Revista Cobertura – Por – 11/01/2022 as 11:20
Eduardo Michelin – Líder da área de transportes, casco marítimos & aeronáutico da Willis Towers Watson
O transporte de cargas no Brasil foi um dos segmentos que mais sofreu com os impactos da pandemia da COVID-19. Fábricas foram fechadas, produções reduzidas, empregos foram cortados e o consumo diminuiu. Porém, com o ano quase no final, já conseguimos enxergar uma luz no fim do túnel.
Dados da Susep mostram um crescimento de 31.5% na contratação de seguros de carga e transporte até o fechamento do primeiro semestre. Quando comparamos com o mesmo período do ano anterior, onde houve uma redução drástica, ainda assim, notamos uma expansão significativa e demonstra um aumento do apetite de consumo no segmento.
Além disso, fatores como a alta da inflação e a variação cambial, nos casos de importação e exportação, afetam diretamente o valor das cargas transportadas e, consequentemente, na movimentação segurada dessas operações. São aspectos que devem ser cuidadosamente avaliados durante as contratações.
Após um ano muito fraco, podemos destacar algumas tendências que devem predominar durante a retomada econômica. Em disparada, como fator determinante dessa expansão está o massivo consumo on-line. As vendas por meio de plataforma de e-commerce devem movimentar bastante o segmento. Empresas como Mercado Livre, por exemplo, assumem grande representatividade não apenas como plataforma de intermediação de vendas de produtos, mas sim como um forte operador logístico que vem mudando significativamente a relação com o mercado.
Com essa migração do consumo físico para o virtual, o impacto é direto no perfil de contratação do seguro de transportes. Antes, os grandes fabricantes de mercadoria não tinham distribuição porta a porta, as entregas eram realizadas diretamente para os magazines e supermercados, então, o consumo se dava a partir dali. Agora, o volume de entrega direta muda completamente a logística e a negociação com operador, forçando a readequação de tecnologia para os veículos, e como consequência, a necessidade de mudança no perfil do seguro, sendo necessário redesenhar as apólices e rever o processo de gestão de riscos.
Outra tendência que pode ser observada é a elevação da taxa de sinistralidade. Por se tratar de um modelo de transporte mais vulnerável na distribuição de pontas, aumenta também a probabilidade de ocorrências de perdas. As seguradoras passam a ter um cuidado maior para absorver esse tipo de risco, por causa da exposição mais elevada, o que pode acarretar o aumento do preço do seguro.
Além disso, outro fator preocupante é com a elevação dos roubos de carga, que cada vez mais se torna uma preocupação latente para as empresas, pois estes problemas ganham relevância em períodos de crise econômica.
Em relação ao modal de seguro que vem impulsionando o crescimento, vemos o aéreo ganhando cada vez mais relevância, principalmente como transporte de mercadorias de alto valor agregado em segmentos específicos, como hospitais e farmacêutico.
Vale frisar que o transporte rodoviário continua concentrando a matriz de transportes no país, representando 66% das movimentações, seguido por 21,4% de ferroviário, 7,9% de cabotagem, 1,4% de hidroviário e também 1,4% de dutoviário, de acordo com dados do Plano Nacional de Logística.
Diante disso, o gerenciamento de riscos logísticos se torna cada vez mais crucial. A Willis Towers Watson foi a pioneira na prestação de serviços de consultoria independente e focada exclusivamente no seu cliente, aliada à contratação do seguro.
Nossa atuação vai além da comercialização de uma apólice, fazemos todo processo de interação entre as seguradoras parceiras e com o cliente, prestando consultoria acurada no gerenciamento de risco, com profissionais especializados, uso da mais avançada tecnologia, de ferramentas e aplicações diferentes, com o objetivo de fornecer dados e análises de qualidade para a melhor decisão de nossos clientes.
Para o próximo ano, esperamos por uma retomada econômica com aumento do consumo e diminuição do desemprego, sendo o segmento de transporte um importante termômetro no monitoramento dos indicadores financeiros. Embora a projeção de crescimento do PIB seja pequena, nosso segmento deve se mostrar cada vez mais dinâmico e com a necessidade frequente de acompanhamento e revisão das rotinas e aplicação das apólices de acordo com a necessidade de cada cliente.