Notícias | 1 de novembro de 2024 | Fonte: CQCS l Fernando Oliveira com informações do Valor Econômico – Reprodução: Polifrete
Em matéria divulgada pelo Valor Econômico, é ressaltado que o aumento da violência nas estradas brasileiras e a entrada em vigor de uma nova legislação têm impulsionado a procura por seguros para transporte de mercadorias no país. Em 2023, o Brasil registrou 17 mil ocorrências de roubo de carga — uma média de duas por hora — ficando atrás apenas do México no ranking mundial de roubos desse tipo. Apesar do uso crescente de tecnologias de rastreamento e do investimento em treinamento, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística, o número de casos continua a subir, com um aumento de 4,8% em relação a 2022 e perdas que somaram R$1,2 bilhão.
Nos últimos cinco anos, o mercado segurador no Brasil desembolsou mais de R$2 bilhões em indenizações para cobrir cargas roubadas, conforme a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). A maior parte das perdas se concentra nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que são responsáveis por 81,4% dos prejuízos, segundo um estudo da Nstech, plataforma líder em software para supply chain na América Latina. Esses dados ressaltam a importância crescente dos seguros no setor de transporte, à medida que as empresas buscam formas de mitigar os riscos e proteger seus ativos.
A procura por seguros de responsabilidade civil e desvio de carga, que oferecem cobertura para situações como desaparecimento total da mercadoria e roubo durante o transporte ou armazenamento, cresceu 8% em 2023, totalizando R$1,1 bilhão, conforme dados da CNseg. Especialistas apontam que esse aumento reflete a crescente preocupação das transportadoras com a segurança financeira diante dos riscos e foi impulsionado pela entrada em vigor da Lei 14.599/2023, que trouxe novas diretrizes para a contratação de seguros de carga, incentivando empresas a reforçarem a proteção sobre suas mercadorias e operações. “O mercado está em ebulição, uma vez que a responsabilidade primária, com a nova legislação, passa a ser do transportador, que tem mais regras a serem cumpridas”, diz Mirian Alves, membro da Comissão de Seguro Transporte da Federação Nacional de Seguros Gerais.
As transportadoras agora são obrigadas a contratar três novos tipos de seguros de responsabilidade civil para garantir maior segurança no transporte de cargas. O primeiro cobre perdas ou danos à carga decorrentes de eventos como colisão, tombamento, capotamento, incêndio ou explosão. O segundo oferece proteção contra roubos, furtos simples ou qualificados, além de apropriação indébita, estelionato ou extorsão que possam afetar a carga durante o transporte. Por fim, o terceiro seguro cobre danos materiais e corporais causados a terceiros pelo veículo utilizado no transporte, ampliando a proteção tanto para a carga quanto para as pessoas envolvidas no processo.
“Até pouco tempo era possível contratar várias apólices de roubo e acidente, agora só pode uma de cada”, afirma Adriano Yonamine, diretor-técnico de seguro de transporte da Sompo. “A tecnologia para prevenção de roubos tem avançado muito e hoje podemos dizer que os acidentes começam a ter um impacto maior na nossa carteira do que os roubos.” Segundo ele, em 2020, na carteira da seguradora, os roubos responderam por 55,5% dos sinistros e os acidentes, por 25%. Em 2023, os acidentes saltaram para 41,4% e os roubos foram 41,3%, com as demais causas respondendo por 17,3%.
O executivo destaca que o uso preventivo da tecnologia tem sido essencial para transformar o cenário de segurança no transporte. Em 2023, a Sompo monitorou R$115 bilhões em cargas, com a meta de atingir R$130 bilhões em 2024. “Mais de 205 mil viagens foram monitoradas no ano passado e alcançamos um índice de 52% de recuperação de cargas com medidas de pronta resposta”, diz. “Do total de R$115 bilhões, tivemos apenas R$9 milhões de sinistro, com prejuízo líquido de R$4,3 milhões, uma vez que o índice de recuperação foi superior a 50%.”
No primeiro semestre de 2024, as cargas fracionadas representaram 58,4% dos roubos, segundo dados da Nstech, seguidas por gêneros alimentícios (22,6%), eletrônicos (9%) e cigarros (6,1%). “O cenário está cada vez mais complexo, o que exige um trabalho de parceria, com a oferta de soluções para mitigação de riscos e apólices que ofereçam boas condições de segurança para o cliente”, afirma Diego Zanini, diretor de negócios da Wiz Corporate. “O corretor de seguros tem papel fundamental. Tem de ter capacidade consultiva, ser mais proativo do que reativo.”