Swiss Re vê potencial para seguros personalizados na forma de cobertura de vida, assistência médica, invalidez e doenças graves, para gerenciar os riscos.

Valor Econômico – 29 de Junho de 2021

Os trabalhadores no Brasil estão se aposentando sem ativos suficientes para cobrir suas necessidades e registram déficit de US$ 180 bilhões (R$ 887 bilhões) de poupança previdenciária por ano, segundo estudo da Swiss Re Institute publicado nesta terça-feira em Zurique. Essa lacuna aumenta os riscos de pobreza, saúde precária e pressão sobre as gerações mais jovens, nota a entidade.

Na América Latina como um todo, a lacuna de poupança é estimada em US$ 514 bilhões por ano, ou US$ 50 mil por trabalhador, em média, equivalente a cerca de 6,2 vezes a renda salarial média anual. O estudo avalia que a situação tende a se agravar com a crise de covid-19.

Lacuna de poupança previdenciária é definida como a diferença entre os fundos previdenciários disponíveis e a necessidade de aposentadoria das populações trabalhadoras. A Swiss Re explica que soma todas as contribuições previdenciárias (obrigatórias e voluntárias), os rendimentos esperados dos fundos previdenciários e poupanças acumuladas durante os anos de trabalho, subtraídos da soma de dinheiro necessária para financiar 65% da renda.

No total, os mercados emergentes enfrentam um déficit de US$ 5,4 trilhões por ano. No acumulado, essa lacuna de poupança no grupo alcança US$ 106 trilhões. Na América Latina, o déficit acumulado é estimado em US$ 10 trilhões sobre todas as aposentadorias dos trabalhadores.

O Brasil tem a maior lacuna de poupança previdenciária em razão de sua grande população trabalhadora. Ao mesmo tempo, o país tem o que Swiss Re chama de “maior adequação previdenciária”, com fundos capazes de fornecer cerca de 50% da renda necessária na aposentadoria.

Em comparação, o Chile registra o maior déficit de poupança previdenciária na região por trabalhador, de US$ 133 mil. Os recursos estimados no país cobrem apenas 42% da renda previdenciária que os aposentados vão necessitar.

Essa situação nos emergentes é atribuída a muitas causas. A Swiss Re nota que o envelhecimento da população pressiona cada vez mais os sistemas previdenciários nacionais. Uma força de trabalho reduzida sustenta uma população cada vez mais idosa. As despesas públicas com previdência aumentam fortemente em termos de percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), colocando pressão sobre as contas públicas, enquanto a queda na taxa de juros aumenta a longo prazo o desafio dos recursos previdenciários. A crise do covid-19 exacerbou essas tendências no curto prazo.

Os recursos para aposentadoria na América Latina tem sido historicamente baixos, diz Kaspar Mueller, presidente da Reinsurance Latine America, no comunicado da Swiss Re. A cobertura previdenciária, ou proporção da população trabalhadora coberta pela previdência, é reduzida, refletindo parcialmente a grande fatia de trabalho informal nas economias da região.

Assim, as pessoas no Brasil, na América Latina e nos mercados emergentes como um todo vão precisar cada vez mais organizar sua própria poupança para a aposentadoria. O estudo observa que as reformas previdenciárias estão transferindo para os indivíduos a responsabilidade de economizar e gerir riscos ao longo da vida, desde risco de mortalidade, morbidade a desempenho do investimento.

A Swiss Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, vê potencial no atual contexto, com a necessidade das pessoas por proteção de seguro mais personalizada, na forma de cobertura de vida, assistência médica, invalidez e doenças graves, para gerenciar os riscos.