N.F. Revista Apólice
Atualmente, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou 11,39% nos últimos 12 meses. Segundo um levantamento feito em maio pelo IPSA (Índice de Preços do Seguro Automóvel), os valores dos seguros para veículos, por exemplo, seguiram o cenário inflacionário e encareceram cerca de 28%, nos sete meses que antecedem a pesquisa. A persistência da inflação acima da meta cria um desafio histórico de política monetária, especialmente para as economias em desenvolvimento.
Em busca de atenuar o efeito da alta na inflação e nos juros, as empresas do mercado de seguros podem alocar recursos para ter mais controle dos custos de sinistros, administrativos, distribuição e outros. Em momentos de inflação elevada, em especial o cenário atual que apresenta uma forte alta nas principais economias do globo, o controle de custos é uma alternativa para se proteger o negócio.
“A inflação está na mente de todos os consumidores não somente do Brasil mas em todo o mundo. Da mesma forma, líderes de empresas de todos os setores buscam formas de planejar dentro de um cenário inflacionário”, explica Alberto Vargas, especialista pós-graduado em administração de empresas pela Universidade de Warwick na Inglaterra.
Dentre os motivos para o aumento de preços no setor, estão a falta de peças de veículos ocasionada pela pandemia, a alta na procura de carros seminovos ou usados, que encareceu os veículos e gerou atualizações na Tabela Fipe.
Baseando-se no contexto atual, Vargas destaca algumas estratégias que podem proteger as empresas da alta na inflação: “Estratégias que serão úteis independentemente de como a inflação evolua é criar maneiras de reduzir custos e reduzir interrupções nas operações, dado que as taxas de juros estão em subida para tentar diminuir a inflação, reequilibrar os portfólios de investimentos e manter o custo de capital pode evitar custos de financiamento mais altos”, comenta.
Qual a perspectiva para o futuro do setor de seguros?
Da forma que a inflação vem se comportando, o setor de seguros no Brasil pode tomar algumas precauções para manter o crescimento que tem vivenciado, especialmente porque a alta nos preços afeta o poder de compra do consumidor. Dentro disso, o especialista elenca alguns cuidados que podem ser observados pelas seguradoras:
– Investir em digitalização e automação de processos com objetivo de reduzir custos e criar uma melhor experiência para o cliente;
– Construir uma cadeia de suprimentos diversificada e resiliente ajudará a minimizar interrupções futuras nela. No entanto, o custo de construir resiliência na cadeia de suprimentos deve ser consistente com o risco para as operações;
– Investir em sistemas como recursos de treinamento, pipelines de talentos e avaliar opções de outsourcing;
– Desenvolver a capacidade interna de monitorar como os fatores econômicos externos e os KPIs (indicador-chave de desempenho) internos estão evoluindo, permitindo que as empresas tomem medidas para lidar com as mudanças no ambiente inflacionário.
Parte do crescimento no setor pode estar acontecendo em decorrência da pandemia. De acordo com dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), o mercado de seguros cresceu 19,6% no 1º semestre de 2022, com um faturamento de R$80 bilhões. Nesse contexto, é preciso manter o desenvolvimento conquistado pelo setor.
“Operar no ambiente incerto de hoje significa que os líderes das empresas devem pensar sobre o desempenho em termos muito mais amplos e ágeis, com todo o ciclo de negócios em mente”, explica Vargas.
Portanto, o especialista acredita que o recuo da pandemia, acompanhado pelo avanço da campanha de vacinação, levará a uma recuperação da demanda dos consumidores. Mas, será preciso que as organizações pensem no valor que os clientes irão enxergar e nas mudanças de comportamento que a Covid-19 ocasionou.