Cobertura Especial

Revista Cobertura – Por Carol Rodrigues – 16/05/2024 as 13:16

A fraude não tem fronteiras. Ocorre em todos os países, em todos os setores, em todos os níveis e é um preço pago por todos. “Sempre somos muito confrontados com fraudes”, ressalta Iván Ballon, gerente de Desenvolvimento da FRISS para América Latina e Península Ibérica.

“Quase 95% das pessoas no Brasil têm medo de ser vítimas das fraudes. Em outros países, esse medo é menor”, pontua Ballon, ao citar uma pesquisa realizada pela empresa SAS, que atua na área de inteligência artificial e análise de dados.

Parte dessa insegurança no Brasil está ligada ao boom de digitalização ocorrido durante o período da pandemia causada pela Covid-19.

“A fragilidade de sistemas e a falta de controle facilitam a ocorrência de fraude. A evolução digital trouxe novos tipos de fraude, como roubo de identidade, phishing e fraudes cibernéticas”, comenta Marcio Jordão, superintendente de Sinistros da Bradesco Seguros. “Hoje a percepção de fraude das pessoas está maior porque está no dia a dia das pessoas. Mas acontece há muito tempo. Temos que tratar o assunto e buscar informações para educar as pessoas porque traz prejuízos para a sociedade, que é quem paga a conta”, chama a atenção o superintendente de Sinistros da Bradesco.

No entanto, a tecnologia representa uma forma de combater a fraude, junto à regulamentação e a educação.

Uso da IA

“A inteligência artificial vem trabalhando a favor do nosso processo de sinistro para identificar pontos que quando era feito pelo próprio ser humano, acabava passando. Com a AI conseguimos reduzir a quantidade de análise que em um primeiro momento não autorizávamos. A tecnologia trouxe segurança, melhoria operacional e assertividade”, descreve Jordão.

Guilherme Perondi, vice-presidente Brasil e Latam da Swiss Re Corporate Solutions, fala sobre o uso da IA no combate à fraude, e lembra o quanto o ecossistema de seguros é complexo. “Do segurado ao ressegurador e o retrocessionário há muito tipo de empresa operando”, comenta Guilherme Perondi, vice-presidente Brasil e Latam da Swiss Re Corporate Solutions.

“Quando você pega a inteligência artificial para fazer a análise de grandes bases de dados, se reduz muito o ruído e incrementa os insights que são úteis para a companhia”, acrescenta.

Na visão de Joel Oliveira, gestor e consultor de negócios, algo importante para o setor é acreditar na honestidade das pessoas e utilizar a tecnologia. “A tecnologia inibe substancialmente as possibilidades de fraude. Com a tecnologia, podemos lembrar o cliente de que ele é honesto, quando ele estiver caindo em tentação. Caminhamos para ter AI em toda a jornada do cliente, da subscrição à renovação. Identificar melhores oportunidades para vender para o bom cliente e evitar a venda ao mal cliente”.

Democratização das informações

Marcelo Baccarini, especialista em gestão e combate de fraudes, destaca o uso de big data e do machine learning para estabelecer tendências fraudulentas.

“Uma revolução que teríamos é o cruzamento de dados os relatórios de investigação e periciais. Dentro de um relatório há outras informações que podem ser cruzadas para criar um mapa. A fraude se pega no detalhe, então temos que usar todas as informações”, diz Baccarini.

Para o especialista, a internet das coisas, a internet das pessoas, tecnologias e educação digital têm um importante papel para combater fraudes. “Devemos democratizar as informações, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), na medida do possível para que tenhamos um resultado melhor no combate à fraude”.

João Marcelo dos Santos, sócio-fundador do escritório Santos & Bevilacqua, aponta que a tecnologia tende a ser intensiva no seguro, desde a fase pré-contratual chegando ao sinistro. “A fraude na subscrição, assim como a fraude no sinistro, serão cada vez maiores. Por isso, temos que usar a tecnologia para reduzir essas oportunidades desde a subscrição chegando ao sinistro”.

Iniciativa da FRISS

Colocar o tema fraude na mesa para ser discutido foi o propósito da insurtech holandesa FRISS, que já atua no Brasil há cerca de quatro anos, com o evento “Fraudes: uma preocupação para a sociedade”, organizado pela Freela, uma join-venture entre a Revista Cobertura e a Revista Apólice. “Nós somos responsáveis por educar e dar instruções de que a fraude é algo errado e as consequências são piores”.

Sobre a atuação da FRISS, ele diz que a insurtech possui muitos aprendizados de outros países latino-americanos e europeus. “Fraude sempre é fraude. Conhecemos mais e cada vez mais estamos tendo resultados positivos para o mercado brasileiro. É importante ressaltar que não somos os únicos fornecedores de tecnologia, o que é saudável. Procuramos ajudar o setor segurador brasileiro, baseado não unicamente em tecnologia, mas também em conhecimento e criando parcerias”.