Revista Apólice – Gabriel Rocha – 18 de outubro de 2019 12:410
EXCLUSIVO – O fim do ensino médio marca um período divisor de águas na carreira dos jovens. Para muitos, a concretização do sonho de se tornar um profissional de sucesso passa por fazer uma universidade e se formar. Mas, e quando o sonho vira pesadelo?
O Censo da Educação Superior, estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado em setembro de 2018 pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que 3,2 milhões de alunos ingressaram na universidade em 2017. Porém, apenas 1,2 milhão de estudantes concluiu o ensino superior.
O fenômeno conhecido como evasão universitária ocorre tanto nas instituições de âmbito privado quanto nas universidades públicas. Suas causas estão atreladas à escassez de recursos para manutenção dos estudos e a não identificação com o curso. No ensino superior privado, fatores como baixo desempenho no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) ou falta de identificação com as aulas e o cursos também influenciam na saída dos estudantes.
Entretanto, um dos fatores preponderantes para a evasão escolar é a falta de recursos para manter os pagamentos em dia. As escolas superiores buscam a parceria com seguradoras para que no ato da matrícula, com ciência do aluno, o seguro educacional esteja incluso.
O custo do produto em geral varia de 1,5% a 4% do valor da mensalidade, variando de acordo com o modelo da cobertura. André Serebrinic, diretor de Vida, Saúde, Previdência e Odonto da Mapfre, avalia que a união beneficia ambos os lados. “O cuidado demonstra que a instituição está preocupada em garantir a continuidade dos estudos e formação daqueles alunos, mesmo durante eventuais imprevistos”, relata.
Bernardo Castello, superintendente executivo.
Bernardo Castello, diretor de Vida e Previdência na Bradesco, analisa que o seguro pode ser uma solução para que o aluno não saia da universidade. “Certamente é uma opção, pois o produto irá cobrir o valor das mensalidades em caso de imprevistos ou situações emergenciais e assim evitar que o estudante abandone os estudos. Da mesma forma como o seguro prestamista funciona como uma proteção para o tomador de crédito e para a instituição financeira, o seguro educacional é a proteção para os pais, alunos e escolas com o objetivo final de garantir a continuidade da educação”, explica o executivo.
As apólices de seguro podem garantir o pagamento das mensalidades em 3 ou 6 meses, além de coberturas para risco de morte e invalidez.
Castello afirma que o produto precisa da presença dos corretores para a capilarização. “Para alcançarmos cada vez mais pessoas, é importante que os corretores de seguros cheguem até as instituições de ensino, que por sua vez precisam entender a relevância de oferecer essa opção para os pais e alunos. Situações emergenciais ou indesejadas podem acontecer e a melhor forma de se proteger é a prevenção”, analisa.
Dívida no Fies chega a R$ 11,2 bilhões
Elaborado no governo de Fernando Henrique Cardoso, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é um programa do Ministério da Educação (MEC) criado pelo governo federal e que se destina a parcelar a graduação. Em 20 anos de existência, o benefício auxiliou 3 milhões de estudantes, porém, possui um percentual de 47% de inadimplentes, totalizando déficit de R$ 11,2 bilhões.
O aumento no número de desempregados estimula os estudantes a buscarem alternativas para não interromper os estudos. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego subiu 42,4% nos últimos quatro anos. As universidades utilizam o seguro educacional como alternativa para prevenir o alto número de inadimplência. “Muitas universidades particulares, em convênio com seguradoras, oferecem planos coletivos como alternativa à redução do descumprimento da dívida. Várias instituições de ensino superior contratam um plano com abrangência para todos os alunos matriculados, incluindo o custo do seguro no valor das mensalidades”, explica a procuradoria da Unimontes – Universidade Estadual de Montes Claros.
O cenário de crise alimentou o crescimento do produto. Em 2018, a procura pela proteção registrou um aumento de 7,5% em comparação com o mesmo período de 2017, segundo dados apontados pela FenSeg.
Com potencial para crescer, Castello avalia que o benefício é essencial no cenário de crise e que ajuda na materialização do objetivo final, o diploma. “A educação é uma ferramenta de grande poder transformador na vida das pessoas e para a sociedade. Todo investimento que puder ser feito em prol da proteção desse recurso, com certeza é muito bem-vindo. O seguro educacional é apresentado justamente como uma possibilidade real dessa proteção”, finaliza.
Fotógrafo: Julio Bittencourt. Assistente: Luiz Michelini