Sonho Seguro – 06/07/2023 10:03 – POR DENISE BUENO

A piora nas condições do cenário de crédito, com risco desencadeado pela crise na Americanas e altas taxas de juros, se traduziu em aumento do preço do seguro. Consequentemente, as seguradoras reportaram para a Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão que regula o setor, um crescimento de 24,3% no volume de vendas, para R$ 740 milhões. Já as indenizações tiveram alta de 411,9%, para algo próximo de R$ 1 bilhão.

“Registramos um aumento do tíquete médio do seguro de crédito superior a 20%, para algo próximo de R$ 400 mil por empresa”, conta  o vice-presidente de Riscos Corporativos da corretora Alper Seguros, Ilan Kajan Golia. Segundo ele, a repercussão do volume de indenizações pagas, especialmente para fornecedores impactados pela recuperação judicial da Americanas, fez a procura por informações sobre o seguro disparar. “Todos querem entender mais como funciona o seguro, mas este é um contrato que tem um prazo maior de negociação, com venda consultiva”, explica.

A média mensal de cinco apólices negociadas pela Alper triplicou depois da explosão da crise da varejista. No entanto, como o preço também explodiu em virtude da alta do volume de indenizações, as empresas contratantes aguardam para fechar o contrato, num sinal de esperança de que as taxas voltarão em breve para um patamar menor, com termos e condições mais favoráveis apresentados no pré crise Americanas, que acabou por dar sequência a outras empresas que revisaram seus balanços financeiros.

Este cenário de insegurança com a credibilidade dos balanços acendeu o farol vermelho nas resseguradoras, de quem as seguradoras compram seguro. “Muita gente procura, mas como ficou mais caro e restritivo, de cada dez operações, elas aprovam duas. Algumas seguradoras oferecem capacidade para até 50% da carteira de crédito do cliente, o que significa que ela está pagando o dobro pelo seguro. Antes da crise da Americans, mais de 70% de todo o faturamento da empresa tinha cobertura”, explica Golia.

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Para o presidente da CNSeg, Dyogo Oliveira, as indenizações foram impulsionadas por eventos de crédito recentes que contavam com a proteção do seguro. “Pelo lado da demanda, esses mesmos eventos geram uma maior busca por proteção. Isso, aliado ao fato de que a manutenção da taxa de juros em patamar elevado tende a aumentar a inadimplência, compõe o cenário de maior procura pelo produto”, diz. 

Para se ter uma idéia do impacto em crédito, uma carteira até então considerada rentável, todos os ramos e segmentos, menos a Saúde Suplementar, registraram incremento de apenas 2,2% nas indenizações, para R$ 77,2 bilhões, enquanto a receita com vendas de todo o setor cresceu 8,6%, atingindo R$ 117,4 bilhões. Em paralelo aos seguros de crédito, também registraram performances positivas os seguros de responsabilidade civil, marítimos e aeronáuticos, grandes riscos e riscos de engenharia.

Os seguros de crédito têm o objetivo reduzir o risco de operações de crédito, garantindo ao credor, aquele que cede recursos, o ressarcimento da operação definida no contrato de seguro, que será feito pela seguradora, caso ocorra inadimplência, por parte do devedor. O produto pode ser utilizado tanto para operações realizadas no território nacional quanto para operações financeiras destinadas à exportação, no entanto, a pessoa física ou jurídica que contratar o seguro deve estar domiciliada no Brasil.