Notícias | 27 de novembro de 2024 | Fonte: Globo Rural

As contratações de seguro de vida do produtor rural tiveram um crescimento de 12,1% nos primeiros oito meses de 2024, totalizando aproximadamente R$ 2,6 bilhões, aponta levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Além da tradicional cobertura de vida, o contrato oferece uma rede de segurança para os produtores, incluindo o cumprimento de obrigações financeiras em caso de falecimento, seja por morte natural ou acidental. Esse mecanismo de proteção busca assegurar a continuidade da produção e a estabilidade econômica da propriedade e da família. De janeiro a julho de 2024, as indenizações pagas totalizaram R$ 352,8 milhões, um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2023.

De acordo com Daniel Nascimento, vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o seguro de vida atrelado ao financiamento oferece vantagens tanto para as instituições financeiras quanto para os produtores. “Quando as instituições financeiras associam o seguro ao crédito, elas protegem seus investimentos e, em caso de sinistro, podem ser ressarcidas, o que ajuda a reduzir a inadimplência e assegura a continuidade da produção agrícola”, afirmou.

Nascimento afirma que o seguro é importante para as seguradoras pela possibilidade de diversificar o risco. “É o famoso não colocar todos os ovos numa cesta só”, diz. Além disso, o seguro de vida não está ligado a uma intempérie climática, que exige múltiplos pagamentos de sinistros em caso de eventos adversos.

Do lado do produtor, a grande vantagem está em garantir a sucessão, explica Nascimento. “O produtor muitas vezes não pensa na sucessão e é muito centralizador. Então somente em sua falta que a família vai ver todos os bens, todas as dívidas que tem que pagar, então o seguro de vida, mais do que tudo, cuida da sucessão familiar”.

O vice-presidente explicou que, embora o seguro de vida esteja vinculado a operações de crédito, isso torna a contratação mais difícil para alguns produtores. Por outro lado, seu custo não é tão elevado quanto o de outras modalidades. “Se você pegar um seguro de R$ 100 mil, por exemplo, o produtor vai pagar de R$ 1 mil a R$ 2 mil. Se você pega um seguro agrícola nos mesmos R$ 100 mil, ele vai pagar R$ 15 mil”.

A proposta é que pequenos e médios produtores consigam acesso a crédito em condições mais favoráveis, já que a garantia do seguro reduz o risco de inadimplência. No entanto, essa medida ainda não tem mostrado a eficiência esperada.

Nascimento destacou que existem projetos em andamento no Congresso que visam oferecer um crédito mais seguro, apoiando produtores que contratam seguros ao obter melhores condições de financiamento. Mesmo assim, esses objetivos ainda não estão claramente definidos nas propostas, diz.

O crescimento do Seguro Vida Produtor Rural tem sido especialmente forte nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil, que concentram grande parte da produção agrícola nacional. No Centro-Oeste, as contratações somaram R$ 701,6 milhões, com Goiás liderando a região com R$ 288,6 milhões.

Já no Sul, o total foi de R$ 574,4 milhões, com destaque para o Rio Grande do Sul, que arrecadou R$ 289,1 milhões e se destacou também no pagamento de indenizações, com R$ 71,8 milhões.

Além do seguro de vida, o produtor rural tem buscado outros seguros. O seguro rural apresentou uma queda de 3% em comparação ao ano anterior, sendo o principal responsável por essa redução o seguro agrícola, que teve uma queda de 20%. No entanto, outros segmentos do setor cresceram, com destaque para o seguro de vida do produtor e o seguro pecuário, que registraram aumento de 54%.

De acordo com Nascimento, existem alguns fatores que explicam esse crescimento. O grande número de pagamentos por sinistros no ano passado tem incentivado os produtores rurais a buscarem mais seguros. Além disso, há uma mudança de mentalidade.

“O produtor tem tido muitas perdas nos últimos anos. Então o produtor diz ‘estou no risco, vou buscar proteção para todos os meus itens”, adquirindo seguros contra incêndios, para proteger tratores, colheitadeiras, animais e outros. “Se já falamos muito dos seguros de riscos urbanos, como de carro, habitacional e outros, imagine ao que o produtor está exposto no campo. A pessoa já se torna mais sensível a querer proteger todos os seus patrimônios e, principalmente, o bem maior, que acaba sendo a família”, explica Nascimento.