CNseg – 11 de Junho de 2020
A quinta edição do “CNseg Webinars” abordou, na manhã de 10 de junho, os impactos da pandemia do novo coronavírus nos mercados de seguro do Paraná (PR), Mato Grosso do Sul (MS), Rio de Janeiro (RJ), Espírito Santo (ES), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). O evento reuniu o Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg e Diretor-Presidente da Fenaseg, Marcio Coriolano, com os Presidentes dos Sindicatos de Seguradoras (Sindseg) do PR/MS, Altevir Dias – Superintendente Executivo Regional do Sul da Bradesco Seguros; do RJ/ES, Antonio Carlos Costa – Diretor Regional da HDI Seguros; do RS, Guilherme Bini – Diretor Territorial Rio Grande do Sul da Mapfre e, de SC, Waldecyr Schilling – Diretor Comercial Regional Sul da Zurich Seguros.
Marcio Coriolano iniciou os debates apresentando números do setor referentes ao primeiro quadrimestre do ano, divulgados recentemente pela Susep, que, segundo o Presidente da CNseg, apontam para “um segundo semestre muito difícil”. Coriolano informou que a queda na arrecadação de abril deste ano, na comparação com o mês anterior, foi de 21% e, na comparação com abril de 2019, de 26%. Entretanto, apesar dos números, o Presidente da Confederação acredita que esse momento de pandemia deverá gerar na população sentimento muito forte de prevenção contra riscos, contribuindo para uma retomada do setor no futuro.
Seguradoras ampliam a oferta de descontos e parcelamentos para conter a queda na arrecadação
Antonio Carlos Costa, do Sindseg RJ/ES, iniciou sua participação lembrando a situação em que o estado do Rio já se encontrava antes da pandemia, “recuperando-se de uma longa crise”, diferentemente do Espírito Santo que, segundo ele, “devido ao equilíbrio de suas contas, tinha uma expectativa de crescimento acima da média nacional para 2020”. Porém, destacou que ambos os estados tiveram, em abril último, queda na arrecadação na faixa dos 20%, em relação a março do mesmo ano, tendo sido a carteira de automóveis uma das mais atingidas. Antonio Costa informou, ainda, que, no período, as seguradoras atuantes no RJ e no ES focaram mais na renovação de contratos do que em contratos novos, e que muitas optaram por ampliar a oferta de descontos e parcelamentos.
Como reflexos permanentes da pandemia no setor, Antonio Carlos afirmou estar notando a aceleração da digitalização de processos e canais. E prevê um aumento da demanda por seguros de crédito, viagem, D&O, garantia judicial, cibernético e “no show”. O Presidente do Sindseg RJ/ES alertou, ainda, para a necessidade de simplificação dos produtos e da comunicação, visto que, frente a incertezas, os consumidores desejarão entender cada vez melhor as coberturas que estão adquirindo.
Setor segurador não acompanha, necessariamente, as ondas de queda na economia
Abordando a situação nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, Altevir Dias afirmou que a situação na região é bem menos dramática que em outros estados. Segundo o Presidente do Sindseg PR/MS, o Mato Grosso do Sul registrou, até aquele momento, 22 mortes pela Covid-19, e o Paraná, 243.
Essa realidade, segundo Altevir, somada à forte vocação da região para o agronegócio, contribuiu para que não fosse observada uma queda tão acentuada na arrecadação do setor, como a ocorrida em outras regiões do país. E destacou: “O ‘show’ de tecnologia apresentado pelas seguradoras possibilitou a entrega de um atendimento ainda mais eficiente, por meio dos canais digitais, para corretores e clientes”. Sobre os impactos econômicos de longo prazo da pandemia no setor, Dias afirmou: “Historicamente, o mercado de seguros não acompanha necessariamente as ondas de queda dos demais, como o observado nas últimas três grandes recessões.”
Profissionais precisam se preparar para atender consumidores mais informados, exigentes e conectados
O estado de Santa Catarina, representado por Waldecyr Schilling, não apresentou queda nas receitas no primeiro trimestre de 2020. Waldecyr informou que o seguro de responsabilidade civil registrou, nesse período, crescimento de 56,6% – em relação ao mesmo período do ano passado- , e o de garantia estendida, 44%, “apesar de se prever uma queda a partir de abril, mas menor que a de outros estados”. Como tendências, o Presidente do Sindseg SC aponta para o crescimento do seguro rural, “por força do agronegócio na região”; dos seguros cibernéticos, “uma vez que o Brasil é um dos principais alvos de ataques de hackers”, e dos seguros de automóvel, “com a cobertura intermitente”. Entretanto, alertou que os profissionais do seguro precisam se preparar para melhor atender e agregar mais valor ao consumidor, “cada vez mais informado, exigente e conectado”.
Pandemia ajudou a demonstrar a importância do setor segurador para a sociedade e a economia
Segundo Guilherme Bini, Presidente do Sindseg RS, o mercado segurador vai continuar crescendo devido à sua importância para a sociedade e para a economia. Segundo Bini, essa situação pôde ser bem demonstrada com a atual crise sanitária, devido ao pagamento das indenizações e, também, pela contribuição das seguradoas na instalação de leitos, doação de equipamentos e incentivo a pesquisas. No entanto, alertou: “A retomada não será fácil, sendo importante utilizar todo o conhecimento adquirido nesse momento de pandemia para melhor adaptar os produtos de seguro e os canais de atendimento às necessidades dos consumidores. “Nosso cliente é hibrido em termos de hábitos de consumo; alguns preferem os canais digitais e outros, não”, afirmou.
Ativismos legislativo e judicial preocupam e podem levar ao abalo dos fundamentos do seguro
Lembrando que a Confederação Nacional das Seguradoras tem como uma de suas principais funções a interlocução do setor junto aos poderes constituídos, Marcio Coriolano alertou para outros desafios enfrentados nesse momento de pandemia, que são “a exacerbação dos ativismos judicial e legislativo”, com a existência de centenas de projetos de lei que pretendem ampliar as coberturas e responsabilidades do setor segurador. Coriolano enfatizou que o setor é extremamente técnico e tais decisões podem abalar os fundamentos do seguro, comprometendo a sua sobrevivência e, consequentemente, a proteção dos segurados. Entretanto, afirmou, além do forte trabalho da CNseg de explicar esses fundamentos aos poderes constituídos, há uma forte confiança no órgão regulador, “que está atento a essas questões”.
Ao finalizar o evento, o Presidente da CNseg enfatizou: “A dificuldade será ultrapassada e o momento é de união para se alcançar o mesmo propósito”.