CORREIO DO ESTADO – MARIANA MOREIRA, THAIS LIBNI – 22/04/2022 08:30 – CRÉDITO DA FOTO: Gerson Oliveira

Além da região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, Campo Grande tem se destacado como rota do tráfico de drogas. Conforme balanço da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro a 19 de abril deste ano, as apreensões de cocaína triplicaram na Capital, em comparação com o mesmo período do ano passado.  

Em um recorte mais preciso, a apreensão da droga pelas forças de segurança saltou de 451,6 quilos entre janeiro e 19 de abril de 2021 para 1.460,9 quilos no mesmo período deste ano, crescimento de 223,7%.  

Em todo o Estado, a interceptação desse tipo de droga quintuplicou, com 665,3 quilos apreendidos nos primeiros quatro meses do ano passado, para 3.621,8 quilos em 2022, aumento de 444,3%.  

Entre as grandes apreensões está a do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), da Polícia Civil, que apreendeu 483,6 quilos de cocaína na MS-040, em Campo Grande, no dia 8 de março deste ano.

A droga foi avaliada em R$ 60 milhões. O entorpecente foi transportado em uma carreta, escondido junto a engradados de cerveja.

De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, a droga seria levada, a princípio, até a divisa de MS com o estado de São Paulo e de lá seguiria para o Porto de Santos. O último destino da cocaína seria a Europa, conforme Medina.  

Ao Correio do Estado, o coronel e diretor do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Wagner Ferreira da Silva, explicou que o aumento da apreensão de cocaína e demais entorpecentes em Campo Grande e nas demais cidades de Mato Grosso do Sul se deve ao investimento no núcleo de inteligência das forças de segurança.  

“O que temos notado em relação à cocaína é que houve uma mudança, a abertura de novas rotas e caminhos terrestres para o tráfico. E isso ampliou a nossa capacidade de repressão, pois nos últimos quatro anos tivemos um investimento muito forte no núcleo de inteligência”, salientou o coronel.  

MACONHA

Dados da Sejusp apontam ainda que a apreensão de maconha quadruplicou em 2022 na Capital, considerando o recorte de janeiro a 19 de abril. O salto de apreensões foi de 2.487,7 quilos em 2021 para 10.824,3 quilos este ano, crescimento de 335,1%.  

Na contramão, a apreensão de maconha no restante de Mato Grosso do Sul sofreu queda de 41%. De janeiro a 19 de abril de 2021, as forças de segurança no Estado interceptaram 169.771,4 quilos de maconha, ao passo que no mesmo período deste ano, foram apreendidos 100.316,6 quilos da droga.  

RADARES

Para o coronel, a instalação de radares na fronteira do Estado com o Paraguai e a Bolívia contribuiu diretamente para a diminuição do tráfico aéreo, o que favorece as operações de apreensão de drogas terrestres.

“Temos um conjunto de múltiplos fatores que estão contribuindo para que tenhamos bons resultados na apreensão de drogas”, afirmou Silva.  

O primeiro radar, inaugurado em Corumbá, em agosto de 2020, foi implementado pelo governo federal para fiscalizar o tráfego de aeronaves voando em baixas altitudes na fronteira de Mato Grosso do Sul.  

Em seguida, as cidades de Porto Murtinho e Ponta Porã receberam os radares para monitoramento em março e junho de 2021, respectivamente. Ao todo, foram investidos mais de R$ 127 milhões nos três sistemas, que fecham a vigilância do espaço aéreo em Mato Grosso do Sul.

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Apreensão de 483,6 quilos de cocaína realizada pelo Dracco no dia 8 de março, em Campo Grande –