No seguro empresarial é cada vez mais comum a repartição do risco entre diversas seguradoras para viabilizar a cobertura (cosseguro). Normalmente são situações de grandes empresas, com maquinário extremamente valioso, estoque de grande vulto, ou até mesmo algumas atividades específicas com maior exposição ao risco em que o valor de eventual indenização seria excessivo para apenas uma companhia seguradora.
Esse maior diálogo entre as companhias na análise de riscos e compartilhamento de uma apólice as vezes entre três, quatro, até cinco seguradoras vem crescendo em função da própria experiência com grandes indenizações, além das variações no mercado de resseguro. Essas foram algumas das conclusões da reunião da Comissão Interna de Seguros Especiais do Sindseg PR/MS, coordenada por André Elizio Giordani (Allianz) na última terça-feira (23/04).
“Houve uma consequência dos impactos das mudanças do mercado de resseguro. Com a quebra do monopólio do IRB, a entrada dos resseguros multinacionais passou por um momento em que, devido aos valores em risco, a quantidade de exposição ficou excessiva. Mesmo com uma cláusula de resseguro, a exposição da companhia com a perde severa é muito grande. Então o mercado encontrou essa alternativa de fazer uma distribuição dos riscos, cada uma com seu contrato de resseguro e com a sua capacidade, como forma de viabilizar esse prêmio que estava sem absorção do mercado, deixando grandes empresas sem cobertura”, disse Giordani.
Os membros da Comissão avaliaram que há uma superação de um modelo anterior do mercado de cosseguro em que as companhias atuavam em no máximo duas e faziam questão de liderar aquele contrato, com a perspectiva de que a cobertura seguisse a sua política. De acordo, Vânia Giacomelli (Chubb) atualmente a situação mudou. “Hoje tem acontecido muito de vir termos e condições de outras companhias e, dentro de casa, o subscritor avalia, diz que pode ceder em algum ponto, não naqueles termos, e já diz como aceita. Aí devolve e a líder se adapta, ou nossa empresa não entra”, disse Vânia, explicando que há uma flexibilidade maior, além de novos players.
Para que esse mercado de cosseguro não fique limitado a grandes corretoras, os membros da comissão avaliaram que os corretores interessados precisariam se especializar, mas admitiram que é necessário melhorar os canais de comunicação. De acordo com Josemar Brum Ballejo (Bradesco Seguros), nas cidades do interior ele acredita que dificilmente o corretor vai se especializar em um mercado tão específico, e na visão dele, é fundamental identificar essas oportunidades e já deixar um caminho traçado com as seguradoras parceiras que tem potencial, apetite e trabalham com cosseguro.
Neste contexto Josemar classificou como muito importante o papel do Sindseg PR/MS e de suas comissões. “Para esse tipo de seguro eu vejo que há uma demanda desatendida. O ressegurador voltou a atuar, estamos conseguindo voltar a fazer esses seguros, então precisa ter essa parceria, esse contato, esse relacionamento, essa transparência. É um caminho que precisa ser construído de dentro para fora, traçar esse relacionamento. Aqui a importância do Sindseg para isso, para que eu possa ter maior afinidade e relacionamento com as demais seguradoras para quando surjam nessas oportunidades poder fechar esses negócios”.
O diretor executivo do Sindseg PR/MS Ramiro Dias falou de uma experiência internacional que vivenciou no seguro empresarial, destacando que a expansão dessa modalidade no Brasil passa pela conscientização do empresariado brasileiro sobre a necessidade de cumprir as exigências das seguradoras.
Além do cosseguro, a última reunião da CISE discutiu também o mercado de equipamentos agrícolas e as consequências dos eventos climáticos nas diversas modalidades de seguro.
Cosseguro
A Lei Complementar nº 126/2007 define o cosseguro como: operação de seguro em que 2 (duas) ou mais sociedades seguradoras, com anuência do segurado, distribuem entre si, percentualmente, os riscos de determinada apólice, sem solidariedade entre elas.