Notícias | 28 de novembro de 2022 | Fonte: Estadão | Antonio Penteado Mendonça

Faz um certo tempo que a sensação de insegurança em São Paulo vem crescendo assustadoramente. Até que ponto é uma sensação equivocada e até que ponto existe uma base concreta para ela é tema discutível e contestado pelas autoridades de segurança pública. Mas o fato incontroverso é que o paulistano está com mais medo e as cenas mostradas diariamente pelas televisões abertas e fechadas dão base para o cidadão estar com medo.

As cenas filmadas pelas câmeras de segurança instaladas pela cidade são apavorantes e mostram assaltos na Avenida Paulista, tentativas de roubo de veículos nas portas das escolas, agressões nos portões das residências, assassinatos frios, praticados com crueldade… o menu da violência é amplo e se estende para todos os lados da Capital e da Região Metropolitana.

Ninguém duvida que as forças de segurança estão fazendo seu melhor, nem que suas intenções são as mais louváveis e que seu objetivo é garantir, na medida do possível, a paz urbana. Só que não está funcionando ou pelo menos a sensação que a população tem é de que não está funcionado.

Entre os crimes em alta estão o furto e roubo de motocicletas e bicicletas. Quer dizer, os veículos de duas rodas estão em primeiro plano no amplo cardápio da criminalidade.

Faz tempo que as motos são visadas. Elas têm alto valor para os criminosos porque se prestam a uma série de ações consequentes ao roubo ou furto. Podem ser usadas para a prática de novos crimes, podem ser desmontadas em desmanches que colocam as peças no vasto mercado paralelo, podem ser revendidas e as de valor mais elevado podem ser usadas para impressionar as comunidades, onde são usadas para “shows” que engrandecem os bandidos aos olhos dos espectadores. Isso para não falar no roubo das motos dos entregadores de delivery para serem usadas em assaltos às residências que fizeram os pedidos ou a pedestres desavisados caminhando pelas calçadas.

Só que, além delas, as bicicletas também caíram no gosto dos criminosos e o seu roubo e furto tem crescido muito. É importante não esquecer que algumas bicicletas chegam a custar o mesmo que um carro popular e que sua recuperação é muito mais difícil do que a de um automóvel. Então sua subtração e posterior revenda é altamente interessante em termos financeiros, além de ser bastante segura, porque é fácil roubar a magrela e não é fácil, depois, rastrear uma bicicleta roubada.

O resultado é que as seguradoras passaram a pagar mais indenizações e isto está custando caro e comprometendo o resultado de suas carteiras. O primeiro movimento seria o reajuste dos preços dos seguros, só que, em função da alta taxa de sinistralidade, apenas o aumento do preço não está sendo suficiente para estancar o aumento das indenizações. E subir ainda mais o prêmio esbarra na crise. Como não poderia deixar de ser, o quadro tem consequências. Várias companhias não estão mais aceitando estes seguros e isto é ruim para a sociedade, que fica desprotegida pela inviabilização do negócio.