Por Cobertura – Publicado em 19 mar 2020, 12h14

Por Tany Souza – Philippe Donnet

Coronavírus – COVID-19 – se instaurou no Brasil e com muita força. Tanto que mudou o dia a dia de todos os cidadãos e, claro, do mercado de seguros também. A primeira medida foi cancelar todos os eventos já agendados assim como fez a Fenacor com o 4º CONSEGNE, 19 e 20 de março de 2020, em João Pessoa-PB; a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber) com o 9º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, que ocorreria 15 e 16 de abril, na cidade do Rio de Janeiro; o Clube Internacional de Seguros de Transportes (CIST) que suspendeu temporariamente seu próximo workshop, agendado para o dia 19 de março, em São Paulo; e o Clube dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (CCS-RJ) e a Educa Seguros que adiaram o CCS-RJ CONNECTION, do dia 31 de março. Mas esse foi somente o começo.

As pandemias geraram prejuízos bilionários no mundo nos últimos anos. E agora, diante do Coronavírus COVID-19, causador de infecções respiratórias, as empresas devem revisar, testar e atualizar os seus planos de continuidade de negócios e gestão de crises para evitar e minimizar perdas financeiras. Segundo levantamento global da consultoria de riscos Marsh, as pandemias causaram perdas econômicas de US$ 197,7 bilhões no mundo, de 2001 a 2016.

No Brasil, a epidemia Zika Vírus, em 2015, provocada pelo mosquito Aedes Aegypt, gerou um impacto financeiro negativo de US$ 16 bilhões na atividade econômica local. Parte do prejuízo também decorre da improdutividade nas companhias. Cada colaborador com sintomas do Zika Vírus teve que se ausentar em média cinco dias do trabalho. Segundo relatório da consultoria de risco Marsh, os impactos econômicos potenciais podem se agravar porque é maior a dependência das empresas em tecnologia, viagens e cadeias de suprimento, por exemplo.

De acordo com Flavio Castro, superintendente da Marsh Risk Consulting, divisão de consultoria de riscos da empresa da Marsh, perda da força de trabalho, interrupções operacionais como atrasos nas redes de transporte e cadeias de suprimentos de produtos e serviços, baixa demanda dos clientes e danos à reputação se a resposta a um surto é vista como ineficaz, são alguns exemplos de impactos nos negócios. “Neste momento é imprescindível que as empresas façam uma revisão, testem e atualizem os planos de gerenciamento de crises e riscos adversos (seguráveis e não seguráveis) para garantir a resiliência da empresa e a continuidade dos negócios”, afirma.

O impacto no mercado de seguros

Para Luiz Claudio Gênova, diretor de operações da Sancor Seguros, é certo que atividade econômica está sendo afetada. “Empresas desacelerando produção, eventos sendo cancelados, ou seja, a menor atividade econômica deverá ter impacto no faturamento do setor de seguros, porém, ainda não é possível mensurar. Certamente no seguro viagem, vida e saúde os impactos já começarão a aparecer, nos outros ramos, será diretamente proporcional à redução da atividade econômica. Tempos de resiliência”.

Rafael Leonel

O gerente nacional seguros de pessoas, Rafael Leonel, acredita que o principal impacto no mercado de seguros é a queda considerável na comercialização de seguros viagem, e em contrapartida um aumento na procura por seguros saúde. “Tendo em vista, a falta de capacidade que o SUS teria para atender toda demanda referente ao COVID-19. A chegada do vírus trouxe também, por parte dos segurados, dúvidas sobre as coberturas securitárias em todos os ramos”.

Com a decretação de Pandemia por órgão mundialmente competente, a cobertura securitária fica excluída nos casos de seguros de vida e seguros viagem, conforme condições gerais aprovadas junto a Susep, lembra Rafael Leonel. “A partir de agora os casos de óbito relativos ao COVID-19 não irão causar alto impacto na sinistralidade do mercado, porém, esta situação pode causar um desgaste na imagem do mercado segurador junto aos segurados em uma eventual negativa de sinistros, e por este motivo, estamos em discussão constante sobre o tema entre todas as seguradoras e resseguradoras para analisar o que pode ser feito neste caso. Tentando buscar o lado positivo de tudo isso, se é que podemos chamar de positivo, o medo gerado por este tipo de situação, aumenta a consciência pela necessidade de proteção pessoal da população”.

Seguindo a recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, a Unisincor (Universidade Corporativa Sincor) suspendeu os cursos presenciais por tempo indeterminado. No entanto, os alunos podem realizar os treinamentos online e contar com o acompanhamento acadêmico dos professores através do sistema de aprendizagem.

O diretor da Conhecer Seguros, Sidney Dias, destaca que a Unisincor está preocupada em preservar os alunos de maior exposição ao vírus e indica a educação a distância. “Estamos atentos ao que acontece em nosso Estado em relação ao coronavírus e somente retomaremos as atividades presenciais quando houver indicação dos órgãos competentes. No entanto, nossos alunos não precisam paralisar o aprendizado. Temos cursos online sobre os mais diversos temas, que garantem a especialização, sem comprometer a segurança”, destaca.

Desse modo, o curso presencial “Básico de Seguros de Transportes” e o semipresencial de “Direito Aplicado ao Seguro”, que estavam previstos para acontecer neste mês de março, terão as datas alteradas. “Seguiremos os protocolos de cuidado e prevenção recomendados pelas autoridades governamentais. Com serenidade e determinação, vamos juntos superar esse desafio e nos tornarmos ainda mais fortes”, conclui.

Para o presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, o efeito dessa pandemia pode ser positivo para o setor. “Porque o mercado de seguros se fará presente, independente de cláusulas que venham excluir pandemias, guerras, fenômenos da natureza, como a gente sabe, mas o mercado de seguros brasileiro acredito que terá dinamismo, inteligência e sensibilidade suficiente para se fazer presente e demostrar o quanto ele realmente caminha lado a lado com a sociedade como garantidor de perdas materiais e efetivas”.

Francisco Galiza, consultor de economia, expôs sua opinião sobre o reflexo do Coronavírus no mercado de seguros, durante a 53ª edição do programa Panorama do Seguro. “No ano passado, o mercado de seguros teve um crescimento de 6% a 7% acima da inflação, sem contar saúde. E na saúde suplementar, mesmo com os números ainda não divulgados, esse setor cresceu em torno de 9%. Em janeiro, tínhamos um mercado com os setores se recuperando, com crescimento do PIB de 2%. Entramos 2020, com animação maior do mercado, porém chega o coronavírus e o cenário se torna muito preocupante”.

Para ele, é um choque na economia. “As previsões de crescimento do país era 2% e agora é 1%, se for zero, certamente será pior que o ano passado. Se a previsão de crescimento para o mercado de seguros era de 2%, certamente não será melhor que o ano passado. Teremos uma retração, com taxa de crescimento melhor. Quem sabe acompanhamos a inflação, mas não conseguimos fazer essa previsão ainda, ainda é muito recente”.

Para Alexandre Camillo a principal consequência dessa pandemia é o ensinamento a toda a sociedade brasileira de o quanto nós temos que ter esse espírito preventivo, o quanto temos que entender que seguro realmente é o grande instrumento mitigador de perdas, e o quanto a gente tem que aumentar a densidade, a penetração de seguros na sociedade de uma forma geral. “Está aí um grande exemplo do quanto o microsseguro poderia atender à grande maioria da população num momento como este”.

De acordo com ele, o setor pode se recuperar justamente por esta mudança e entendimento da sociedade sobre a importância do seguro no dia a dia, na sua vida. “A sociedade brasileira, por vários motivos, dentre eles a falta de situações mais agressivas ou inesperadas, não foi exigida a desenvolver o hábito ou o sentido de ter seguro no seu dia a dia, aqui não há grandes catástrofes climáticas, diante disso os seguros têm uma grande oportunidade de desenvolvimento de uma disseminação cada vez maior do seguro junto à sociedade. E isso comprova mais uma vez a importância do corretor de seguros, ele é quem está próximo à sociedade, ao consumidor, e saberá atender prontamente e levar a mensagem de quanto a sociedade tem que estar próxima do produto seguro”.

Ações pontuais

O Quadro de Diretores Assicurazioni Generali aprovou a criação de um Fundo Internacional Extraordinário de até 100 milhões de euros dedicado à luta contra as emergências do COVID – 19. O fundo, o qual presta assistência prioritariamente à Itália, mas também está disponível aos outros países onde a Generali opera, oferecerá assistência imediata nesta crise em rápida evolução e tem o objetivo de apoiar os esforços da recuperação econômica nos países afetados. Os funcionários da Generali poderão doar para o fundo.

O presidente da Assicurazioni Generali, Gabriele Galateri di Genola, e o CEO do Grupo Generali, Philippe Donnet, comentaram: “Com esse fundo extraordinário, nós comprometemos uma pequena parte de nossos recursos para responder, imediatamente, à emergência do COVID – 19. A Generali quer ser a líder na comunidade internacional a encarar tanto a crise de saúde quanto a econômica. Todos nós temos que trabalhar juntos para lutar nesta batalha. Nós somos parte tanto da história italiana quanto da europeia e, de acordo com nossa herança, nós precisamos, e vamos, fazer tudo que pudermos para beneficiar o bem estar de todos.”

Pensando em minimizar o impacto da pandemia no mercado automotivo e segurador, a insurtech Planetun decidiu liberar gratuitamente seus aplicativos web que permitem a vistoria ou inspeção remota para as empresas que ainda não possuem esta tecnologia, durante 30 dias.

Com a solução da Planetun é possível que o usuário realize a vistoria ou inspeção do seu bem, automóvel ou residência, de forma remota, com poucos cliques no celular. O cliente recebe um link que dá acesso a um aplicativo web e, seguindo as instruções da ferramenta, envia as fotos necessárias para o processo diretamente para a avaliação da seguradora. Desta forma, elimina-se o deslocamento e contato físico, o que contribui para a não disseminação do vírus. “A tecnologia é uma grande aliada no dia a dia e em situações extremas pode ser ainda mais eficiente, contribuindo para ajudar as pessoas e a economia. Nesse momento é importante usarmos esses recursos a fim de diminuir o impacto causado por essa pandemia”, comenta Henrique Mazieiro, CEO da Planetun.

A Omint mantém à disposição dos clientes de planos de saúde sua rede credenciada de referência, com os melhores hospitais, laboratórios e profissionais do país. Além disso, oferece acesso aos serviços do Dr. Omint e Dr. Omint Digital, que consistem, respectivamente em orientações médicas por telefone e por videoconferência, para esclarecer dúvidas com médicos da rede credenciada.

“A Omint opera telemedicina com qualidade acadêmica graças à nossa parceria com a Faculdade de Medicina da USP. O Dr. Omint Digital é pioneiro entre as operadoras médicas do Brasil, colocando à disposição do cliente Omint, por meio de videoconferência, um médico da rede credenciada apto a prestar orientações médicas de forma simples e conveniente. Para ter acesso ao serviço, o cliente deverá entrar no aplicativo ou portal Minha Omint, e inserir as informações necessárias. Uma vez que elas são coletadas, um médico da rede credenciada Omint será acionado e prestará as devidas orientações”, explica Marcos Loreto, diretor Médico Técnico da Omint.

Na HDI Seguros, durante o período de alerta e contenção ao coronavírus (COVID-19), o atendimento seguirá normalmente a seus corretores e clientes graças a sua estrutura de atendimento digital. “Nosso atendimento digital para os serviços e sinistros passam a ser nossa opção principal de direcionamento das solicitações neste momento e já se encontra 100% operacional, testado e em pleno funcionamento. Os parceiros da HDI poderão contar, como de costume, com todo o nosso apoio e suporte, com a mesma rapidez, segurança e confiança de sempre”, reforça Murilo Riedel, presidente da HDI Seguros.

A Bradesco Saúde e a Mediservice criaram uma rede de apoio, por meio de sua rede de clínicas Meu Doutor Novamed, consultórios do programa Meu Doutor e clínicas referenciadas, disponibilizando aos seus beneficiários um atendimento exclusivo para casos suspeitos da doença.

Com isso, as clínicas Meu Doutor Novamed tiveram seu atendimento adaptado para esse período. As unidades Paulista (SP) e Botafogo (RJ) ampliaram o horário de funcionamento, das 7h às 19h, de domingo a domingo, sem a necessidade de agendamento prévio, aptos ao atendimento adulto e infantil. O objetivo é que o atendimento seja feito sem fila de espera e sem expor o paciente às aglomerações. O processo alcançará as demais, seja em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba ou Porto Alegre, caso seja necessário.

Todos os beneficiários da Bradesco Saúde e Mediservice terão acesso livre ao atendimento médico, seguindo os protocolos do Ministério da Saúde. Em casos de sintomas suspeitos, a equipe de enfermeiros e médicos da Novamed irá acompanhar os pacientes, remotamente, com orientação e direcionamento.

Além das clínicas Novamed, os beneficiários contam com a assistência de médicos nas especialidades de Clínica Médica e Pediatria do Programa Meu Doutor, aptos ao atendimento aos casos suspeitos. A relação dos profissionais conta com 53 médicos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador encontra-se disponibilizada no site exclusivo: bradescosaude.com.br/coronavirus.

Medidas internas das companhias

Com a epidemia global do Coronavírus, aumenta a preocupação com a saúde de seus funcionários alocados fora do Brasil. De acordo com o advogado Bruno Régis, do escritório Urbano Vitalino Advogados, os contratantes podem ser responsabilizados perante à Justiça do Trabalho caso seu funcionário esteja no exterior a trabalho e seja contaminado. “Se o funcionário já morava fora do país e foi recrutado lá, a responsabilidade é menor. Mas, se foi alocado por conta do trabalho, a empresa é responsável integral pela vida dele fora do Brasil”, afirma o especialista.

Na Sancor Seguros, até o momento, não houve nenhum um caso suspeito entre nossos colaboradores. “O reflexo principal foi no cancelamento de uma série de eventos que tínhamos agendado para o mês de março junto aos nossos corretores parceiros, em várias regiões, pela preocupação de preservar a saúde e bem estar de todos. Ainda como prevenção, a companhia tomou algumas medidas como a proibição de viagens e implementação de home offices, em primeiro momento para colaboradores que se encontram nos grupos de riscos divulgados, e posteriormente, para todos os colaboradores. Nós continuamos avaliando a evolução do vírus para ponderar novas medidas de segurança e prevenção”, comenta Rafael Leonel, gerente nacional seguros de pessoas.

A MAG Seguros tem um Plano de Continuidade de Negócios (PCN), para o qual são realizados testes regulares por forma a garantir o seu pleno funcionamento. Face à situação extraordinária que o país passa a seguradora decidiu acionar o seu PCN. A companhia reforça que está preparada caso precise que 100% de seus colaboradores trabalhem a partir de casa. As medidas visam zelar pela saúde dos colaboradores e atender aos apelos das autoridades para reduzir a aglomeração e circulação de pessoas.

Com isso, seguindo as orientações das autoridades de saúde, a MAG Seguros liberou colaboradores que já possuem acesso remoto para que realizem as suas atividades em home office. Também já estão em casa os colaboradores classificados como grupo de risco, segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde. A companhia concedeu ainda férias para estagiários e recesso de 15 dias aos jovens aprendizes.

O PCN contempla, ainda, medidas para mais de 4 mil corretores parceiros. A MAG Seguros oferece toda a tecnologia que garante a comercialização de todo portfólio da empresa de forma 100% digital, remota e com a máxima segurança por meio da nossa ferramenta “Venda Digital”.

Deste modo, ações de reforço de treinamento e de apoio à utilização dessa e de outras ferramentas digitais de suporte à atividade dos corretores estão sendo implementadas ao longo desta semana. Uma equipe inteira de profissionais de diferentes áreas estará 100% focada neste apoio e suporte.

O objetivo da empresa é fazer com que o COVID-19 impacte o mínimo possível a geração de negócios dos corretores que trabalham com a MAG Seguros. A seguradora também seguirá com o processo de pagamento de comissão normalizado.

Da mesma forma, todos os canais de relacionamento com clientes e beneficiários seguem 100% ativos, garantindo o atendimento aos mais de 4 milhões de clientes da MAG Seguros em todo país.

A Fator Seguradora deu inicio a seu plano de contingência que inclui trabalho remoto com a maioria dos colaboradores, o que garante uma representação presencial mínima no escritório. “A Fator Seguradora sempre operou com um plano de contingência capas de permitir que 100% de nossos colaboradores tenham acesso remoto aos nossos sistemas”, afirmou Emerson Bueno, diretor comercial.

De acordo com ele, a telefonia da companhia é integrada aos laptops, permitindo acesso ininterrupto aos colaboradores. Além disso, a seguradora não alterou o horário de atendimento aos clientes, todas as reuniões podem ser feitas por ferramentas remotas. “Estamos funcionando plenamente e totalmente capacitados a atender as necessidades de nossos clientes e parceiros”.