para R$ 6,3 mil e R$ 4,5 mil, respectivamente. Em 2021, os homens ganhavam R$ 8,3 mil por mês e as mulheres, R$ 5,8 mil.

A capacitação técnica não foi considerada como um fator para explicar as diferenças salariais entre os sexos ou os desníveis hierárquicos, pois, segundo a pesquisa, os homens e mulheres entrevistados apresentam a mesma formação acadêmica.

“A diferença salarial é no mundo inteiro e não só no mercado de seguros. Mulheres pelas razões que a gente já conhece [ser responsável pelo cuidado dos filhos e da casa], acabam ficando para trás. Homens são mais promovidos e mais agressivos quando o assunto é tentar uma promoção no trabalho”, diz Maria Helena.

Mas as seguradoras já mostram ações efetivas para superar esse cenário, em particular, quando o assunto são “políticas para promoção da igualdade de oportunidades para homens e mulheres”.

De acordo com a pesquisa, publicada pela primeira vez em 2013, atualmente 56% das seguradoras já praticam algum tipo de ação nesse sentido. Em 2015, esse número era a metade: 28%.

“O importante é a gente observar que o copo está meio cheio. Tem muita coisa para fazer, mas é um problema não só das empresas, mas também social. Mulheres têm ônus maior e a dupla jornada é uma verdade. Aos poucos vamos mudando este cenário”, finaliza Maria Helena.