CNseg – 05.01.2022

O primeiro relatório Focus de 2022 manteve as tendências observadas nas expectativas das últimas semanas, de nível de atividade mais fraco, mas também de inflação um pouco mais baixa. A projeção para o crescimento do PIB no ano passado – os dados referentes ao último trimestre de 2021 ainda não foram divulgados pelo IBGE – caiu marginalmente mais uma semana, de 4,51% para 4,50%. Para este ano, a queda foi mais significativa: de 0,42% para 0,36%.

Após a divulgação do IPCA-15 de dezembro um pouco abaixo do esperado (ficando em 10,42% em 2021), as projeções para o IPCA em 2021 (cujo resultado final será conhecido na semana que vem) continuaram a apresentar queda marginal, de 10,02% para 10,01% Para 2022, a projeção para a inflação oficial permaneceu em 5,03%. Dados fiscais divulgados na semana passada pela Secretaria do Tesouro Nacional e pelo Banco Central mostram um quadro mais positivo que o esperado, com o governo central —Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — registrando superávit primário de R$ 3,9 bilhões em novembro.

Para efeitos de comparação, no mesmo mês do ano anterior as contas haviam ficado negativas em R$ 18,3 bilhões. Tais resultados podem ter implicações nos rumos da política econômica este ano. O risco fiscal, principalmente após a PEC dos Precatórios que permitiu a expansão de gastos de 2022, vem norteando a atuação recente do Banco Central, tendo sido apontado em todas as comunicações recentes da autoridade monetária como fator que poderia colocar a inflação em trajetória mais alta que o previsto.

Ainda que alguns especialistas em contas públicas apontem diversas razões para que essa percepção de alívio seja temporária (sendo as mais importantes delas o efeito da inflação das receitas e a retomada da arrecadação de alguns impostos suja cobrança foi adiada no auge da pandemia), é importante estar atento para o fato de que, se tal consolidação fiscal se mantiver a despeito do enfraquecimento do arcabouço fiscal, este será mais um fator em favor da desinflação deste ano, podendo alterar os rumos da política monetária.

Afinal, como analisamos na semana passada, é possível que, ao longo deste ano, a combinação de determinadas condições possa promover uma “desinflação” mais forte do que o anteriormente antecipado. São essas as condições: i) a economia em desaceleração; ii) o efeito da política monetária restritiva já em curso; e iii) o arrefecimento de choques pontuais que elevaram muito a inflação este ano – como, por exemplo, o impacto da crise hídrica nos preços da energia elétrica. Na agenda de divulgação de indicadores econômicos, destaque para a produção industrial de novembro, na quinta-feira (06/01).