Sonho Seguro – Por Denise Bueno – 19/07/2022 20:25 – Por Gabriel Rego, Head Travel Brasil da Europ Assistance Brasil
Desde o início da pandemia da Covid-19, cerca de dois anos atrás, o setor de turismo foi um dos mais afetados. O receio das pessoas em se contaminarem ao embarcar em navios e aviões, ou se hospedar em hotéis com outros turistas, paralisou completamente o setor. Como se não bastasse, muitos países também fecharam suas fronteiras, impedindo a circulação de pessoas, inclusive em destinos mais remotos.
Se as pessoas não viajam, elas não precisam (e não compram) um seguro viagem. A expectativa era de que, com a vacinação sendo aplicada em massa, a pandemia seria controlada mais rapidamente e a vida voltaria ao normal, assim como as viagens também.
Porém, a realidade hoje não é bem essa. Mesmo com boa parte da população sendo vacinada (ao menos no Brasil), o segmento de seguro viagem segue sendo afetado. Segundo um levantamento da Europ Assistance Brasil (EABR), uma das maiores empresas de serviços de assistências para viagens e turismo do mundo, o volume de utilização do serviço aumentou quase 50% em comparação ao período pré-pandemia.
Acredito que existem três principais motivos para o crescimento dessa demanda. O primeiro deles, certamente, a Pandemia gerou uma grande preocupação em boa parte das pessoas, seja pela própria saúde, seja pelo risco de contaminar os demais a sua volta. Ao menor sinal de febre ou tosse, os clientes já buscam o atendimento de um médico ou especialista.
Esse crescimento na utilização do seguro viagem é algo muito atípico e não acontecia antes da pandemia porque simplesmente as pessoas evitavam a todo custo ir ao médico enquanto estavam viajando. Ninguém queria perder um minuto se quer das suas férias, fosse viajando pelo Brasil ou no exterior.
Outro motivo para o aumento da sinistralidade foi a necessidade de incluir o teste de Covid no atendimento. Ou seja, toda vez que havia dúvida sobre a saúde do passageiro, as empresas do setor deveriam fazer o teste anti-covid. Apesar de não discutir a importância dessa medida para a segurança e controle da pandemia, o fato é que as despesas aumentaram em um terço, em média.
Por fim, as empresas de seguro viagem tiveram ainda que arcar com os custos dos cancelamentos das viagens (o que inclusive estava previsto em contrato) e a necessidade de apoiar os passageiros que se viram obrigados a realizar quarentenas enquanto aguardavam os resultados dos testes de Covid.
Quando analisamos os números, essa transformação na forma de utilizar o seguro viagem após a pandemia fica ainda mais clara, os custos dos atendimentos médicos aumentaram bastante, impactando o custo médio dos sinistros que saltaram de 400 dólares para mais de 700 dólares.
Mas existe também um lado positivo para o setor porque a pandemia contribuiu para uma maior conscientização sobre os cuidados com a saúde. Desta forma, os produtos ligados a assistência para viajantes seguirão se consolidando como parte fundamental na planificação de viagens e estarão cada vez mais presentes em toda cadeia de distribuição do turismo. Certamente a demanda e utilização seguirão em crescimento!