Em entrevista exclusiva ao Sindseg PR/MS, a coach Marisol Gimenes fala qual será a tônica para empresas e carreiras no pós-pandemia.

No momento em que alguns países já começam a anunciar a vacinação em massa, o Sindseg PR/MS procurou a educadora executiva comportamental, Marisol Gimenes, para falar sobre as lições que ficam da pandemia e os principais desafios e competências para este novo momento.

Marisol Gimenes

Home office parcial

Eu particularmente sou extremamente contra o modelo 100% home office. Eu acho muito difícil você desenvolver a cultura da empresa nesse modelo, acaba robotizando as relações nessa rotina de uma videoconferência em outra. Nós vínhamos trabalhando já há muito tempo na humanização das organizações e o home office vai contra essa tendência.

Uma empresa que eu atendo optou pelo sistema híbrido, três vezes presencial e duas home office. Até aí tudo bem, 100% home office eu não recomendo. O ser humano, o nosso cérebro é relacional, nós precisamos desse contato com as pessoas. Apesar do lado positivo de não perder tanto tempo em trânsito e tudo, mas um dos grandes problemas do home office é que o universo das pessoas, profissional e pessoal, se misturaram.

Tem muita gente avançando o horário comercial sobre o tempo que teria com a família, as vezes no final de semana, chegando ao ponto da pessoa se perceber deprimida por não ter mais aquele tempo para ela, de prazer e desconexão. As relações familiares, aquilo que dá prazer para a pessoa enquanto indivíduo, indiretamente é o que traz a motivação para o dia a dia das empresas e acaba fazendo falta se cada um trabalha de casa.

Então na minha opinião o modelo híbrido é mais saudável. O ser humano é um ser relacional e os relacionamentos se constroem a partir das interações informais. Na videoconferência normalmente as pessoas entram, cumprem a pauta e saem sem aquela interação mais descontraída que acaba fazendo falta.

Alguns líderes, inteligentemente, estão procurando suprir esta lacuna marcando reuniões informais, de coffe break e happy hour, isso é positivo e eu recomendo. Acontece que as relações mais profundas são construídas sem hora marcada. As vezes naquele momento específico da reunião, ainda que informal, a pessoa já não está confortável em compartilhar uma situação que já ocorreu antes e não teve ninguém para compartilhar.

Desenvolvimento de competências

Primeiro ponto importante é buscar o autodesenvolvimento. Se você tiver dificuldades não perca tempo e não tenha vergonha, vai procurar ajuda. Para empresas, também é preciso estimular o autoconhecimento dos colaboradores.

Arrisque mais, entre em ação. Aja mais, vença aquele “monstro” interior. Medo é uma emoção involuntária e inconsciente. Nós precisamos enfrentar o medo e tomar atitudes. Seja mais positivo. Desenvolver essa capacidade positiva, diminuir o foco no problema e aumentar na solução. Seja parceiro dos colegas e das organizações. Seja alguém que agrega e não fica apenas apontando os problemas.

4 competências mais importantes na atualidade

Adaptabilidade

Adaptabilidade é hoje na minha opinião a competência mais importante. Desenvolver essa competência de ser adaptável a novos cenários se tornou primordial. Quando a pessoa fica resistente a mudanças, como ocorrem muito rápido – vivemos um universo extremamente volátil – é uma cochilada e a pessoa ficou para trás. O tempo passou, as coisas aconteceram e já se chegou a um terceiro ou quarto momento que a pessoa nem sabe o que aconteceu e já perdeu o bonde.

Tem gente que ainda está reclamando por conta da pandemia. Pare de reclamar e olhe para a solução. O que se pode fazer de novas oportunidades, de novos produtos para o seu cliente. O que se pode oferecer de solução para a sua empresa.

Com a crise e corte de gastos das empresas, muitas pessoas têm reclamado da mudança de chefe, que não conseguem se adaptar. Também não vejo espaço para se lamentar, o jeito é construir a adaptação ou mudar de trabalho, ninguém está amarrado.

Desde o maior executivo de seguradora até o micro empreendedor de uma corretora ninguém tem uma solução pronta, todo mundo está tateando, experimentando, não existe manual de pandemia. Então os novos líderes, também estão numa situação difícil, é preciso pensar o que cada um pode fazer para se adaptar ao novo modelo de gestão.

Inteligência emocional

O segundo ponto importante é a inteligência emocional. Nós precisamos aprender a gerir nossas emoções. Eu não controlo as emoções, elas são involuntárias e inconscientes, mas eu posso sim, aprender como gerenciar os meus sentimentos e os comportamentos que vem a partir dessa emoção primária. Isso ajuda também a desenvolver adaptabilidade e resiliência.

Quando se fala em inteligência emocional, o primeiro pilar é o autoconhecimento. Olhar para si, entender como essas emoções acontecem, como gerenciá-las, e também, como gerenciar as emoções das pessoas que estão ao redor, como colegas e colaboradores. Depois do autoconhecimento é a autogestão e o terceiro pilar é a automotivação.

Com a inteligência emocional eu consigo aprender como me automotivar a partir do autoconhecimento. Ai eu começo a entrar em ação, me movimentar e deixo essa zona de conforto e de ficar apenas reclamando.

O quarto pilar da inteligência emocional é a empatia e por último a habilidade social. Então a inteligência emocional é uma das competências mais completas e complexas, praticamente um pré-requisito, exigida para muitas vagas, principalmente cargos de gerência.

Aprendizagem contínua

Outra competência que eu falo bastante também é a aprendizagem contínua. Além dessa questão de estar constantemente se desenvolvendo, é a capacidade que nós precisamos ter de aprender, desaprender o que já sabíamos e reaprender. Todo dia é uma coisa nova, por exemplo, veio o home office, depois algumas empresas voltaram para o presencial, um dia vem a determinação que pode ir ao restaurante, no outro fecha tudo de volta. Quando eu falo de aprendizagem contínua, eu falo tanto de desenvolvimento interpessoal, como também de desenvolvimento pessoal e competências técnicas.

Pensamento analítico e inovador

O quarto ponto é o pensamento analítico e inovador. Nossa capacidade de analisar um problema desafiador, grande, e dividir em pequenas partes propondo uma solução inovadora. Não é inventar algo extremamente novo, inovação nada mais é do que você fazer o que precisa ser feito de forma diferente e que entregue novos resultados.

Com esta situação de pandemia, a competência de pensamento analítico e inovador é essencial. Porque tudo está acontecendo de uma hora para outra e nós somos vulneráveis. Uma situação dessa grande e complexa de todos mundo estar fechado em casa, é preciso fracionar o problema e trabalhar a solução de cada uma das frações especificamente. Aí fica mais fácil de resolver.

NA ENTREVISTA COMPLETA, MARISOL GIMENES FALOU TAMBÉM SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO, DA ATIVIDADE FÍSICA E DO SONO PARA A CONCENTRAÇÃO E EFICIÊNCIA. DESTACOU QUE A VIVÊNCIA PRÁTICA É O QUE PERMITE A FIXAÇÃO DO APRENDIZADO E FINALIZOU ENFATIZANDO O DESAFIO DE SE VIVER O MOMENTO, DA NECESSIDADE URGENTE DAS PESSOAS PARAREM UM POUCO DE PENSAR NO PASSADO E NO FUTURO E ESTAREM PRESENTES POR COMPLETO NAS INTERAÇÕES PESSOAIS E PROFISSIONAIS.

A ENTREVISTA COMPLETA ESTARÁ DISPONÍVEL EM BREVE NA TV SINDSEG PR/MS

Marisol deixou algumas sugestões de leitura para o desenvolvimento de competências:

Execução”, de Larry Bossidy e Ram Charan;

“Mindset: A nova psicologia do sucesso” de Carol Dweck;

“O Poder do Agora”, de Eckhart Tolle;

Tríade do Tempo”, de Christian Barbosa;