Revista Apólice – Data de publicação – 26 de setembro de 2023 – Dyogo Oliveira e Armando Vergílio
EXCLUSIVO – Durante a Fides Rio 2023 foi realizado um café da manhã para discutir a distribuição de produtos do mercado de seguros. Armando Vergilio, presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros, destacou o interesse por parte do Governo no setor, que colocou seguro em sua agenda com a prioridade que o “mercado e a sociedade merecem”.
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, abriu o café da manhã destacando que o corretor de seguros não vai deixar de existir, mesmo com todo o avanço da tecnologia. “Todas as conexões são apenas meio. O que existe são duas pessoas realizando um negócio. As outras coisas virão em adição e nós conviveremos. Estamos no período histórico de convivência ente mais gerações, por conta da longevidade, o que é um grande desafio e uma grande oportunidade”. Oliveira destacou que o Brasil não vai perder nenhum canal de distribuição, mas sim vai agregar os novos em complemento aos existentes. O grande desafio é abandonar o segurês e diminuir a desigualdade econômica.
Vergilio afirmou que olhando para o desenvolvimento do mercado e o seu caminhar tecnológico, inteligência artificial, chat GPT, open insurance/open finance e outras tantas tecnologias, lembrou-se de uma das mais importantes conquistas, a inclusão dos corretores de seguros no Simples Nacional, na tabela III, a mais favorável, ocorrida em 2014, após muita luta e três vetos presidenciais.
“Todos sabemos que essa direção, de utilização da tecnologia, é inexorável. Não há como frear o seu avanço. Pelo contrário. É preciso entender esse movimento e aproveitar ao máximo o que a tecnologia pode nos proporcionar. Entretanto, esses avanços nunca terão o condão de afastar os profissionais corretores de seguros, que possuem a perspicácia e a tenacidade de enfrentar os desafios e os obstáculos com muita perseverança, resiliência e, sobretudo, humanidade”, apontou Vergilio.
Vergilio ponderou que o Brasil é uma democracia estável e consolidada, conforme demonstrado e testado nos últimos 10 meses, inclusive nas últimas eleições, em 2022. “Além disso, tem um sistema judicial independente e uma imprensa livre e ativa. Possui sólidas instituições, bem como um sistema de freios e contrapesos que garante a estabilidade dos três poderes harmônicos e independentes”.
A situação econômica também é estável. O país tem mais de US$ 330 bilhões de reservas internacionais e as projeções indicam crescimento para os próximos anos. É uma das maiores economias e sociedades do mundo, sendo líder em alguns setores específicos, como biodiversidade e produção agropecuária.
O Brasil possui, ainda, algo extremamente importante que é segurança alimentar e energética, em um mundo marcado por conflitos e carência desses pilares, que são inclusive as principais forças estratégicas para o desenvolvimento econômico e social do país nas próximas décadas. Em resumo, são setores críticos com efeitos em cadeia, que necessitarão de seguros e profissionais altamente qualificados e treinados para a nova realidade do mercado que, não diferente dos demais países, está diante de uma grande e complexa transformação digital.
Vergilio afirmou que o maior desafio é “a falta de produtos inovadores e a concentração evidente e iminente do mercado de seguros, que trazem como efeito colateral a constituição de um limitador de crescimento efetivo de proteção a ser oferecida à população brasileira, permitindo, inclusive, que as associações de socorro mútuo surjam e, em uma verdadeira reengenharia do risco, reciclem aqueles que as sociedades seguradoras não tiveram interesse ou não conseguiram subscrever pelas razões mais diversas possíveis”.
Os corretores de seguros representam o principal canal de distribuição de seguros do país sendo formado basicamente por pequenas e microempresas, empreendedoras, gerando mais de 200 mil empregos diretos, e estima-se, pelo menos, 220 mil indiretos por todo o país. Trata-se de um segmento ansioso por novidades e progresso. Não há como abordar a distribuição de seguros no mercado brasileiro sem destacar os corretores de seguros, estes são verdadeiras molas propulsoras para seu desenvolvimento.
A confiança que os segurados depositam nos corretores de seguros, dado seu preparo profissional, possibilita que eles atuem também na oferta de cartões de crédito e de consórcios; com bastante êxito na conversão/fidelização do cliente; como assessores, consultores e/ou agentes de investimento, zelando, ainda mais, pela consolidação do patrimônio de seus clientes e de suas famílias, respeitando o perfil do(a) investidor(a).
Armando relacionou que os corretores não representam custo para as seguradoras: “Este é um ponto importante que deve ser abordado de forma clara e transparente. Os corretores de seguros são responsáveis pela prospecção dos negócios; avaliam e ajudam às sociedades seguradoras na subscrição dos riscos seguráveis; acompanham os vencimentos dos pagamentos dos prêmios e das apólices de seguros, participando, inclusive, da recuperação das parcelas vencidas e não quitadas, evitando o cancelamento da apólice ou providenciando a sua reativação; acompanham e assessoram os segurados durante toda a vigência do contrato de seguro, inclusive em momento posterior à vigência nos casos de responsabilidade civil, por exemplo; acompanham variações e sazonalidades de mercado e fazem as necessárias alterações e/ou adaptações e os endossos para que os bens estejam sempre adequadamente protegidos; atuam muito consistentemente na regulação dos sinistros, ajudando a minorar os prejuízos e acelerando o pagamento das indenizações”.
Situação na Argentina
Sebastián Del Brutto, presidente da Asociación Argentina de Productores de Seguros, falou sobre a situação da distribuição de seguros na Argentina. Ele informou que aumentou a quantidade de corretores de seguros em 10% no último ano. 68% da distribuição é feita por corretores de seguros, com 11% de agentes e restante em vendas diretas.
Os corretores de seguros argentinos estão em uma encruzilhada, porque as seguradoras estão se orientando para outros canais, porque não faz parte da parceria entre os players. “Este modelo de crescimento das bigtechs, crescimento exponencial que elas alcançam com a compra de uma nova aplicação e agregando novos serviços aos negócios já existentes”.
A retenção dos clientes e o contato direto gera um comprometimento, que ativa novos negócios através de indicações. O foco do corretor está na ativação e no uso dos problemas, no momento em que os sinistros acontecem.
As companhias têm necessidade de crescer rapidamente, e esperam que os corretores tenham mais velocidade na expansão dos negócios. “Os canais bancários criam problemas para os clientes tanto no intervalo da aquisição e do compromisso quanto no atendimento, quando não resolvem as questões e dúvidas, gerando clientes frustrados, o que é ruim para o mercado como um todo”, revelou Brutto.
Kelly Lubiato, do Rio de Janeiro
Revista Apólice