Data de publicação – 23 de junho de 2023
Forte crescimento
De acordo com o relatório, a receita global de prêmios de seguros totalizou 5,6 trilhões de euros em 2022. Vida continua a ser o maior segmento (2,6 trilhões de euros), à frente de Ramos Elementares (P&C) (1,8 trilhão de euros) e de Saúde (1,1 trilhão de euros). Em 2022, o pool de prêmios globais cresceu 259 bilhões de euros ou 4,9% – tendo como cenário uma taxa de inflação global de 8,6%. Os três segmentos, no entanto, tiveram desempenho muito diferente: enquanto Ramos Elementares (P&C) registrou crescimento robusto de 8,7%, Saúde expandiu de forma mais modesta, com aumento de 4,9%. O avanço do mercado de seguros de Vida foi de modestos 2,4%: a renda real reduzida das famílias afetou poupanças privadas.
A alta nos prêmios de Ramos Elementares (P&C) foi impulsionada por todas as regiões ao redor do globo. No entanto, com 77,5 bilhões de euros (aumento de 9,9%), mais da metade do avanço global em 2022 veio apenas da América do Norte. Com uma receita em prêmios de 860 bilhões de euros, a região continua a ser, de longe, o maior mercado a nível mundial. A Ásia também registrou um crescimento saudável de 8,4% no ano passado, com 31 bilhões de euros). Com uma receita total de prêmios de quase 403 bilhões de euros, a região ultrapassou a Europa pela primeira vez (+4% ou 15 bilhões de euros, chegando a 397 bilhões de euros).
Os mercados do seguro de Vida sofreram no ano passado, particularmente na Europa Ocidental: a receita de prêmios caiu 2,7% em 2022 (-21 bilhões de euros, chegando a 740 bilhões de euros). O crescimento na Ásia não atingiu o esperado, registrando um aumento modesto de +3,6% (+33 bilhões de euros, chegando a 952 bilhões de euros). Tal como em Ramos Elementares (P&C), a América do Norte foi o principal impulsionador de crescimento em 2022, com +7,8% ou 61 bilhões de euros, saltando para 840 bilhões de euros. O domínio dos Estados Unidos é ainda mais visível na área de Saúde, respondendo por cerca de dois terços de toda a receita de prêmios mundial.
Crescimento de dois dígitos no Brasil
O mercado de seguros do Brasil aumentou 6,9 bilhões de euros ou 19,9% em 2022, atingindo uma receita total de prêmios de 41,8 bilhões de euros. O aumento foi impulsionado pelo segmento de Ramos Elementares (+24,3%), que se manteve, naturalmente, como o maior, com 21,5 bilhões de euros em receitas de prêmios. Os outros dois segmentos, no entanto, também apresentaram crescimentos robustos: os prêmios de Vida aumentaram 14,8%, para 8,7 bilhões de euros; e os prêmios de Saúde com 15,9% a mais, chegaram a 11,6 bilhões de euros.
Âncora em tempos turbulentos
Em termos econômicos, navegar em um ambiente inflacionário será o maior desafio nos próximos anos. Cinco fatores estruturais determinarão a inflação, os “Cinco Ds”: demografia, “desglobalização”, descarbonização, digitalização e dívida. No geral, os cinco Ds podem elevar significativamente a inflação anual em até 1%. “O seguro comprova seu valor em tempos turbulentos, de alta inflação e baixo crescimento”, disse Ludovic Subran, economista-chefe do Grupo Allianz. “O setor de seguros não pode atuar diretamente na inflação, mas pode suavizar o impacto ao longo do tempo, atuando como uma espécie de amortecedor. De acordo com o Eurostat, por exemplo, a inflação em seguros Pessoais, como Automóvel e Residência, ficou atrás da inflação global por uma ampla margem no ano passado. O seguro é um amortecedor essencial, pois suaviza a curva do ciclo econômico para seus clientes. “
Continuidade em primeiro plano
Apesar do aumento na inflação, ou, talvez, precisamente por causa dele, os prêmios deverão aumentar 5,2% na próxima década, acrescentando 4,19 bilhões de euros ao resultado global de prêmios. Em 2033, os prêmios atingirão 4,3 trilhões de euros no seguro de Vida, 3,1 trilhões de euros em Ramos Elementares (P&C) e 2,3 trilhões de euros em Saúde.
Com 1,726 bilhão de euros, a maior parte do aumento será no segmento de Vida. Contudo, o crescimento anual (+4,7%), na próxima década, deverá ficar muito aquém do crescimento econômico geral (+5,2%). A penetração dos seguros cairá, dessa forma, três pontos percentuais, chegando a 2,8%. A Ásia (exceto Japão) continuará a ser o motor de crescimento dos negócios globais em seguro de Vida, com um aumento anual esperado de 7,5%. A região deverá responder por metade do crescimento absoluto dos prêmios (866 bilhões de euros), mais do que a América do Norte (377 bilhões de euros) e a Europa (276 bilhões de euros) juntas.
No segmento de Ramos Elementares (P&C), os prêmios adicionais chegarão a 1,282 bilhão de euros até 2033. Isso representa uma taxa de crescimento anual de 5%, em linha com a década anterior (5,1%) e o crescimento econômico geral (5,2%); dessa forma, a penetração dos seguros diminuirá apenas ligeiramente em 1 ponto percentual, para 2%. Como no segmento de Vida, a Ásia (exceto o Japão) é a campeã de crescimento entre as principais regiões, com uma taxa anual de +8,1%. Em termos absolutos, no entanto, a importância da região é menor que no segmento de Vida: “apenas” cerca de 35% do crescimento esperado (448 bilhões de euros) é atribuível à Ásia, contra 357 bilhões de euros na América do Norte e 168 bilhões de euros na Europa.
No Brasil, os prêmios de seguros devem aumentar 9% ao ano. A dimensão total do mercado atingirá 108 bilhões de euros em 2033. Ramos Elementares (P&C) deve continuar a ser o segmento mais importante (51 bilhões de euros), seguido de Vida (29 bilhões de euros) e de Saúde (28 bilhões de euros).
Transformação na sequência
Levando em consideração as grandes transformações tecnológicas e os novos e crescentes riscos, esta previsão, que sugere, de certa forma, uma continuidade, pode surpreender. No entanto, isso se aplica apenas ao primeiro plano de crescimento dos prêmios. As mudanças subjacentes são dramáticas.
A tecnologia vai mudar a forma como as seguradoras operam. Os ecossistemas, por exemplo, desempenharão um papel decisivo no acesso do cliente, oferecendo não apenas produtos individuais, mas soluções abrangentes para as suas necessidades, seja para mobilidade, moradia, viagens, renda ou saúde. A Inteligência Artificial abre possibilidades inimagináveis na análise de dados, revolucionando toda a cadeia de valor, desde a subscrição até o tratamento de sinistros.
“Preservando sua relevância social, a indústria enfrenta uma mudança fundamental em seu modelo de negócios”, disse Michaela Grimm, coautora do Relatório. “A proposta de valor das seguradoras evoluirá de pura compensação financeira para gestão de riscos e ofertas holísticas de serviços, que previnam e mitiguem riscos. Isso segue uma lógica inescapável: para fechar as enormes lacunas de proteção, em catástrofes naturais, cyber, saúde ou previdência, mobilizar mais prêmios pode não ser suficiente. Evitar riscos, em primeiro lugar, torna-se cada vez mais importante.”
O estudo completo pode ser acessado neste link.
N.F.
Revista Apólice