Folha de São Paulo – 10.fev.2025 às 16h01Atualizado: 10.fev.2025 às 20h05 – Diego Felix – São Paulo
O endividamento das famílias paulistanas registrou em janeiro o menor patamar desde agosto de 2021. São cerca de 2,7 milhões de famílias nesse perfil.
Segundo dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o percentual de endividamento caiu de 68,2%, em dezembro, para 62,7% no mês passado. A taxa ficou bem abaixo dos 69% registrados em janeiro de 2024.
Os meios mais comuns de dívida envolvem o cartão de crédito (83,1%), crédito pessoal (14%), financiamento imobiliário (13%) e os carnês de pagamento (11,8%).
Atualmente, 18,1% dos entrevistados pela federação avaliam contrair crédito ou entrar em financiamentos nos próximos três meses. Em novembro, quando esse índice atingiu o maior nível da série histórica, 21,2% dos entrevistados consideravam tomar empréstimos.
Para Guilheme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP, a redução do apetite por empréstimos é um reflexo da alta de juros e da inflação dos alimentos, que acabam desestimulando o consumo de forma geral.
Se o nível de endividamento diminuiu, o tempo médio de comprometimento das famílias com as dívidas segue crescendo, e chegou a 7,6 meses. Em novembro, o tempo médio era de 7,3 meses e, em dezembro, de 7,4 meses.
O percentual de renda comprometida com dívidas também subiu em janeiro e alcançou 29,8% (em dezembro estava em 29,4%). O nível ainda é considerado saudável pela federação, porém a elevação sugere que as pessoas estão mais dependentes de crédito para manter o orçamento do mês.
No recorte por renda, o endividamento entre os entrevistados que recebem abaixo de dez salários mínimos (até R$ 15,1 mil) caiu de 68,2% em dezembro para 67,2% em janeiro. Para os que ganham acima desse valor, houve queda de 55,1% para 54,9%.
Ambas as faixas estão abaixo do registrado em janeiro de 2024.
INADIMPLÊNCIA
A FecomercioSP também registrou diminuição na taxa de inadimplência em janeiro deste ano para 19,6% —ante 19,5% em dezembro. Apesar de se manter estável em relação ao mês anterior, este também é outro índice que ficou abaixo do registrado há um ano, quando chegou a 21,8%.
Em termos absolutos, 800 mil famílias estão inadimplentes (85 mil a menos do que em janeiro de 2024).
Como evitar a inadimplência no financiamento imobiliário
![Atenção ao vencimento da parcela - É comum o próprio imóvel ser a garantia de pagamento do financiamento imobiliário, por isso a inadimplência pode significar perder o apartamento para o banco além de todo o valor investido; vista aérea do bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2024/04/19/1713542360662294d81db80_1713542360_3x2_md.jpg)
Atenção ao vencimento da parcela – É comum o próprio imóvel ser a garantia de pagamento do financiamento imobiliário, por isso a inadimplênc Danilo Verpa/FolhapressMais
Houve aumento da inadimplência entre as famílias com renda até dez salários, saindo de 22,7% em dezembro para 23,1% em janeiro. Por outro lado, famílias com renda acima de dez salários tiveram recuo nas contas em atraso, saindo de 11,5% em dezembro para 10,9%.
A federação avalia que o aumento da inadimplência entre famílias com renda menor pode estar relacionado ao peso da inflação dos alimentos sobre o orçamento doméstico, que constitui parte significante dos gastos de classes menos favorecidas.
“O emprego, variável que tem sustentado a renda e evitado um descontrole maior, pode desaquecer com a desaceleração da economia e o crédito mais caro. Se isso ocorrer, manter a taxa de desemprego baixa pode não ser o suficiente para conter o aumento dessa inadimplência”, diz a FecomercioSP em nota.
A FecomercioSP ouviu 2.200 consumidores na capital paulista.