Notícias | 15 de maio de 2024 | Fonte: CQCS l Bárbara Maria

De acordo com uma matéria publicada pelo Valor Econômico, nesta terça-feira (14), o CEO do IRB(Re), Marcos Falcão, afirmou que o mercado de seguros catastróficos no Brasil passa a ser mais parecido com o internacional após a tragédia no Rio Grande do Sul, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2024. Segundo o executivo, “estamos lidando, talvez, com o primeiro evento catastrófico para o mercado brasileiro na nossa geração”.

Na visão do executivo, o mercado internacional tem experiência em lidar com catástrofes dessa magnitude e pode trazer lições importantes ao Brasil. “Existem mecanismos para lidar com isso [no setor internacional de resseguros] e o debate vai ser importante”, acrescentou.

De acordo com a publicação, Falcão lembrou que existem especialistas comparando as enchentes no Sul com furacões como o Katrina, que causou inundações devastadoras em Nova Orlenas, no Estado de Louisianna, nos EUA, em 2005. “As perdas são inimagináveis no Rio Grande do Sul. Tem gente comparando com o furacão Katrina nos EUA, que causou perdas entre US$150 bilhões e US$200 bilhões em 10 anos, segundo dados na internet.”

O CEO do IRB(Re) ponderou ainda, em entrevista ao Valor, que uma das consequências após a normalização do cenário no Sul será uma potencial subida de preços de seguros para a região. “A percepção de riscos fica maior e os preços tendem a subir. Em vários lugares no mundo, no pós-catástrofe, o mercado ficou disfuncional.”

O especialista citou o caso dos Estados americanos da Flórida e da Califórnia, onde devido ao risco causado pelas tempestades tropicais, na costa leste, e pelos incêndios, no oeste, os preços de seguros subiram muito e há muitas recusas por parte das companhias. “Aqui no Brasil também vimos um exemplo no Vale do Itajaí [em Santa Catarina] onde ficou difícil conseguir seguro de inundação. Esse é um tipo de proteção que a pessoa opta e não tem diversificação suficiente, porque se só quem estiver sujeito a enchentes optar pelo produto o mercado fica disfuncional.”

Perguntado na teleconferência sobre quando o ressegurador pode começar a pagar dividendos, Falcão explicou que neste ano a companhia não teria ainda condições para fazer essa distribuição de proventos. Há possibilidade de o IRB(Re) iniciar esse pagamento em 2025. “Nós temos prejuízo acumulado ainda e só posso pagar dividendos quando tiver reserva de de lucros”, afirmou. Conforme o executivo, “neste ano devemos conseguir chegar perto de eliminar isso e, talvez, em 2025 poderemos chegar perto de pagar dividendos”.

Falcão reforçou ver este ano como o período que vai marcar o fim do processo de saneamento do grupo, após os eventos de fraude descobertos em 2020. “A gente acha que 2024 é o ano do fim do ‘turn around’ e, em 2025, o IRB vai estar sem impactos do legado”, disse. O CEO pontuou ser “interessante” ver os resultados da empresa após o segundo trimestre. “Vamos ter uma visão dos primeiros seis meses e poderemos falar sobre normalização dos resultados para 2025.”

Durante a entrevista, o vice-presidente executivo de subscrição, Daniel Castillo, reforçou a visão de evolução dos indicadores da companhia. Segundo o especialista, a sinistralidade mostra essa mudança. “Tivemos forte redução no índice de sinistralidade de um pico de 124% no segundo trimestre de 2022 para 58% no início de 2024”, citou.

Castillo também ressaltou a melhoria do índice combinado, que mede a relação entre receitas e despesas, incluindo sinistros. Quando está acima de 100% indica um cenário operacional desfavorável. “Pomdemos observar a evolução do índice combinado que no primeiro trimestre de 2024 teve redução de 12 pontos percentuais [para 99%]. O índice ainda traz efeitos de anos anteriores [de antes do processo de limpeza de carteiras], mas a redução para patamares abaixo de 100% mostra que estamos no caminho certo.”