Pesquisa feita por consultoria britânica aponta ser necessário trabalhar mais de quatro anos para pagar um zero km

Auto Esporte – Por Emily Nery – 18/08/2021 11h22  Atualizado há 22 horas

É praticamente unanimidade que está cada vez mais difícil ter um carro na garagem. Além do alto valor desembolsado para quitar um modelo novo ou usado, o proprietário precisa adicionar ao orçamento gastos como impostos, combustíveis e reparos.

Desse modo, uma pesquisa britânica comprova em números o que o bolso já sentia há tempos: o Brasil é o quinto país do mundo no qual os custos de aquisição e manutenção de um veículo são mais incompatíveis em relação ao poder aquisitivo de sua população.

O preocupante resultado foi apresentado pela Scrap My Car Comparasion, que levou em consideração os valores médios de seguro, reparos e preços atuais dos combustíveis com os ganhos anuais per capita médios de cada país. Assim, registraram a porcentagem do salário anual médio necessário para comprar e dirigir um carro.

De acordo com estudo da KBB para a Anfavea, inflação nos preços de automóveis e comerciais leves foi de 8,3% de junho de 2020 a julho de 2021 — Foto: Divulgação

De acordo com estudo da KBB para a Anfavea, inflação nos preços de automóveis e comerciais leves foi de 8,3% de junho de 2020 a julho de 2021 — Foto: Divulgação

Entre os 10 países onde o automóvel é mais acessível para população, a Austrália aparece na liderança. Lá, é necessário cerca de 49,48% do salário médio anual para comprar e manter um carro. Em seguida, estão Estados Unidos e Dinamarca, com médias anuais que giram em torno de 54,8% e 60,3%, respectivamente.

Na outra ponta do ranking, estão nada menos que sete países da América Latina, onde o salário médio anual da população é muito menor do que o necessário para a despesa relativa à compra e posse do carro. O Brasil está em quinto lugar e fica atrás da Turquia (primeiro), Argentina (segundo), Colômbia (terceiro) e Uruguai (quarto).Saiba maisEntenda a “MP do etanol”, aprovada por Bolsonaro na última semana

Por aqui, o salário médio anual necessário para custear um veículo é de 443,68%. Na média, para um brasileiro conseguir comprar e manter, ele teria que ganhar, no mínimo, mais de 4 vezes o que recebe por ano atualmente. Ou trabalhar mais de quatro anos somente para dar conta dos gastos o veículo.

Para termos uma ideia do descompasse, tomamos como base o salário mínimo, de R$ 1.100 mensais. Anualmente, esse valor somado é de R$ 13.200 – cerca de 12,4% do preço de um Jeep Renegade Sport 0km, tabelado em R$ 106.490. No caso do Mobi Easy 0km, os R$ 13.200 correspondem a somente 28,1% de seu preço à vista (R$ 46.490).

Volkswagen Gol 1.0 MPI já custa R$ 64.960. Valor é quase cinco vezes maior do que a renda anual do salário mínimo brasileiro — Foto: Divulgação

Volkswagen Gol 1.0 MPI já custa R$ 64.960. Valor é quase cinco vezes maior do que a renda anual do salário mínimo brasileiro — Foto: Divulgaçãohttps://c6d8a3d72a67ccdc4f866d8899a42946.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Trocando em miúdos, R$ 13.200 é R$ 22.291 a menos do que o necessário para dar entrada em um Volkswagen Gol 1.0 MPI. Além do interessado pagar os R$ 35.491 iniciais, orçará R$ 699 mensais, durante quatro anos, para quitar o carro. Essas parcelas, vale reiterar, custam mais da metade do salário mínimo do brasileiro. Isto é, sem contar gastos com combustível, impostos, reparos e seguro.

Veja a seguir os 10 países onde o valor do automóvel é mais desproporcional à renda anual média da população:

  1. Turquia (652,29%)
  2. Argentina (515,77%)
  3. Colômbia (508,93%)
  4. Uruguai (443,68%)
  5. Brasil (441,89%)
  6. Ucrânia (413,78%)
  7. Guatemala (355,94%)
  8. Rússia (290,04%)
  9. México (285,20%)
  10. Costa Rica (269,83%)

Confira os 10 países onde os custos de compra e manutenção de um veículo são mais acessíveis à população:

  1. Austrália (49,48%)
  2. Estados Unidos (54,87%)
  3. Dinamarca (60,34%)
  4. Canadá (64,40%)
  5. Suécia (75,84%)
  6. Alemanha (78,44%)
  7. Holanda (84,65%)
  8. França (87%)
  9. Reino Unido (89,36%)
  10. Finlândia (91,58%)

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