1° Seminário sobre o combate ao roubo de cargas no Brasil e prevenção de acidentes com caminhões, realizado pelo Instituto Carga Segura em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná, aconteceu na última quinta-feira (19) na sede da PRF, em Curitiba, com a presença de várias autoridades policiais e dirigentes de entidades ligadas ao setor de transportes, além da presença dos coordenadores de duas comissões do Sindseg PR/MS, Fernando Reis (Comissão de Seguros Especiais) e Luiz Borba (Comissão de Seguros Patrimoniais).

O presidente do Instituto Carga Segura e idealizador do evento, ex-secretário de segurança pública e ex-delegado geral da Polícia Civil do Paraná Julio Cezar Reis explicou que o objetivo do instituto é estar entre o Poder Público e a iniciativa privada para coletar e analisar dados e promover capacitação. “Fizemos um acordo formal para compartilhamento de dados com a PRF e também um acordo de cooperação com a ESIC, faculdade espanhola, com o objetivo de alcançar novas soluções para o enfrentamento do roubo de cargas, que é um problema gigantesco. Além da questão das cifras, tem as vidas, a segurança viária que atinge a todos nós”, afirmou Reis.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar) Silvio Kasnodzei disse que os empresários do transporte sofrem muito com o roubo de carga e com um pouco menos intensidade com os acidentes.

“Para que os senhores tenham conhecimento, hoje uma transportadora investe no seguro de carga, entre gerenciamento de risco e tecnologia embarcada, em torno de 10% de sua receita. É muito dinheiro e isso é acrescentado no custo do produto, todos pagamos essa conta”, afirmou Kasnodzei, presidente do Setcepar.

O Superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Paraná, Fernando Oliveira, agradeceu a presença das autoridades e empresários e ressaltou a importância da Polícia ter conexão com o setor privado para o compartilhamento de informações, troca de experiências e aperfeiçoamento do trabalho. “A gente está em constante atualização, as ferramentas e tecnologias disponíveis precisam ser compartilhadas. É importante que a gente tenha esse contato até para que no dia a dia de nossas equipes na ponta a gente consiga trabalhar de forma integrada e mais efetiva”, afirmou.

Oliveira disse que o roubo de cargas é um crime complexo com várias modalidades. Alguns executados de forma bastante violenta, os assaltos com abordagens aos caminhoneiros, as vezes até em movimento com disparo de arma de fogo, mas também pode ser um crime de oportunidade após acidentes com o saque das mercadorias, e ainda tem a modalidade desvio e fraude com cooptação do motorista.

Segundo ele está havendo um declínio nas ocorrências de roubo de cargas, algo em torno de 10 a 15% do ano passado para este. “Para enfrentar esse tipo de crime estamos procurando ampliar nossa integração com as demais forças de segurança, Polícias Civil, Militar, Federal e Ministério Público. Já tivemos operações conjuntas nos últimos meses e outras deverão ocorrer em breve”.

o Superintendente destacou que os saques de carga são bastante recorrentes na divisa do Paraná com São Paulo e em Paranaguá, na região do Porto.

Acidentes

Autoridade máxima e último a falar no evento foi o vice-governador do Paraná Darci Piana. Ele destacou que no Brasil são quase 40 mil mortes anualmente nas estradas em decorrência de acidentes e que é fundamental discutir estratégias de contenção desses índices. “Melhorar nossas estradas mas também melhorar nossa tecnologia de atendimento e fazer com que as pessoas assumam a responsabilidade e tenham o respeito na condução”.

Ele destacou que a Polícia Rodoviária faz um trabalho intenso de fiscalização mas que acaba sendo frustrado pela irresponsabilidade no transporte de cargas, com a recorrência de situações de excesso de velocidade e de falta de manutenção dos caminhões. “Aqui está a nossa Polícia Rodoviária Federal buscando parceiros que tem condições de nos ajudar para que isso seja diminuído pelo menos em número aceitável como existe em outros países que chamamos do 1º mundo. Lá também tem, mas com muito menos incidência.”

O Seminário encerrou na quinta-feira mas os policiais seguiram em uma jornada de três dias de cursos e atualizações com profissionais da segurança pública experientes de vários estados do Brasil.