Revista Cobertura – Por 29/11/2024 as 17:12
No dia 30 de novembro, Brasil e Argentina celebram o Dia da Amizade, um marco diplomático que simboliza o fortalecimento das relações entre os dois países. Instituída em 1985, durante a visita oficial do então presidente argentino Raúl Alfonsín ao Brasil, a data rememora a assinatura da Declaração de Iguaçu, um pacto que transformou uma rivalidade histórica em uma parceria estratégica.
Essa aliança tem raízes profundas e se reflete em diversas áreas. No cenário econômico, Brasil e Argentina consolidam suas posições como os maiores mercados do Mercosul, promovendo um robusto intercâmbio comercial. Produtos automotivos, agroindústria, tecnologia e energia são os pilares desse fluxo, que ultrapassa fronteiras e gera impacto significativo para ambas as economias.
Empresas Argentinas Ampliam Presença no Mercado Brasileiro
Além do comércio, empresas argentinas têm ampliado sua presença no mercado brasileiro, aproveitando o vasto potencial de consumo do país, cuja população é quatro vezes maior que a da Argentina.
Um exemplo notável é o Mercado Livre, uma das maiores plataformas de e-commerce da América Latina, que possui mais de 100 milhões de usuários ativos na região. Apesar de sua ampla popularidade no Brasil, poucos conhecem sua origem argentina.
Outra empresa em expansão é a SleepCalm, fabricante de colchões que ingressou no mercado brasileiro em 2019. Combinando expertise argentina em manufatura e design, a marca tem focado em oferecer produtos acessíveis e de alta qualidade no setor de móveis e colchões, atendendo à demanda crescente do consumidor brasileiro por conforto e durabilidade.
Fatores como a maior estabilidade econômica e o tamanho expressivo do mercado consumidor brasileiro incentivam a expansão dessas companhias. A demanda reprimida em setores estratégicos também cria oportunidades. Empresas argentinas bem-posicionadas utilizam a experiência adquirida em seu país de origem para atender às necessidades do mercado brasileiro.
Seguros: Uma Fronteira Promissora
Um exemplo desse atrativo é a chegada da Sancor Seguros ao Brasil, maior seguradora argentina e que desde 2013 opera no território brasileiro. Segundo o CEO da companhia, Edward Lange, a empresa encontrou no Brasil um maior potencial para crescimento não apenas pelo maior porte do mercado nacional, mas também tendo em vista a ainda baixa utilização de seguros em determinados segmentos, como o agronegócio.
“Hoje, apenas 20% da área cultivada no Brasil está segurada, enquanto na Argentina esse índice chega a 60%”, compara Lange. “A sinistralidade no Brasil, nos últimos cinco anos, foi de 100%, enquanto na Argentina foi de 58% no mesmo período. Isso reflete uma diferença estrutural importante e uma baixa cultura de proteção no Brasil.”
Além do agronegócio, a procura por seguros mais tradicionais também é limitada. Após a pandemia, apenas 17% da população brasileira possui seguro de vida, um número que Lange interpreta como reflexo de uma cultura em desenvolvimento no que diz respeito à proteção financeira.
Esse cenário é confirmado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), que lançou uma iniciativa ambiciosa: elevar a participação da indústria de seguros no PIB brasileiro de 6% para 10% até 2030, equiparando-se a países desenvolvidos.
Integração Econômica Além das Ideologias
Mesmo com as diferenças ideológicas que marcaram os governos recentes, a cooperação econômica entre Brasil e Argentina permanece sólida. O Brasil continua sendo um parceiro comercial estratégico para a Argentina.
Em agosto de 2023, os dois países firmaram um acordo de US$ 600 milhões para financiar exportações argentinas ao Brasil, demonstrando o compromisso com o fortalecimento das relações bilaterais.
“Mais empresas argentinas seguirão atravessando a fronteira rumo ao Brasil. O fortalecimento das relações comerciais cria oportunidades de investimento”, conclui o CEO da Sancor Seguros.
