Notícias | 15 de outubro de 2024 | Fonte: CQCS | Adriane Sacramento

Para explorar as transformações e tendências no segmento auto, especialmente com o avanço dos carros elétricos e a adoção de agendas sustentáveis, o 23º Congresso Brasileiro de Corretores de Seguros promoveu um debate enriquecedor. O evento reuniu especialistas e lideranças do setor para discutir como a inovação tecnológica e a sustentabilidade estão moldando o futuro do mercado.

“O seguro auto faz parte do dia a dia de 100% das corretoras do país”, explicou Ricardo Garrido, presidente do Sincor-SP. O mercado de seguros de automóveis passou por um movimento significativo de consolidação nos últimos anos. Há 10 anos, 16 seguradoras detinham 90% da receita do setor; cinco anos atrás, esse número caiu para 11, e hoje apenas seis seguradoras concentram 90% da produção, segundo o diretor executivo de Produtos Massificados da Tokio Marine, Marcelo Goldman.

Mesmo com a concentração, a oferta de produtos permanece ampla, com opções que variam de coberturas básicas a completas, além da atuação de seguradoras menores que mantêm a competição. Segundo o exemplo do Japão, “três seguradoras concentram 80% do mercado, mas a competição é feroz, com margens apertadas e foco na eficiência, cenário parecido com o brasileiro”, disse Goldman.

A tecnologia, por sua vez, tem aberto portas. De acordo com Rafael Ramalho, vice-presidente de Auto do Grupo HDI, os recursos de assistência ao motorista já estão presentes há algum tempo. O executivo destacou que, hoje, praticamente todos os veículos contam com sensores de estacionamento, mas também temos sistemas cada vez mais avançados.

“Em países mais desenvolvidos, cerca de 30 a 40% dos veículos possuem dispositivos de tecnologia avançada para assistência ao motorista. Estamos observando alguns fenômenos para entender o que pode acontecer no Brasil”, disse o executivo. No entanto, de acordo com Ramalho, ao mesmo passo que os carros se tornam mais autônomos, surgem discussões mais profundas: se um veículo autônomo é programado por uma locadora, quem é o segurado ou o responsável: o proprietário do veículo ou a locadora que programou a automação?; como lidar com ataques hackers?. São questões que o mercado ainda está compreendendo.

Com a chegada dos primeiros GPS, já realizávamos testes e instalações em veículos para adaptar o uso à tecnologia. Hoje, com smartphones e inteligência artificial, o nível de informação disponível é impressionante e gera disputa pelo controle de dados entre fabricantes e empresas de tecnologia. “Estamos vendo mudanças na propriedade dos veículos, especialmente entre os jovens, que preferem o uso sob demanda a possuir um carro, o que mudará nosso conceito de propriedade e, com o tempo, os modelos de seguro”, informou Oscar Celada, CEO adjunto de negócios da MAPFRE.

Demografia e sustentabilidade

Há 40 anos, a faixa etária de 20 a 29 anos representava cerca de 20% da população; hoje, é menos de 10%. Esse declínio impacta o seguro de automóveis: há 10 anos, jovens de 18 a 25 anos eram 3% da carteira e agora são apenas 1%. De acordo com Ney Dyas, a aquisição de veículos cresce com o avanço da idade, especialmente perto dos 30 anos, quando casar e ter filhos torna o carro essencial pela conveniência, privacidade e segurança. O número de segurados quadruplica entre os 20 e 25 anos e segue aumentando até os 35. Além disso, quem antes parava de dirigir mais cedo agora permanece mais tempo ativo, enquanto novos consumidores entram no mercado ao formar família. 

“A impressão que a gente tem é que existem novas oportunidades, como carro alugado a longo prazo e compartilhado, mas o que observamos é essa combinação: o grupo dirigindo por mais tempo e outro optando pelo carro na fase de formação familiar”, disse.

O Brasil firmou o compromisso de reduzir em 53% as emissões de carbono até 2030. Acompanhando as mudanças globais, o mercado de veículos elétricos tem crescido exponencialmente. “Vemos o consumidor muito aberto ao consumo de veículos elétricos e híbridos. Uma pesquisa realizada no começo deste ano mostra que 40% dos consumidores comprariam veículos elétricos e híbridos, com menor consumo econômico, metodologia de combustível e outras opções pensadas para o meio ambiente”, disse Patricia Chacon, COO da Porto Seguro, acrescentando que, na empresa, o cliente que possui carro elétrico consegue ser atendimento em um oficina com a tecnologia certa.