Com participação de personalidades do mercado segurador mediadas por Carlos Alberto Sardenberg, foi traçado um diagnóstico da economia brasileira e das perspectivas para o seguro, em evento que marcou o lançamento da TV Sindseg PR/MS e o aniversário de 97 anos do sindicato.
Mais de 900 pessoas assistiram ao vivo na última quarta-feira (25/08) a primeira transmissão da TV Sindseg PR/MS, o canal no YouTube do Sindicato das Seguradoras do Paraná e do Mato Grosso do Sul, com link no website da instituição.
O painel “Cenários Econômicos: oportunidades e desafios para o mercado segurador” teve participação do jornalista de economia Carlos Alberto Sardenberg e dos painelistas Márcio Coriolano (presidente da CNseg), Ivan Gontijo (presidente da Bradesco Seguros) e Murilo Riedel (CEO da HDI Seguros), além do presidente do Sindseg PR/MS, Altevir Prado, que fez a abertura e falou sobre o papel dos sindicatos patronais “em agregar valor aos seus representados e procurar nortear o setor que representam”.
Entre as percepções dos painelistas, Sardenberg mostrou que a inflação anualizada no Brasil está em 9,30% enquanto a meta para este ano é 3,75%. Segundo ele, esta persistência de inflação alta em função de vários fatores (falta de chuvas impactando na conta de energia, alta do dólar e dos combustíveis e crescimento da demanda de commodities encarecendo os alimentos) está obrigando o Banco Central a subir fortemente os juros. “Juros altos representam crédito mais caro inibindo investimentos e retomada econômica”, afirmou ele, destacando que a proximidade das eleições tende a deixar o mercado ainda mais turbulento.
Mesmo neste cenário econômico desfavorável, o presidente da CNseg Marcio Coriolano disse que os números indicam retomada do setor segurador em “v”. “O seguro, que vinha crescendo a 12,3% antes da pandemia, nos períodos de maiores restrições de circulação no final de 2020 passou a crescer a apenas 1,3%, mas agora no fim de junho já estava em 12% novamente”.
Segundo Coriolano, com a pandemia, a percepção de finitude da existência humana e aversão ao risco alavancou muito o seguro de vida e de saúde, além do seguro residencial. Para o presidente da CNseg, com as pessoas ficando em casa, houve uma espécie de economia forçada, uma folga no caixa das famílias. “Tudo isto somado ao sentimento aversão ao risco não só do vírus, mas também de catástrofes naturais e tantos outros temores, grande parte das famílias que não consumiam seguro hoje já colocam na lista de prioridades, logo após os itens mais essenciais, como alimentação, vestuário e transporte”.
Na avaliação de Coriolano, o setor de seguros está tendo o condão de se sair melhor porque está respondendo às preferências da população. “Pode ajudar muito agora neste ciclo pior que o país vai viver, por força de inflação, etc. porque ele também tem o fito de desonerar o estado. Quanto mais pessoas comprarem previdência privada, por exemplo, desonera a previdência social. Quanto mais utilizarem o seguro saúde, também desonera o SUS”.
Oportunidades e desafios
Na avaliação do presidente da Bradesco Seguros, Ivan Gontijo, ao mesmo tempo em que o cenário econômico é desafiador, abriu-se uma janela de oportunidades para o mercado. “No momento em que a residência deixou de ser aquele lugar que passávamos algumas horas para dormir e passou a ser um local de trabalho, de convívio com os familiares, onde passamos a maior parte do nosso tempo, ter a proteção no âmbito residencial é fundamental e esse produto passa a ser objeto de desejo”.
O seguro de vida, segundo ele, é outra modalidade que cresceu muito e demandou adaptações. “O cliente passou a enxergar o seguro de vida não só depois da morte, mas acima de tudo, os serviços diferenciados como telemedicina, atendimento a doenças graves e outras coberturas e serviços atrelados a esse seguro de vida. O crescimento nesse segmento foi gigantesco”.
LGPD x Open Insurance
Provocados a falar sobre os grandes temas do momento, os painelistas classificaram a LGPD como uma forma de organizar melhor o uso das informações do consumidor. Destacaram que, a despeito do Open Insurance surgir como novidade, o mercado já tem larga experiência no compartilhamento de informações, especialmente no segmento previdência.
“O primeiro pilar que a meu ver se faz necessário esclarecer é a questão de governança, da preocupação com os dados, a questão da proteção, da privacidade, e acima de tudo, da capacidade de consentimento do consumidor. É fundamental dar essa oportunidade ao consumidor para que de uma forma expressa cristalize a sua posição. Se quer compartilhar os dados, até que nível e condições e para qual objetivo. Seja para obter um melhor produto, uma melhor assistência ou melhor serviço”, disse Gontijo, avaliando que a regulação desse ambiente de Open Insurance ainda é incipiente, com vários pontos que precisam ser mais bem esclarecidos.
De acordo com o CEO da HDI Seguros, Murilo Riedel, o mercado segurador investiu nos últimos anos recursos importantes na análise de informações. “Todas as seguradoras estão bem equipadas em `analytics`. No seguro de propriedades temos um mercado de preços extremamente competitivo que vem justamente da estrutura de análise de dados que temos sobre o segurado e seus bens. Isso que faz com que o mercado brasileiro seja muito sofisticado e tenha uma disponibilidade de produtos interessantes com ótima relação de custo-benefício”, disse Riedel, avaliando que nos seguros patrimoniais provavelmente o Open Insurance não trará reduções de preços significativas porque as margens já são apertadas.
Sandbox
O Sandbox é um ambiente experimental constituído com condições especiais, limitadas e exclusivas que não representem barreiras à inovação. O ambiente tem como objetivo reduzir os custos e facilitar os processos para os consumidores, com foco na melhoria da experiência do usuário. Para o dirigente da HDI também será um ambiente que abrirá oportunidades. “Falamos do Sandbox – novo market place para as seguradoras – mas tem um novo elemento que é o iniciador, quase que um intermediário, minerador de dados. Vai ficar investigando as oportunidades que estão abertas para o segurado para ele transformar isso em inteligência e oferecer ao mercado de alguma forma. Por exemplo, estou com esse cliente aqui que foi matematicamente analisado, você tem alguma coisa interessante para ele? Portanto a gente vive um momento em que a matéria-prima fundamental é a informação, mas vou precisar realmente me assegurar que essa informação está sendo bem utilizada porque senão esse ecossistema vai falir”, finalizou Riedel.
TV Sindseg PR/MS
Este painel marcou o lançamento oficial da TV Sindseg PR/MS no YouTube e também deu nome ao seu primeiro programa, chamado de “Painel”, que mensalmente trará autoridades do mercado para discutir os temas mais relevantes. A programação da TV Sindseg PR/MS vai mesclar transmissões ao vivo com matérias e entrevistas gravadas. O objetivo é trazer novidades não só para as seguradoras mas também para o mercado consumidor de seguros. Para ter acesso ao conteúdo, basta entrar no Canal da TV Sindseg PR/MS no YouTube, se inscrever e ativar o sininho, que será notificado sempre que o sindicato publicar um novo vídeo.